TÓQUIO ? Foi com torcida virtual, de amigos, conhecidos e da esposa Ana Paula Negrão, todos do outro lado do mundo, que Kelvin Hoefler, de 28 anos, se tornou o primeiro medalhista do Brasil nos Jogos de Tóquio e o dono da primeira medalha de prata do skate da história olímpica.
O skatista contou que no meio da prova precisou de incentivo, de energia e que por isso entrou nas redes sociais para ver as mensagens de apoio de seus fãs e seguidores. Também ligou para a esposa que é sua técnica e fotógrafa profissional de skate para pegar dicas. Contou ainda com o apoio, este presencial, da amiga Pamela Rosa, que nesta segunda-feira irá competir na Ariake Urban Sports Park.
Os Jogos de Tóquio não recebe público nas arenas por causa da pandemia de Covid-19. Ainda assim, jornalistas, atletas, organizadores e voluntários vibraram as as apresentações finais dos atletas que deram show de simpatia.
? Eu estava ali no telefone, vinha uma mensagem… Eu precisava disso porque não tem público. Eu meio que fiquei vendo o Instagram, vendo as mensagens positivas, sentindo um pouco disso. Foram muitas mensagens. Pensei: “Então a hora é agora, de poder representar o meu Brasil”. Até agora eu não tinha representado o país, disputamos competições privadas no skate. Foi a primeira Olimpíada representando o país. Isso é um sonho ? disse Kelvin, que não desgrudou do celular nem na coletiva para a imprensa.
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Ele atendeu uma ligação dos treinadores de Pamela, Hamilton Freitas e Leandro Macaé, no meio da entrevista, mandou mensagens de texto e fez selfie. Foi o único entre os medalhistas que não largou o skate. Kelvin tirou foto com todos que pediram imagem da medalha de prata, pesada, que gerou curiosidade:
? Será que é maciça? ? perguntou, em tom de brincadeira, para depois explicar o apoio da esposa e de Pamela: ? As minas são foda. Elas sabem o que está acontecendo. Elas prestam atenção nos mínimos detalhes. As coisinhas. Elas botam a gente no cabresto e dizem o que é preciso fazer, até mesmo para tomar água. (Depois das quedas, na segunda e na terceira voltas) Eu falei que estava muito vento e elas falaram: “Troca, manda outra manobra. Manda essa aqui, passa a vela em tal lugar”. As duas falaram a mesma coisa.
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Ele disse que ambas deram aquele empurrãozinho a mais. E que sem elas, não teria subido ao pódio.
? Sem a Ana Paula, eu não teria acertado. Outra pessoa também é a Pamela Rosa, que estava comigo na pista. E ela sabe da técnica do skate. A técnica da Pamela é muito boa. Sem ela ali, junto comigo, eu não teria essa medalha. Acredito que essas duas pessoas me ajudaram grandemente.
Ele disse que nesta segunda-feira vai retribuir o carinho da amiga e ficar a seu lado na pista. E que já estava nervoso por ela. As disputas do skate street começam às 20h30 (horário de Brasília).
Free Fire
Kelvin contou que recebeu várias mensagens no seu celular no meio da competição. E de “gente aleatória”, que jogou Free Fire com ele na véspera.
? Gosto bastante de jogos de celular, então muita gente com quem eu joguei estava mandando mensagem. Eu estava jogando ontem à noite (risos). E os caras dizendo: “Eu joguei com você ontem. Você matou tal pessoa do jogo e a gente está torcendo por você”. Eu achei isso muito legal. Isso globaliza um pouco, me fortaleceu um pouco mais.
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Kelvin contou que não é de ficar pendurado nas redes sociais. E que a esposa, que também é fotógrafa, é quem costuma postar suas fotos. Mas disse que durante a pandemia, montou um grupo de skatistas para jogar Free Fire e apeoximar a galera:
? Precisávamos de uma válvula. Estou em alguns grupos de skatistas para jogar videogame, para a gente ter essa válvula de escape, de trocar ideia, de se divertir jogando videogame, estando fora das competições, de se ver pessoalmente. Isso foi muito legal.
Fonte: O Globo