Cheguei em 2021 no topo do ranking mundial, o número 1 do mundo. E digo com toda franqueza: nunca tive talento natural, não nasci com “aquela estrela?, mas sabia que se me dedicasse muito teria chance de conseguir grandes resultados. Cheguei aqui por causa do meu esforço e paixão pelo mountain bike. Conquistei praticamente tudo, mas quero mais e mais… Hoje vou atrás do pódio olímpico.
Qual atleta não tem dúvidas em sua carreira? Eu tive tantas… E a dúvida traz um sentimento perigoso para quem está no alto rendimento. Quando há indecisão, quando a mente está dividida, o corpo sente, o corpo sabe. Você busca a melhor versão do seu físico, mas a força, 100% da força, não acompanha, parece que é drenada para outros caminhos.
Usado nos Jogos de Tóquio 1964, o Estádio Olímpico foi reconstruído para as Olimpíadas de 2020. Além de ser palco das cerimônias de abertura e encerramento, vai sediar partidas de futebol e o atletismo. Tem capacidade para 68 mil espectadores Foto: DivulgaçãoO Ginásio Metropolitano de Tóquio será reaproveitado após ser usado nos Jogos de 1964. Naquela ocasião, sediou as modalidades de polo aquático e ginástica. Agora, servirá para o tênis de mesa. Sua capacidade é de 7 mil pessoas Foto: DivulgaçãoCom capacidade para 10.200 pessoas, o Estádio Nacional Yoyogi vai abrigar o handebol e o rúgbi em cadeira de rodas. É internacionalmente reconhecido pelo design com teto suspenso. Foi construído para competições aquáticas e para o basquete nos Jogos de 1964 Foto: DivulgaçãoNippon Budokan é uma arena indoor conhecida como a casa das artes marciais e construída para os Jogos de 1964. Será usada para judô e karatê. Sua capacidade é de 11 mil pessoas Foto: DivulgaçãoO Fórum Internacional de Tóquio é um centro de exposições multifuncional composto por oito salões principais, espaços de exposição e outras instalações. A estrutura apresenta curvas acentuadas de aço e vidro, com um design externo que lembra um barco alongado. Poderá receber até 5 mil pessoas nas competições de levantamento de pesos Foto: Divulgação
Arena Kokugikan é a casa do sumô, mas vai sediar o boxe nas Olimpíadas. Seu interior é projetado em forma de tigela. A capacidade é de 7.300 pessoas Foto: DivulgaçãoO Parque Equestre sediou as competições equestres nos Jogos de 1964 de Tóquio. Atualmente, serve como o centro principal para a promoção de hipismo e competições equestres. Pode receber até 9.300 pessoas Foto: DivulgaçãoParque Musashinonomori será o ponto de partida para a corrida de ciclismo de estrada Foto: DivulgaçãoMusashino Forest Sport Plaza é um espaço multiuso que vai abrigar as modalidades de badminton e pentatlo moderno. Tem capacidade para até 7.200 espectadores Foto: DivulgaçãoO Estádio de Tóquio tem capacidade para 48 mil pessoas. Além do futebol, receberá o pentatlo e o rúgbi Foto: Divulgação
A Ariake Arena, construída na parte norte do distrito de Ariake, será palco das partidas de vôlei e basquete em cadeira de rodas. Após os Jogos de Tóquio 2020, a arena se tornará um novo centro esportivo e cultural com capacidade para até 15.000 espectadores Foto: DivulgaçãoA Ariake Gymnastics Center é uma instalação temporária localizada na parte norte do distrito de Ariake, onde serão realizadas as provas de ginástica.Tem capacidade para receber 12 mil pessoas Foto: DivulgaçãoSituado em área à beira-mar e perto da Vila dos Atletas, o Ariake Urban Sports Park vai abrigar as modalidades BMX e skate, com capacidade para até 7 mil pessoas Foto: DivulgaçãoO Ariake Tennis Park é uma das principais instalações de tênis do país, equipado com quadras cobertas e ao ar livre. Tem capacidade para 19.900 espectadores Foto: DivulgaçãoO Parque Marinho de Odaíba é uma instalação temporária para abrigar as modalidades de maratona aquática e triatlo. Pode receber até 5.500 pessoas Foto: Divulgação
