Três títulos seguidos. Cinco das sete últimas taças do circuito mundial de surfe vieram para o Brasil. Impulsionado pela “brazilian storm?, o país se habituou a dominar as etapas e os rankings da World Surf League (WSL). A curto prazo, parece difícil vislumbrar uma mudança no cenário ? para alegria de brasileiros e preocupação de australianos, americanos e havaianos.

Com 27 anos, Gabriel Medina e Italo Ferreira ainda possuem uma longa carreira pela frente, assim como Filipe Toledo, de 26. Quando conquistou seu último título em 2013, o australiano Mick Fanning tinha 32 anos. Joel Parkinson, também da Austrália, foi campeão com 31 anos, em 2012. Isso sem falar em Kelly Slater, lenda do esporte, que foi campeão pela última vez com 39 anos, em 2011.

Gabriel Medina:‘Foi o ano em que me senti mais completo’

?Nossa geração é muito nova ainda, são “guris? demais. Os três estão em plena evolução e ainda têm muita lenha para queimar ? avalia o ex-surfista profissional Fábio Gouveia, que chegou a ser número 5 do mundo em 1992.

 

Diretor-executivo da Associação Brasileira de Surfe Profissional (Abrasp) de 2003 a 2012 e comentarista do programa especializado “Por Dentro do Tour?, no YouTube, Marcelo Andrade elogia a preocupação com a parte física demonstrada por Medina e Italo, dois surfistas que constantemente divulgam, nas redes sociais, imagens de seus treinos. Marcelo aponta ainda outro fator que pode ajudar a manter a supremacia verde-amarela no circuito:

? Austrália e EUA não fizeram seu dever de casa, não têm atletas para bater de frente com o surfe brasileiro. Acho que nos próximos dez anos ainda vamos estar dominando o surfe mundial.

No ranking desta temporada, os EUA tiveram apenas dois nomes entre os dez primeiros. A Austrália, bicho-papão do circuito, só um. Surfistas que tradicionalmente rivalizavam com os brasileiros têm futuro incerto na liga. O australiano Julian Wilson decidiu tirar um ano sabático. O sul-africano Jordy Smith passou por uma cirurgia no joelho esquerdo, enquanto o havaiano John John Florence, único surfista a quebrar o domínio brasileiro com seus dois títulos em 2016 e 2017, já sofreu duas lesões graves no joelho direito. Ele e Jordy sequer completaram a última temporada.

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Além do momento favorável ao trio Medina/Italo/Toledo na elite, o Brasil conta também com uma nova geração ? por coincidência, também um trio ? carregada de boas expectativas para os próximos anos.

? Eu falaria a geração do Samuel Pupo, do João Chumbinho, e do Mateus Herdy ? disse Gabriel Medina ao GLOBO quando perguntando quem são as novas promessas do país.

? Esses três moleques surfam demais, têm muito talento. Se conseguirem colocar isso em competição, eles têm grande potencial para o futuro. Acredito demais neles ? completou.

US Open na Califórnia

Os três surfistas, todos de 20 anos, carregam o esporte no sangue. Samuel é irmão de Miguel Pupo, competidor da elite. Mateus, que neste ano competiu como convidado na etapa mexicana da WSL e ficou em terceiro lugar, é sobrinho de Guilherme Herdy, ex-integrante do WCT nos anos 90. João é irmão de Lucas Chumbo, um dos maiores nomes de ondas grandes do país.

Eles estarão em ação a partir de amanhã, na Califórnia, no US Open, primeira etapa do Challenger Series, o novo circuito de acesso à elite mundial. Ao fim de uma temporada com quatro eventos, 12 homens e seis mulheres se classificação para o WCT de 2022.

. Foto: Arte O GLOBO
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