Dançar até o chão no Carnaval de Salvador não seria recomendado a Neymar, que fraturou o quinto metatarso do pé direito ? o osso da base do dedinho do pé ? em dia 23 de janeiro. A menos que a fratura já esteja consolidada e o jogador estivesse usando uma proteção.
O atacante do Paris Saint- Germain causou controvérsia nas redes sociais ao ser filmado num camarote na capital baiana na noite de sexta-feira e dançando até o chão ao som de “Abaixa que é tiro”, do Parangolé. Ele havia deixado as muletas há três dias e está no Brasil para tratamento de sua contusão, com supervisão do PSG. A performance,porém, foi criticada mundo afora, já que o jogador ainda se recupera. Como resposta, Neymar postou neste domingo um vídeo no Instagram em “que vai até chão” na academia, num exercício com peso nos ombros.
? Mesmo com a lesão consolidada, eu não liberaria para este tipo de agachamento. Poderia ir ao camarote, rebolar, dançar, mexer geral, mas com botinha, para preservar o tornozelo. É que este tipo de movimento força não só o joelho, mas o tornozelo também ? diz Leonardo Metsavaht, especialista em traumatologia esportiva e diretor do Instituto Brasil de Tecnologias da Saúde.
Metsavaht explica que este tipo de fratura tem ligação com o tornozelo: geralmente, numa entorse, ocorre o estiramento dos ligamentos na região. Só que, para evitar a entorse, o tendão pode travar o pé e arrancar a base do osso.
? É preciso esperar o período de cicatrização óssea e de tecidos. Somente o raio-X é que vai o liberar para jogar. Uma vez liberado, vai para a folia também.
O ortopedista João Maurício Barreto, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, afirmou que Neymar não deveria estar tão à vontade nesta fase, por forçar uma região que ainda está consolidando uma fratura.
? Acho meio cedo para para dançar. Digamos que não é o ideal nem o esperado ? opinou o médico, que ressalta que não tem dados específicos da lesão. ? Acho que ele saiu da rotina. Não é o caso de ter sobrecarga num processo de cicatrização. Mas um jogador como ele não faria algo exagerado sem informar os médicos.
Ex-médico da seleção brasileira e do Flamengo, o ortopedista e cirurgião José Luiz Runco disse que dificilmente Neymar curtiria o Carnaval se não estivesse liberado pela equipe médica do PSG. Falou ainda que seis semanas, período aproximado entre a contusão e a folia, é um “período interessante” para a consolidação de uma fratura.
— É preciso ter cuidado para falar de casos em que não temos os detalhes à mão. Também é fácil criticar quem está no front. Acho que o Neymar não faria isso se não tivesse sido liberado pela sua equipe médica, que, aliás, aprovou a viagem do jogador ao Brasil. Ele já deve poder pisar no chão e deve estar usando proteção — falou Runco, que trabalhou 16 anos com futebol. — Só acredito nessa possibilidade. De ele ter sido liberado.
Neymar é esperado no PSG para as quartas de final da Liga dos Campeões, 9 ou 10 de abril, caso o PSG elimine o Manchester United na próxima quarta. O primeiro jogo foi 2 a 0 para o PSG, em Manchester.
Fonte: O Globo