Há pouco mais de 15 dias, Laura Pigossi e Luisa Stefani sequer sonhavam em disputar os Jogos de Tóquio. Após um convite inesperado, as brasileiras estrearam na competição fazendo história com a conquista do bronze inédito no tênis. Ao bater as russas Veronika Kudermetova e Elena Vesnina por 2 sets a 1, elas superaram neste sábado a melhor participação brasileira em Olimpíadas, marca alcançada ex-tenista Fernando Meligeni nos Jogos de Atlanta, em 1996.

A dupla soube que iria participar dos Jogos de Tóquio menos de uma semana antes do início do evento. Graças ao gerente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), Eduardo Frick, que inscreveu Laura e Luisa na lista de espera da chave feminina, elas foram premiadas com uma vaga “surpresa” após uma realocação feita pela federação internacional da modalidade, a ITF.

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Luisa recebeu a notícia na Flórida, nos Estados Unidos, para onde se mudou com sua família ainda nova. A paulista de 23 anos, que começou a jogar tênis aos 10, é a brasileira mais bem colocada no ranking de duplas desde sua criação. Ela ocupa a 23ª posição, conquistada com uma parceria de sucesso com a norte-americana Hayley Carter. Neste ano, Laura chegou em sua primeira final de WTA masters 1.000. Ela também foi bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, ao lado de Carol Meligeni. A partir do segundo semestre, ela passará a jogar ao lado da canadense Gabriela Dabrowski, 14ª do mundo.

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Em maio, ela tomou um susto ao precisar passar por cirurgia de emergência por causa de uma apendicite. O problema acabou impedindo que ela disputasse o Roland Garros, o último torneio que contou pontos para a classificação para Tóquio. Com chances já pequenas de conseguir a vaga olímpica, o sonho teria terminado nesse momento. Ela mal sabia que ainda faria história.

Em sua carreira, a paulista passou pelas chaves principais dos quatro Grand Slams juvenis. Em 2015, chegou a jogar as semifinais de duplas do US Open juvenil e foi nomeada a caloura do ano. Pela Pepperdine University, alcançou a segunda posição no ranking da ITA (Intercollegiate Tennis Association).  Em 2019, passou a se dedicar integralmente ao tênis profissional. Possui 15 títulos de duplas pela ITF, dois WTA Challegers 125 entre os vários troféus de destaque.

Já Laura disputava um torneio no Cazaquistão, quando foi informada que representaria o Brasil nos Jogos de Tóquio. Também paulista, a tenista de 26 anos se mudou para Barcelona no segundo semestre de 2016 a fim de melhorar seu jogo. Começou a jogar tênis ainda criança e figurou no top-50 do ranking mundial júnior. Hoje, ela é a número 188 do mundo no ranking de duplas da WTA.

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? Eu soube antes e fiquei sem chão, mas a Luisa estava dormindo, eu tentando ligar e ela não acordava e eu tentando ligar, mas ela não acordava e eu tinha que jogar semifinal (do ITF de Nur-Sultan). Não sabia que ia dar chance da gente entrar – contou Laura ao portal Olimpíada Todo Dia. ? Para mim, o momento foi incrível. Eu estava em casa, já tinha deixado para lá os Jogos Olímpicos. Queria muito ir, mas era o último dia para ter alguma desistência e a gente estava fora na lista. Foi um sentimento incrível. Uma das primeiras pessoas que eu falei foi a Laura e a gente estava gritando no telefone e o resto é história.

Apesar de terem disputado poucas partidas juntas, incluindo em alguns torneio do circuito e da Billie Jean King Cup (antiga Fed Cup), elas garantiram o entrosamento.

? Nos conhecemos desde os 12 anos, vira e mexe ela vai para Barcelona. Chegando aqui, tivemos que aprender um pouco o nosso papel, ver o que cada um faz de melhor e pior e trazer isso para o nosso jogo ? comentou Laura.

O jogo

Após início ruim da dupla brasileira, as russas abriram 3 a 0 no primeiro set. A partir do quarto game, que durou quase dez minutos, Laura e Luisa equilibraram a partida e chegaram a quebrar o serviço das rivais na sequência. Apesar da reação, Kudermetova e Vesnina fecharam o set em 6/4.

Ao contrário do anterior, as brasileiras começaram bem o segundo set e abriram vantagem de 2 a 0. Mais confiantes, elas confirmaram seus serviços e devolveram os 6/4. No super tie-break, melhor para Laura e Luisa: 11 a 9 de virada, após as russas desperdiçarem quatro match points.