Alison dos Santos se destaca entre os 53 nomes do atletismo que o Brasil mandou para Tóquio. Nenhum outro concilia tanta juventude ? ele tem apenas 21 anos ? com um pico de performance tão alto e próximo dos Jogos: o melhor tempo de sua vida saiu no último dia 4. Com os 47s34, seria medalha de ouro nos 400m com barreiras nas Olimpíadas de 2000, 2004, 2012 e 2016, e prata em 2008. O que torna simbólica a coincidência de que ele estará entre os brasileiros que abrirão os trabalhos no primeiro dia da modalidade no Estádio Nacional.

Sua prova eliminatória está prevista para ocorrer às 23h25 (de Brasília), quando tentará uma vaga na semifinal. A conferir, como vai lidar com a responsabilidade de fazer sua estreia em Jogos Olímpicos já sendo um dos grandes cotados ao pódio.

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Piu, apelido de Alison que vem da infância, puxa a fila na equipe que tem condição de igualar o recorde de medalhas para o país na modalidade, a despeito das dificuldades que foram impostas pela pandemia e da redução nos investimentos no último ciclo olímpico.

 

menos investimento

Para se ter uma ideia, entre 2017 e 2020, na comparação ao período entre 2013 e 2016, houve uma redução de R$ 30 milhões à disposição da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), valor referente à extinção do programa Brasil Medalha, que rendeu R$ 26 milhões, somado à diminuição em R$ 4 milhões do patrocínio da Caixa Econômica Federal.

Em Tóquio, o número do milagre do atletismo brasileiro é o de três medalhas. Essa foi a quantidade de pódios em Pequim, em 2008, quando Maurren Magi conquistou o ouro no salto em distância, e os revezamentos 4x100m masculino e feminino ficaram com medalhas de bronze.

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Para repetir esse desempenho, além de Alison dos Santos, o Brasil conta com outros dois atletas com boas condições para terminarem entre os três primeiros. Um deles é Thiago Braz. Ele é o atual campeão olímpico do salto com vara, detém o recorde da competição e chega para defender o título. Os cinco anos entre Rio e Tóquio foram de resultados discretos, mas mesmo assim ele entra como um dos favoritos na Olimpíada. Pesa a favor dele o corte, ocorrido às vésperas da estreia nos Jogos, de Sam Kendricks, bicampeão mundial da prova, após testar positivo para a Covid-19 já no Japão.

 

Em uma lista de 100 atletas merecedores de atenção nos Jogos, a World Athletics (órgão que gere o atletismo mundial) citou Piu e Braz, mas deixou fora outro brasileiro que tem condições de ir ao pódio: Darlan Romani. O atleta do arremesso de peso passou por dificuldades no último ano, com cirurgia de hérnia de disco e Covid-19, mas quem o viu treinando em Saitama, base de aclimatação da equipe brasileira no Japão, acredita que ele está evoluindo para repetir o arremesso do Mundial de 2019, quando os 22,53m alcançados lhe dariam o ouro olímpico nos Jogos do Rio.

? O Darlan está melhorando a cada dia, é visível ? afirmou Neilton Moura, um dos técnicos da equipe brasileira em Tóquio.

Brasil no primeiro dia

Neilton é o treinador do primeiro brasileiro a competir hoje no Estádio Nacional: o filho Thiago Moura, do salto em altura. Outro brasileiro disputará a eliminatória na prova, Fernando Ferreira.

Além dos dois, estarão em ação Altobeli Silva, na eliminatória dos 3.000m com obstáculos, Márcio Teles, que, assim como Alison dos Santos, compete nos 400m com barreiras, Núbia Soares, do salto triplo, Geisa Arcanjo, no arremesso de peso, e o revezamento 4x400m misto, prova estreante em Olimpíadas.

No primeiro dia do atletismo nos Jogos, as grandes atrações serão a final dos 10.000m, sem brasileiros classificados, e as primeiras provas dos 100m feminino. O Brasil tem uma representante na prova de velocidade ? Rosângela dos Santos. Ela e Vitória Rosa são nomes fortes do revezamento 4x100m feminino, outra esperança de medalha para o Brasil.