O Comitê Olímpico do Brasil (COB) ainda não tomou a prometida ação jurídica contra a CBF por conta dos jogadores de futebol não terem usado o agasalho oficial da delegação na cerimônia de premiação olímpica, em Yokohama. O “estrago?, porém, já foi feito ? e para ambos os lados.
Os Jogos Olímpicos são transmitidos para praticamente todo o mundo, e ter os símbolos expostos na principal competição esportiva é marcar presença para a eternidade.
No caso da final do futebol masculino, a Nike foi eternizada, em detrimento da Peak, patrocinadora oficial do COB, e, que por contrato, deveria vestir todos os jogadores no pódio. Mas o agasalho ficou amarrado em suas cinturas. Ao mesmo tempo, a CBF sofreu danos com o episódio.
? A imagem da seleção sai arranhada. Do outro lado, não estar presente na entrega das medalhas representa uma perda grande de imagem não apenas momentânea, mas para a eternidade. O pódio é o momento maior da celebração e será lembrado para sempre. É certo que normas foram infringidas. Guardada as devidas proporções, com Heineken e Coca Cola (na Eurocopa) aconteceu a mesma coisa. Os contratos com as marcas precisam ser respeitados. ? diz Renê Salviano, especialista em marketing esportivo.
A marca chinesa, porém, não saiu totalmente derrotada do episódio. Se no início dos Jogos, o nome era pouco conhecido e comentado nas redes sociais, após o imbróglio as menções cresceram. Porém, esse tipo de marketing não é o que as empresas procuram.
? Por mais que isso seja verdade (o aumento das menções) o modelo da fala não é bom, ele leva ao coitadismo. E esse é o ponto principal. Toda vez que um contrato é rompido se coloca em dúvida o próximo ? afirma Fernando Fleury, PhD em marketing esportivo.
Pelas regras do Comitê Olímpico Internacional (COI), há limites de logomarcas e tamanhos das mesmas nos uniformes de competição e de pódio. Os comitês nacionais permitem aos atletas do país que utilizem as marcas dos patrocinadores próprios durante os eventos competitivos. Porém, nas cerimônias oficiais, viagens, Vila Olímpica e no pódio, só é permitido o uniforme do comitê nacional e um único patrocinador.
A empresa chinesa criticou a postura da seleção brasileira e desmentiu boatos de que seria uma subsidiária da Nike. Em comunicado nas redes sociais, a marca afirmou que “a promoção internacional de marcas chinesas muitas vezes foi recebida com tratamento injusto e que a Peak defenderá seus interesses por meio de canais legais”.
Não foi a primeira vez que algo do tipo aconteceu. Em 1992, em Barcelona, o Dream Team de basquete dos Estados Unidos era obrigado a subir no pódio com o uniforme da delegação com o patrocínio da Reebok. Os jogadores patrocinados pela Nike, como Michael Jordan, esconderam a logomarca ao se cobrirem com a bandeira americana.
Recentemente, Marta posou para a foto oficial da seleção feminina de futebol cobrindo o símbolo da Nike, patrocinadora da CBF, com os cabelos. Foi mais uma forma de protesto contra a desigualdade de gênero no esporte.
Fonte: O Globo