Com vista para a icônica Ponte Arco-Íris de Tóquio, o Parque Shiokaze conta com uma instalação temporária montada para o vôlei de praia. Sua capacidade é de 12 mil pessoas Foto: DivulgaçãoO Aomi Urban Sports Park conta com estrutura temporária erguida perto da Vila dos Atletas. Vai receber o basquete 3×3 e a escalada esportiva. As capacidades são de 7.100 e 8.400 pessoas, respectivamente Foto: DivulgaçãoCom capacidade para 15 mil espectadores, o Oi Hockey Stadium vai sediar as partidas de hóquei. Após os Jogos, deverá ser transformado em uma arena multiuso Foto: DivulgaçãoEm terreno com vista para a Baía de Tóquio, no Sea Forest Country Course, foi construído um percurso para a modalidade de cross country equestre. Pode receber 16 mil pessoas Foto: DivulgaçãoO Sea Forest Waterway vai sediar as competições de remo e canoagem. Após os Jogos, será usado para competições internacionais. No remo, pode receber até 16 mil espectadores, enquanto na canoagem são 12.800. Foto: Divulgação
O Centro de Canoagem Slalom de Kasai terá o primeiro percurso feito pelo homem no Japão. Após os Jogos, a instalação será usada para esportes aquáticos e atividades de lazer. Até 7.500 pessoas poderão assistir às provas de canoagem slalom Foto: DivulgaçãoO campo de tiro com arco do Yumenoshima Park foi construído na área do parque do local da Dream Island. Após os Jogos, a instalação abrigará competições de arco e flecha e será usada para outras atividades. Sua capacidade é de 5.600 pessoas Foto: DivulgaçãoRecém-construído, o Centro Aquático de Tóquio vai sediar as provas de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais. Possui capacidade para 15 mil pessoas Foto: DivulgaçãoProjetado em 1990 para servir como principal instalação para natação e outros esportes aquáticos na região, o Centro de Polo Aquático Tatsumi vai sediar o polo aquático na atual edição. Tem capacidade para 4.700 espectadores Foto: DivulgaçãoDesignado como local para os eventos da maratona e marcha atlética, o Parque Sapporo Odori tem aproximadamente 1,5 km de comprimento e cobre uma área de cerca de 7,8 hectares no centro da cidade de Sapporo Foto: Divulgação
O Makuhari Messe HallCentro se estende por cerca de 210 mil metros quadrados e consiste em três zonas principais. Está localizado na cidade de Chiba e abrigará as provas de luta olímpica, taekwondo e esgrima Foto: DivulgaçãoA praia de Tsurigasaki é onde o surfe fará sua estreia em Olimpíadas. Está localizada na cidade de Ichinomiya, na costa do Pacífico da província de Chiba, e costuma atrair muitos turistas. Poderá receber 6 mil pessoas Foto: DivulgaçãoA Saitama Super Arena é uma das maiores instalações multiuso do Japão, situada na cidade de Saitama. Vai receber jogos de basquete. Tem arquibancadas para 21 mil pessoas Foto: DivulgaçãoAssim como nos Jogos de 1964, o Campo de Tiro Asaka sediará as competições de tiro. Nesta edição, contará com uma estrutura temporária para receber até 3.200 pessoas Foto: DivulgaçãoO Kasumimgaseki Country Club será palco do golfe. Está localizado na cidade de Kawagoe, província de Saitama, e pode receber até 25 mil espectadores Foto: Divulgação
Localizado na cidade de Fujisawa, o Enoshima Yacht Harbour foi construído para os Jogos de 1964. É o primeiro porto do Japão capaz de sediar competições de esportes aquáticos. Vai receber provas de vela. Sua capacidade é de 3.600 pessoas Foto: DivulgaçãoLocalizado na cidade de Izu, o velódromo abriga uma pista de ciclismo de madeira de 250 metros. As provas da modalidade poderão receber 3.600 pessoas Foto: DivulgaçãoPercurso off-road, o Izu MTB mede 4.100 metros de comprimento com elevações de até 150 metros. Vai sediar as competições de mountain bike. Possui capacidade para 11.500 pessoas Foto: DivulgaçãoO Fuji International Speedway é o circuito mais próximo da área da Grande Tóquio. Com capacidade até 22 mil espectadores, receberá as provas de ciclismo de estrada. É palco do Grande Prêmio do Japão na Fórmula 1 Foto: DivulgaçãoLocalizado na cidade de Fukushima, o estádio de beisebol de Azuma faz parte do Parque Esportivo Azuma, que é dividido em quatro espaços recreativos. Vai sediar o beisebol e o softbol, que foram incluídos nos Jogos de Tóquio 2020. Pode receber 14.300 espectadores Foto: Divulgação
