Após a redução no valor das inscrições para canais da Twitch.tv no Brasil, streamers têm discutido as implicações de questões como o repasse e porcentagem do dinheiro arrecadado entre eles e a companhia.
Agora, um grupo de representantes se consolidou para criar o “Sindicato dos Streamers?, uma plataforma para a publicação de um manifesto defendendo melhores condições para parceiros e criadores de conteúdo da Twitch no Brasil
“Uma década atrás, falar sobre criadores de conteúdo virtual, enquanto uma profissão em tempo integral, era admitir um valor abstrato”, declara o manifesto oficial. “Hoje, é perfeitamente possível tratar dessa comunidade e, aqui, estamos falando sobre e para milhares de trabalhadores que se reinventam diuturnamente no seu labor. Por isso, nos reunimos enquanto categoria a fim de criticar a postura nebulosa que a plataforma tem adotado nos últimos tempos.”
“A postura da Twitch faz com que dúvidas acerca da confiabilidade sejam constantemente alimentadas, tornando incabível que se peça confiança aos seus contribuintes enquanto a empresa busca construir uma via comunicativa de mão única.”
Além de elementos como falta de transparência, uma crítica em particular é a do repasse de dinheiro para o governo dos EUA, reduzindo significativamente a parcela recebida pelo streamer.
“Algo comum ao se receber um valor pago por uma plataforma estrangeira é o pagamento de alíquota ao governo do país-sede da plataforma, porém muitas plataformas relativamente novas no Brasil já possuem uma alternativa a essa alíquota”,diz a página do site do manifesto, “no caso da Twitch, o Streamer deve pagar 30% do valor do Sub ao governo Norte Americano diferente de plataformas como TikTok, Youtube, Facebook que possuem isenção desse imposto, a divisão da Twitch nesse sentido se torna praticamente 80%/20% em relação Empresa-Governo/Produtor de conteúdo. Porque a Twitch não consegue fazer essa isenção?”
Já o manifesto em si diz: “Torna-se injustificável a arguição da exclusão do Brasil do tratado comercial que prevê a isenção, visto que outras plataformas já garantem a isenção da referida alíquota para o criador de conteúdo nacional, situação que revela as incoerências do discurso levantado pela Twitch, fundado historicamente em acessibilidade e oportunização.”
O manifesto pede a assinatura e apoio de streamers e usuários, que será enviado para a Twitch como forma de demonstrar seu descontentamento e solidariedade com a causa.
Figuras como Rakin, Picoca, sasa, starkinho e outros streamers populares no Brasil estão entre os principais apoiadores do movimento.
Vale notar, como o próprio site diz, que apesar do nome o grupo não é, de fato, um sindicato.
“Utilizamos esse nome em um primeiro momento para chamar atenção, além disso não existe mecanismo legal que torne possível um processo de sindicalização de Streamers, já que criadores de conteúdo não possuem um registro legal como trabalho formal.”
O grupo também reforça, tanto no manifesto em si quanto no site, que não quer o retorno de um valor de sub mais caro, e o foco é em mudanças no repasse do dinheiro.
“A luta pela localização do valor do sub foi longa, e estamos felizes em poder fornecer acessibilidade ao público. Buscamos por meio desse movimento uma melhor condição de repasse, tendo em vista que atualmente um streamer com contrato base só recebe 20% de toda renda gerada por ele na plataforma”.
Redução de preço no Brasil
A redução de preço das assinaturas do Twitch foi anunciado no dia 27 de julho, passando de R$ 22,90 para R$ 7,90 – uma redução de cerca de 66% para o público. A plataforma revelou ao The Enemy na ocasião que a expectativa era de que os preços ficassem mais alinhados à realidade brasileira.
Na ocasião, Mike Minton, vice-presidente de monetização da Twitch disse: “O que posso dizer é que o nosso interesse está alinhado aos streamers, e o que queremos é maximizar o lucro dos streamers. Se por algum motivo olharmos daqui um ano e ver que isso não está onde deveria, baseado em comparações com outros países, não teríamos medo de fazer uma segunda mudança de preços se necessário”.
O executivo disse também que as mudanças foram feitas pensando no melhor para os streamers.
“Sempre há questões de prioridade, e o streamer sempre vence as questões de prioridade. Então, qualquer uma dessas mudanças se baseia em acreditarmos que será o melhor para o streamer. Ponto final. Quando nós olhamos historicamente no Brasil, nosso preço era inadequado, então fizemos a mudança e beneficiamos os streamers?.
Até o momento de publicação desta notícia a Twitch ainda não havia se manifestado.
Fonte: The Enemy