BRASÍLIA? O Ministério da Saúde negou pedido de excepcionalidade para que os atletas argentinos não fossem obrigados a cumprir quarentena no país e, com isso, entrar em campo no jogo do último domingo. A negativa foi dada pela pasta no próprio domingo. Em um ofício assinado eletronicamente às 15h09, pouco antes do início da partida, a pasta afirmou à Conmebol que manteria a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Em nota enviada ao GLOBO, no entanto, o Ministério da Saúde afirmou que a medida já havia sido comunicada antes à delegação argentina. Segundo a pasta, a Polícia Federal teria notificado o grupo na manhã do domingo. No domingo, fiscais da Anvisa interromperam partida entre Brasil e Argentina pelas eliminatórias da Copa do Mundo, para autuar quatro jogadores argentinos que descumpriram as regras sanitárias do país. Como os atletas passaram pelo Reino Unido, era necessário cumprir quarentena de 14 dias ao chegar no país. O GLOBO apurou que o presidente Jair Bolsonaro teria elogiado o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, pela medida.

O ofício revelado pela “Folha de S. Paulo” e ao qual O GLOBO teve acesso afirma que o pedido foi feito pela delegação argentina no sábado, dia 4 de setembro. O Ministério da Saúde argumenta que houve omissão de informação por parte da delagação argentina. O documento é assinado pelo secretário-executivo adjunto da pasta, Alessandro Glauco dos Anjos de Vasconcelos.

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“Considerando todos os apontamentos realizados após a investigação epidemiológica, entende-se que houve omissão de informação por parte da delegação Argentina em relação ao “histórico de viagens” de quatros jogadores, incorrendo, assim, em infração sanitária, conforme disposto no parecer da ANVISA. Portanto, recomendamos que os 04 atletas permaneçam em quarentena no Hotel, atendendo às regras sanitárias vigentes no Brasil”, diz o ofício.

O Ministério afirma ainda que, segundo nota técnica da pasta, ainda que haja exame negativo para  coronavírus é necessário cumprir a quarentena, o que foi “ignorado” pela delegação argentina.

“(…) Do ponto de vista infeccioso e epidemiológico da covid-19, entende-se que mesmo os cidadãos argentinos embarcando com o exame RT-PCR negativo, ainda há risco de apresentarem infecção com o vírus SARS-CoV-2, no período de incubação, e venham a manifestar sinais e sintomas após o desembarque no Brasil, podendo contaminar e disseminar a doença. Em atenção ao Princípio da precaução, medidas de entrada excepcional no país devem ser adotadas antes do embarque, o que foi ignorado para o caso em tela”, diz o documento.

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Mais cedo, em entrevista ao GLOBO, o diretor da Anvisa responsável pelo tema, Alex Campos, afirmou que a postura dos argentinos foi um “deboche” com as autoridades brasileiras. Segundo ele, a delegação foi notificada diversas vezes, antes da interrupção da partida, a respeito da situação irregular e da necessidade de quarentena dos atletas.

?  Na verdade, nosso agente não foi lá para acabar a partida. Foi lá para pedir que os quatro jogadores saíssem de campo.  Na verdade, a entrada dos quatro jogadores da Argentina em campo é um deboche, um abuso ?  afirmou Campos.