Localizado no Parque de Yokohama, o estádio de beisebol de Yokohama é o primeiro multifuncional do Japão. Também serve como sede de um dos times de beisebol profissional do Japão. Vai abrigar o beisebol e o softball, com capacidade para 35 mil pessoas Foto: DivulgaçãoO Sapporo Dome é casa de um time de futebol japonês e um time de beisebol. Está localizado na cidade de Sapporo, na ilha japonesa de Hokkaido. Tem capacidade para 41 mil torcedores Foto: DivulgaçãoCasa do famoso clube japonês Kashima Antlers, o Ibaraki Kashima Stadium tem capacidade para 40 mil torcedores. Inaugurado em 1993, já recebeu jogos da Copa das Confederações de 2001 e da Copa do Mundo de 2002 Foto: DivulgaçãoLocalizado na cidade de Saitama, o Saitama Stadium tem capacidade para 64 mil pessoas. É casa do Urawa Red Diamonds. Recebeu quatro partidas da Copa do Mundo de 2002, incluindo um jogo do Brasil Foto: DivulgaçãoLocalizado na cidade de Yokohama, o estádio internacional de Yokohama tem capacidade para 72.327 espectadores. Foi onde o Brasil sagrou-se pentacampeão mundial em 2022, após vitória sobre a Alemanha Foto: Divulgação
O Miyagi Stadium está localizado na cidade de Rifu e será usado para o futebol. Sua capacidade é de 49 mil pessoas Foto: Divulgação
Acredito que, nessas condições, o atleta não desempenha sua capacidade total e quando se vê diante de um penhasco, hesita em mergulhar de cabeça. No esporte, é preciso se jogar de cabeça milhares de vezes, sem saber quando será a última e sem olhar para o que tem lá embaixo. É preciso ter confiança para encarar o vazio e ir o mais fundo possível. Eu balancei em 2017, num passado recente. Foi o ano mais emblemático da minha carreira como atleta internacional. Foi o ano de vencer barreiras, entregar resultados e conquistar meu espaço, o ano em que tive menos oportunidades de competir e, por isso, criei metas ambiciosas. Foi por causa dele que estou aqui, em Tóquio, com possibilidades reais de ser medalhista na minha modalidade, o ciclismo montain bike.
Terminei o ciclo da Rio-2016 em baixa. Havia sido o 23º colocado e passei de 15º para 27º no ranking mundial. Dei vários passos para trás. Em boa parte do ano, não entreguei bons resultados. Tive uma lesão importante na coluna e durante a Olimpíada, um pequeno estiramento na musculatura que sustenta a coluna. Precisei me afastar por dois meses, tempo que nunca havia me desligado da bicicleta, nunca mesmo, desde os 8 anos (além dos treinos e das competições, gosto de andar de bicicleta, passear e curtir). Foi um momento de reflexão e questionamentos.
Ano pós-Olimpíada, geralmente, é frio, vazio. Depois de ter ingressado em uma das melhores equipes do mundo, a Cannondale, com contrato longo, me vi em renegociação difícil. Tinha apenas um ano garantido e precisava entregar resultados. Não faltou empenho físico, fui aplicado, rigoroso. Mas a cabeça ia a mil, as dúvidas rondavam. Já tinha meus 28 anos e havia dedicado a minha vida ao esporte em tempo integral. Para onde estou indo? Como tocava minha carreira? Eu vivi a instabilidade do esporte de alto rendimento no seu ápice. Não tinha um currículo grosso para me dar ao luxo de ficar sem resultados. Se isso acontecesse, provavelmente, seria o fim da minha carreira de alto rendimento.
