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CS:GO: “Não vejo com bons olhos”, diz Xamp sobre times de fora disputarem RMR SA



O fato de equipes brasileiras de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) que moram e jogam fora do país voltarem apenas em torneios que dão vagas internacionais, tem dado o que falar. Em entrevista exclusiva ao The Enemy, Xamp, treinador da Bravos Gaming e campeão do RMR CBCS Elite League Season 2, afirmou que não concorda com a prática.

“Eu não vejo com bons olhos. Não gosto da decisão dos times que vem pra cá jogar, mas compreendo que eles achem que o cenário é mais fraco e que a vaga será conquistada de maneira mais tranquila. O fato de eu não apoiar a ideia é porque acredito que, a partir do momento que você tem um projeto internacional, é preciso manter esse projeto fora do país, como faz paiN, Team One e outras que disputam as qualificatórias de lá e deixam o qualificatório daqui ser vencido por uma equipe que aqui disputa. É uma escolha de cada time e não sei quanto ao futuro, mas neste momento da minha carreira eu desaprovo os times que vem pra cá.”

Outro fator de discordância por parte de Xamp é a forma como as vagas do Major são distribuídas entre as regiões. Com o nascimento e crescimento do cenário de VALORANT, é fato que a América do Norte sentiu um impacto fortíssimo. Atualmente, os times NA são apenas uma sombra do que já foram um dia, enquanto a própria cena de lá é repleta de brasileiros.

Enquanto o cenário vizinho regride, o do Brasil cresce. Cada vez há mais campeonatos e investimento por aqui, além da grande quantidade de talentos que são exportados – alguns até para line-ups internacionais. Com tudo isso acontecendo, o treinador acredita que já é hora de mudança. 

“A verdade é que o NA está morto”, cravou Xamp. “Nesta altura do campeonato nós deveríamos ter um número de vagas semelhante ao deles. Nesse momento eu acredito que as equipes brasileiras são mais fortes que as deles, mas isso vai muito da escolha da Valve?”, completa lamentando.

A grande atenção internacional, no entanto, não parte apenas da Valve. O interesse, a torcida e, com isso, as visualizações estão alocadas fortemente nos brasileiros que competem fora do país de origem, enquanto os locais sofrem com isso.

Para Xamp, a maior esperança para esta mudança está na influência dos influenciadores: “A principal porta hoje são os grandes streamers. As transmissões pelo menos já existem e Gamers Club, CBCS e afins já investem bastante nisso. Óbvio, há a necessidade de interesse dos fãs também, mas, de fato, o que chama público são os grandes streamers. Seria legal se eles se interessassem mais, conhecessem as equipes e o que está rolando nos campeonatos, enfim? Se inteirar mais do Brasil pois tem muita gente batalhando e dando o máximo que pode por aqui”.

Ainda tem tom de desabafo, Xamp também corroborou as palavras do seu capitão, que também tocou neste assunto recentemente, após o título do CBCS.

“Muito coisa já está sendo feita por parte das organizadoras de eventos, pois agora temos vários. Principalmente pela própria CBCS e também por plataformas como a Coliseum. Mas acho que não há uma desvalorização, só não é valorizado porque o pessoal não assiste e não acompanha. É uma pena que uma transmissão de um jogo internacional chegue a 100 mil pessoas assistindo e num clássico como Paquetá vs Bravos tenham apenas mil ou duas mil pessoas? Aqui nós damos muito sangue e nos esforçamos muito mesmo com pouco retorno. Lá fora eles também se esforçam, mas financeiramente é muito tranquilo pra eles e pra gente nem tanto? As pessoas aqui ainda não estão tentando fazer fortuna ou algo do tipo, estão tentando apenas sobreviver no cenário, pois amam o jogo.”

Apesar do interesse dos fãs ainda não ser do tamanho que o cenário profissional nacional almeja, é fato que a grande final do CBCS foi um sucesso. Segundo Xamp, o carinho dos fãs foi ainda mais incrível do que ele esperava.

“Muitas pessoas me mandaram mensagens de carinho e felicitações. Eu nunca tinha recebido tanta coisa assim no meu Twitter”,disse visivelmente espantado. “Seja nós da Bravos, a Paquetá ou outras equipes que estão batalhando aqui, digo que todos merecem esse carinho. Todos estamos pelo mesmo objetivo e mesmo foco, independentemente de quem vem lá de fora tentar pegar vaga do RMR SA. Há muitos jogadores fortes e capacitados aqui!”, comentou.

Sobre o futuro da Bravos, Xamp não descarta uma possível mudança para o exterior?

“Todo time tem o interesse de estar lá fora e continuar crescendo e evoluindo o seu CS, nós não somos diferentes e temos planos de ir para lá também”, confirmou o coach. “Até porque, acredito que estamos próximos do nosso pico de performance a nível Brasil. Sem querer ser soberbo, mas nós precisamos enfrentar adversários mais cascudos e com experiência de Europa e NA. E eu falo isso por todos os grandes daqui como Paquetá, Havan, 9z? Para darmos um passo a mais, é necessário ir pra fora e apanhar mesmo. Mudar o mindset de ser sempre campeão e saber que vamos tomar coça, mas vamos aprender a jogar um CS muito melhor. Por enquanto esse é um projeto apenas para o ano que vem, com exceção das vagas que dão aqui no Brasil”.

Bravos/Reprodução

Enquanto isso não acontece, o fogo segue no cenário nacional. A Bravos tem pela frente a Aorus League Season 3 e a Gamers Club Liga Série S, mas o objetivo principal é o título da La Liga Pro, em que a Bravos já está na grande final e disputa o posto de campeão contra a Isurus Gaming, no melhor estilo Brasil vs Argentina.

Fonte: The Enemy


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