Já passava dos 50 minutos do segundo tempo quando Rony, quase da intermediária direita, arriscou um cruzamento longo para a área. A bola encontrou a cabeça de Breno Lopes, que se tornaria o herói improvável do título da Libertadores do Palmeiras sobre o Santos no fim de janeiro, no Maracanã. No comando do adversário estava Cuca, agora no Atlético-MG, que ressente até hoje os erros que adiaram seu sonho de ser bicampeão da América. Hoje, às 21h30, no Mineirão, ambos terão a chance de reescrever a história: o herói que virou talismã reencontra o técnico que busca redenção.

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Palmeiras e Atlético-MG empataram em 0 a 0 no jogo de ida, no Allianz Parque, e deixaram a semifinal em aberto. Quem vencer, vai à decisão. Um empate com gols classifica os paulistas. Se o placar não sair do zero, a disputa será nos pênaltis.

Desde aquela final no Maracanã, Cuca e Breno Lopes seguiram caminhos opostos. O atacante não se firmou como titular, mas segue como uma opção, quase um talismã, do português Abel Ferreira no Palmeiras. Já o treinador trocou Santos por Belo Horizonte para montar aquela que é apontada por muitos como a melhor equipe do Brasil atualmente.

Entalado na garganta

O Palmeiras é uma espinha que não sai da garganta de Cuca. A pessoas próximas, ele admite que a desatenção nos minutos finais custou o título no Maracanã. Uma desatenção que teve a participação do treinador, que se enrolou com Marcos Rocha na linha lateral e acabou expulso. Bateu boca, pulou a mureta e foi assistir aos minutos finais na arquibancada ? contrariando a ordem de ir para o vestiário. De lá, viu Breno Lopes virar herói.

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A cicatriz do vice-campeonato virou motivação e estratégia. A busca por não repetir o erro já foi vista no Allianz Parque, onde ajustou a sua marcação para não cair nas armadilhas de Abel Ferreira. Ao mesmo tempo que diminuiu o poder de fogo do Atlético-MG, pouco sofreu defensivamente. Agora, no Mineirão, onde tem apenas uma derrota em toda a temporada, a tendência é soltar mais a equipe, já que precisa vencer.

? Funciona você ter equilíbrio em todos os sentidos. É jogar uma partida sem se pressionar. Nós tomamos um gol jogando em casa durante a Libertadores, do América (de Cali). Cada jogo é uma história. Vamos ver na terça-feira (hoje) o que está guardado ? avaliou Cuca.

Desde a derrota naquela final, Cuca não parou de crescer. Foi campeão mineiro, está na semifinal da Copa do Brasil, a um passo da decisão da Libertadores e é líder isolado do Campeonato Brasileiro. Com o nome já escrito na história do Galo, tem a chance de aumentar a sua idolatria.

Para hoje, aguarda a liberação de Savarino, Keno e Diego Costa ? este com poucas chances de ser utilizado. O trio se recupera de problemas musculares e o Atlético-MG fará mistério até o momento de soltar a lista dos jogadores relacionados.

No Palmeiras, Breno Lopes quer estar iluminado diante de Cuca novamente. No documentário “A Glória Eterna, Alma e Coração?, que conta a história do título alviverde, o atacante, que havia completado 25 anos seis dias antes da histórica final, relembrou o momento em que entrou em campo:

? Quando ele me chamou, eu estava muito distante. O auxiliar dele veio correndo (dizendo) “é Breno, é Breno?. Quando eu chego no Abel, ele fala “hoje vai ser seu segundo gol com a camisa do Palmeiras? ? contou.

No mesmo documentário, o técnico Abel Ferreira relembra a opção pelo jogador na final:

? Todos pediam: Bota o Willian, bota o Willian! E eu lá na minha cabeça que era o Breno que tinha que entrar. Eu queria um ponta direita, e o Willian não é. É um “falso? centroavante. Breno é um ponta.

A história foi feita e Breno entrou para sempre na recordação dos torcedores alviverdes. Mas a concorrência no Allianz Parque não facilitou nem um pouco a situação do jovem mineiro. Atualmente, Breno briga pelas vagas no ataque com os titulares Rony e Wesley. Costuma ser opção junto a Luiz Adriano e o próprio Willian.

Palmeiras completo

No início da temporada, ele ganhou algumas oportunidades como titular, mas sofreu com um lesão no joelho direito em abril.

Os números gerais são bons. Em 23 partidas disputadas (12 como titular), ele tem seis gols marcados. No Brasileirão, a média é de um gol marcado a cada 109 minutos em campo. Na Libertadores, teve um pouco menos de oportunidades e atuou por apenas 131 minutos até o momento. Um personagem que representa o alto nível de competitividade presente nos elencos dos semifinalistas na competição.

Sem desfalques ou suspensos, Abel Ferreira pode escalar força máxima hoje, mas ainda esconde o time.

Com mistérios de lado a lado, a única certeza é que é o Mineirão deve receber 90 minutos eletrizantes para definir o primeiro finalista da Libertadores de 2021.