O jogador de vôlei Bruno Rezende, o Bruninho, carregou a bandeira no desfile da delegação brasileira junto com a judoca Ketleyn Quadros Foto: HANNAH MCKAY / AFPO jogador de vôlei Bruninho e a judoca Ketleyn Quadros levando a bandeira do Brasil em Tóquio Foto: ODD ANDERSEN / AFPO Brasil entrou apenas com quatro atletas, usando bermuda e camisa estampada, além dos chinelos de dedo famosos em todo mundo Foto: ANTONIN THUILLIER / AFPDelegação do Brasil Foto: ODD ANDERSEN / AFPDelegação do Brasil Foto: BEN STANSALL / AFP
Em 2017 eu tive de aprender, na marra, a isolar a minha mente, assumir os riscos e me jogar de cabeça no penhasco. Sabia que treinava mais do que os adversários, mas não chegava na frente deles. E toda vez que isso acontecia era uma chuva de opiniões, vem pitaco de tudo quanto é lado ? de quem quer te ajudar e de quem não quer. Sempre absorvi tudo, mas em 2017 me blindei. Bati no peito e assumi a responsabilidade integral das minhas ações. Ninguém definiria mais quem eu era nem o que eu precisava ser. Isso não significou que rejeitei colaborações. Reunia as informações e, sozinho, montava meu quebra-cabeça.
Nessa pressão absurda, demorei a pegar a ladeira. Meu primeiro semestre foi bom, mas não espetacular. Não mostrei que seria um top-5 do mundo. Foi apenas no segundo semestre que comecei a entregar mais e mais e mais. No Mundial, perdi uma medalha por muito pouco, quando fiquei em quarto na Austrália, uma surpresa, e virei o ano em quinto no ranking mundial. A segurança no trabalho tinha voltado e senti uma liberdade incrível.
É inacreditável imaginar que depois do que passei em 2017, teria um ano de bonança ?mas ele veio e com um arco íris. No ciclismo, o campeão mundial tem o direito de usar a famosa rainbow jersey, a lycra branca com listras coloridas. É o maior símbolo de conquista dentro do universo ciclístico. E eu não sosseguei até colocá-lo no peito.
São cinco faixas coloridas horizontais: azul, vermelho, preto, amarelo e verde. As mesmas cores da bandeira olímpica imaginadas pelo Barão de Coubertin em 1913 e que representam os cinco continentes do planeta. Fui campeão mundial na Itália, de maratona, e a camisa era minha. E depois de obter as listras, você nunca as perde. Todos os campeões mundiais podem usar as listas em punhos e golas, enquanto o campeão mundial daquele ano assume a camisa. Hoje, quando eu olho para os meus punhos eu sei quem eu sou.
Entrei em 2018 para bater as minhas metas e alcançar meus sonhos. Agora, porém, os sonhos eram realidades possíveis. E isso é extremamente poderoso. Traçava metas e ia batendo. Uma atrás da outra. Ganhei a primeira etapa de Copa do Mundo (short track) da carreira e fechei o ano em segundo no ranking. Provei para mim que minhas escolhas foram certeiras. E os rivais perceberam isso: passei de “esse cara é bom, para esse cara pode ser o melhor?. Como me senti? Leve e feliz.
Outras conquistas, não menos importantes, fazem deste ciclo olímpico especial. Em 2019, meu ano de consolidação, fui o terceiro colocado geral na Copa do Mundo, o ciclista que mais subiu no pódio destas competições: dez em 14 eventos. Depois, em 2020, venci pela primeira vez o short track (XCC) e o cross country olímpico (XCO), a dobradinha, na República Tcheca. Confiei no meu instinto e me concentrei em uma subida específica, no fim da prova. Não treinei no dia de intervalo, mas fiz aquela subida inúmeras vezes: decorei onde tinha raízes, onde minha roda tinha de passar. Algo me dizia que era lá que teríamos a definição do campeão. Dito e feito. Entrei nessa subida em terceiro e estava na frente na reta final.
Não sou mais o número 1 do mundo. Isso é efêmero mesmo. E não me importo. Porque o número que valerá é o da esquerda na tabela: o da classificação em Tóquio.