A Fórmula 1 experimenta uma novidade neste fim de semana que ainda divide opiniões. Com casa cheia, Silverstone será palco da primeira corrida sprint da competição, no sábado, às 12h30 (horário de Brasília). Nada mais do que uma prova curta, de 100km, cujas posições finais formarão o grid da prova de domingo. Ainda contará pontos para os três primeiros colocados, com direito a troféu, mas sem pódio. O GP da Grã-Bretanha será o primeiro de três testes do novo modelo. Itália e Brasil devem receber as outras duas.
A ideia é tornar todo o fim de semana atrativo para o público, que esteve longe das arquibancadas na temporada passada por causa da pandemia e vem retornando aos poucos. A sexta-feira, que tem apenas as duas sessões de treinos livres, ganhará mais emoção com o treino classificatório para a corrida curta. O esquema vai ser o mesmo da qualificação tradicional, com o Q1, Q2 e Q3. Em Silverstone, Lewis Hamilton foi o mais rápido, e largará na frente na inaugural corrida sprint.
? O mais importante é a F1 estar aberta a inovações, o que é uma mudança significativa em relação aos tempos do Bernie Ecclestone. Se o balanço dessas três experiências (Inglaterra, Itália e Brasil) for considerada positivo, o Sprint Qualify vai ser incorporado a seis GPs no ano que vem. Se não for, descarta. Nao é uma mudança pequena para as equipes, que só vão ter dois treinos livres de uma hora cada em vez dos três que têm hoje. Ou seja, vão ter uma redução de um terço no tempo disponível para acertar seus carros, testar pneus e/ou novas regulagens e peças aerodinâmicas ? disse o colunista especializado em automobilismo Lito Cavalcanti.
No sábado, os pilotos formarão no grid após a sessão de treinos livres da manhã. A corrida terá duração de 25 a 30 minutos, sem pit stops obrigatórios. O vencedor levará, além da pole position, mais três pontos. O segundo soma 2 e o terceiro, 1. Se algum piloto não completar a prova, ele sairá no fim da fila.
A novidade tem o aval de boa parte dos pilotos. Pelo menos, na frente das câmeras. