Uma das principais qualidades da história do Palmeiras é o fato de saber sobreviver diante das maiores adversidades. Foi assim em 1999, em 2020 e mais de uma vez na atual edição de Libertadores. Quando o sonho de ir à final pareceu apagar, brilharam as estrelas do técnico Abel Ferreira e do ídolo Dudu, herói do empate em 1 a 1 diante do Atlético-MG, suficiente para classificar à decisão. O atacante de 1,66 m se tornou gigante para deixar o Palestra à um passo do tri da América.
Atual campeão, o Palmeiras buscará o terceiro título de Libertadores para coroar uma temporada que tem tudo para se tornar inesquecível. A decisão será no dia 27 de novembro, em Montevidéu, no Uruguai, e o alviverde aguarda o vencedor de Flamengo e Barcelona de Guayaquil, que se enfrentam hoje, no Equador.
Chega a ser injusto com Dudu, o principal nome da reformulação financeira e esportiva do Palmeiras, ter estado tão longe quando o clube conquistou seu maior título recente. Estava no Qatar quando a taça da Libertadores foi erguida no Maracanã. Ao retornar, não escondeu de ninguém que queria tomar para si o troféu que faltava. Não podia ser diferente: diante tantos candidatos a herói, a proeza tinha que vir do principal ídolo.
A classificação do Palmeiras também tem dedo do criticado técnico Abel Ferreira, que faz por merecer um período de paz com a torcida alviverde. É impossível dissociar a palavra estratégia desta vaga à final. Foi criticado de cabo a rabo por torcedores por escolher se defender no Allianz Parque e não construir vantagem como mandante. Novamente contestado após ser derrotado no clássico diante do Corinthians, onde chegou a ter a sua demissão especulada.
Mais ainda quando optou por uma escalação com três zagueiros e dois volantes de marcação para conter o poderio ofensivo Atlético-MG, que se desenhou como favorito à vaga. Mas Abel tinha um plano e foi premiado por segui-lo fielmente até o apito final.
O português, que agora é o primeiro treinador europeu na história da Libertadores a ser finalista em duas edições seguidas do torneio, manteve a calma mesmo quando o Atlético-MG abriu o placar com Eduardo Vargas. “Calma, tenham cabeça e atenção”, foi a mensagem captada pelos microfones presentes no Mineirão. Não foi uma orientação, mas uma regra a ser seguida.
Abel brilhou também na escolha por Gabriel Verón, autor da assistência para o tento de Dudu. Brilhou ao encontrar um antídoto para conter Hulk, Nacho Fernández e companhia, algo que quase nenhum time do Brasil conseguiu até o momento. Brilhou ao mostrar a todos que apesar do Atlético-MG ter a vantagem de decidir em casa e ter a torcida a favor, estava o atual campeão da América do outro lado.
Classificado, o Palmeiras defende o recorde de invencibilidade de um clube brasileiro como visitante na história da Libertadores ? agora são 15 jogos sem perder fora de casa. A última foi na fase de grupos da edição de 2019, para o San Lorenzo, na Argentina. O tabu não seria quebrado em momento tão decisivo. Basta manter a escrita em Montevidéu para ser campeão.
Pela classificação, o Palmeiras garante R$ 32 milhões em premiação da Conmebol. Mas hoje a satisfação não é monetária. Após tantos machucados, é preciso comemorar. O Palmeiras está a um passo de ser tricampeão da Libertadores.
Fonte: O Globo