O Brasil namorou firme com a derrota em Caracas. Jogou mal o bastante para errar passes e lançamentos inacreditáveis e ainda deu azar. Quando dois jogadores responsáveis pela marcação escorregam ao mesmo tempo e deixam o adversário livre para abrir o placar, parece até que o destino está escrito. Seria o primeiro revés nas Eliminatórias e um resultado histórico para os venezuelanos, que nunca venceram um jogo oficial contra os pentacampeões do mundo.
Mas o Brasil foi como um noivo que desistiu do casamento certo no altar. Virou o jogo no segundo tempo e manteve os 100% de aproveitamento nas Eliminatórias para a Copa do Qatar. A vitória por 3 a 1 sobre a Venezuela só não muda o fato de que o desempenho segue muito abaixo do que se espera de um trabalho como o de Tite, há cinco anos no cargo e com bons momentos no passado para lembrar.
A vantagem para a Argentina, segunda colocada, aumentou para oito pontos. A classificação para o próximo Mundial é questão de tempo. O que não aparece muito claro no horizonte é a evolução do futebol da equipe. Com exceção de Neymar e Casemiro, foi o que há de melhor na cabeça de Tite que entrou em campo em Caracas. São dois desfalques consideráveis, mas que não justificam atuação tão apagada.
A virada aconteceu porque Tite ao menos teve leitura do jogo. Escalou no segundo tempo dois jogadores abertos. Raphinha e Vinícius Júnior não fizeram gols, mas foram muito importantes para o resultado. Deram velocidade à transição para o ataque e melhoraram um pouco o desempenho da equipe no um contra um. Quando o coletivo está tão ruim como agora, é o drible certo que remedia.
Os gols da virada saíram em dois lances de bola parada. Antes, no primeiro tempo, Ramírez aproveitou o escorregão duplo para deixar a Venezuela em vantagem. Soteldo cruzou na medida, foi um dos melhores jogadores em campo.
O Brasil reagiu inicialmente com Marquinhos, que cabeceou com precisão o cruzamento do escanteio. Mais tarde na segunda etapa, Gabigol cobrou bem o pênalti que ele mesmo sofreu, em uma jogada de contra-ataque bem executada.
Antony, já nos acréscimos, aproveitou o rebote e fechou o placar, deu contornos de boa atuação a uma noite preocupante. Não quanto ao presente da seleção, mas sim o futuro.
Fonte: O Globo