Os melhores momentos do Flamengo na vitória sobre o Barcelona, que confirmou a classificação à final da Libertadores, fizeram cair por terra a ideia de que o time comandado por Renato Gaúcho só vence por conta de suas individualidades. O segundo gol de Bruno Henrique nasceu de uma jogada toda trabalhada desde a defesa, em que os 11 jogadores rubro-negros tocam na bola, antes de Gabi acionar Everton Ribeiro e este dar a assistência para o camisa 27.

Libertadores: por que vai ser difícil e muito caro o brasileiro viajar para Montevidéu para a final?

Nesses e em outros momentos a equipe conseguiu controlar o jogo, trabalhar a bola de forma estratégica e coletiva, tendo como requisito principal atrair o adversário e acelerar no momento certo, contra uma defesa mais adiantada. No fim, a conclusão das jogadas passa pelo talento de um time incrível, que só conseguiu jogar junto por poucos minutos.

Depois que David Luiz sentiu a coxa esquerda, no começo da partida, o Flamengo sofreu muito. Não apenas por não conseguir conter o ímpeto do Barcelona dentro da área, mas também pela falta de combatividade no meio e no ataque. Embora avassalador e letal quando rouba a bola do adversário, este Flamengo não pressiona tanto, nem tem tanta intensidade como o de 2019. Escolhe momentos para jogar assim.

Libertadores:Gol do Palmeiras deveria ser anulado por invasão de Deyverson contra o Atlético-MG? Entenda a regra

E nos momentos em que escolhe recolher suas linhas, tem tido dificuldades. Disfarçadas na semifinal da Libertadores por grande atuação do goleiro Diego Alves. E na segunda partida, no Equador, muito pela participação de Filipe Luís, que voltou com papel defensivo impecável e ainda colaborou na construção e na posse de bola.

Adversário da decisão

Diante do Palmeiras, em jogo único, sem vantagem, a forma como o Flamengo vai encarar o adversário dependerá do fato de sair ou não na frente do placar. Com ele zerado, o Palmeiras tende a exibir estratégia similar a que fez com o Atlético-MG: esperar o Flamengo, e não lhe dar espaço. Sem ele, o time de Renato Gaúcho tem tido problemas.

Finalista: Flamengo atinge a maior sequência invicta da história da Libertadores

A saída de bola com Arão parece uma boa isca para que o Palmeiras saia e deixe sua linha de defesa adiantada. Mas ela precisa ser executava de uma forma mais precisa. O time paulista tem atletas de mais qualidade que o Barcelona e não deve pecar tanto em finalizações se tiver a oportunidade.

No duelo de meio-campo, as semifinais também provaram que o Palmeiras tem peças capazes de fazerem frente às projeções de Everton Ribeiro e Arrascaeta. A favor do Flamengo estará uma noite da dupla em alto nível ao mesmo tempo. No Equador, Ribeiro foi o protagonista da criação. O uruguaio voltou de lesão lento e sem precisão nas ações.

Outro que destoou um pouco do que pode produzir foi Gabigol. Grande herói da final de 2019, o atacante também não apareceu ao longo do jogo com o River. E tem participado mais como coadjuvante do que como personagem principal nos últimos jogos da Libertadores. Nas poucas chances que teve, faltou-lhe calma e precisão também.

Flamengo x Palmeiras: Brasil garante 21º título de Libertadores e dominará final pela 4ª vez; veja lista

Na fase defensiva, a pouca combatividade de alguns jogadores obrigou Ribeiro a se desdobrar para auxilar Isla, no ponto mais frágil do Flamengo. O lateral chileno atacou muito pouco, pois precisou guardar posição. Ainda assim, o Barcelona conseguiu achar espaços entre o lado do campo e as costas da defesa. Gustavo Henrique, que jogou por aquele lado e fez Rodrigo Caio ir para a esquerda, não deu a mesma segurança esperada com David Luiz. Com dois meses pela frente, a volta do reforço defensivo é uma certeza que o Flamengo terá mais armas contra um Palmeiras igualmente letal.