Com as finais do surfe na Olimpíada de Tóquio antecipadas em um dia por conta do tufão que se aproxima da costa do Japão, o Brasil pode assistir a um duelo entre suas duas maiores estrelas no esporte ainda na madrugada desta terça-feira, horário de Brasília. Últimos campeões mundiais, o Gabriel Medina e Italo Ferreira se classificaram para as quartas de final e podem escrever seu 12º confronto direto.

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Se Medina vencer o francês Michel Bourez e Italo superar Hiroto Ohhara, do Japão, eles poderão avançar para as semifinais e até se encontrar na final pelo ouro olímpico. Será a chance para o paulista encurtar o placar contra seu concorrente potiguar: das 11 vezes em que se enfrentaram diretamente, Italo triunfou em 7 delas.

Os duelos, no entanto, têm pesos diferentes. Três dessas disputas se deram em finais de etapas, mas uma delas se sobressai sobre todas as outras. Em 2019, a prova em Pipeline, no Havaí ? o palco mais icônico do esporte ?, rendeu uma decisão épica pelo campeonato mundial. Isso porque dificilmente os circuitos são decididos na última prova, numa final entre dois candidatos pelo título. Num duelo de tubos de lado a lado, Italo levou a melhor para se tornar campeão mundial pela primeira vez.

O potiguar se tornava ali o terceiro brasileiro na história a levar o título, vencido por Medina em 2014 e 2018 e Adriano de Souza em 2015.

 

O histórico do duelo Medina-Italo havia começado anos antes, na etapa de Portugal do Mundial de Surfe, em 2015, quando Italo estreou no circuito. Medina competia em sua sexta edição no campeonato, que havia conquistado no ano anterior, aos 20 anos de idade. Na ocasião, disputando as quartas de final, Italo se sobressaiu ao então atual campeão ao marcar 18,27 pontos, contra 6,83 do conterrâneo, e avançou à semifinal. Italo ainda passaria pelo português Vasco Ribeiro para depois ser eliminado por outro brasileiro na final, Filipe Toledo.

Desde então, a dupla se enfrentou diretamente em outras dez oportunidades. Por três anos, entre a prova de outubro de 2015 na praia portuguesa dos Supertubos, em Peniche, até 2018, Italo sempre levou a melhor contra Medina. O potiguar eliminou o paulista em duas provas na Austrália (Margaret River, em abril de 2016, e Bells Beach, em abril de 2018) e uma em Fiji (praia de Namotu, junho de 2017).

Em Fiji, a disputa se deu nos decimais. Medina marcou 15,47 pontos (ondas de 7,83 e 8,00), mas não foi suficiente para os 15,83 pontos (8,10 e 7,37) do adversário.

No Taiti, ilha da Polinésia Francesa, em agosto de 2018, Medina se redimiu ao bater o adversário nas quartas de final e avançar à semi. Ele se consagraria bicampeão naquela temporada ao derrotar o australiano Julian Wilson na Pipe Masters.

Medina ainda superaria o conterrâneo na final da etapa da África do Sul de 2019 (19,50 contra 16,77), na semifinal do Havaí em 2020 (por 12,60 contra 8,57) e na última disputa entre os dois, pela quinta etapa do circuito 2021, na Austrália: 13,70 contra 7,17. Italo, por sua vez, conquistou a prova de Newscastle, na Austrália, sobre Medina em abril deste ano.

Atualmente, Medina ocupa o topo da tabela do campeonato (com 46.720 pontos), seguido por Italo (33.555) e Toledo (32.065).

Como o surfe estreia nesta edição das Olimpíadas, é a chance para cada um deles obter uma conquista inédita para o esporte. E, quem sabe, até para a dupla dividir o pódio e garantir duas medalhas para o Brasil.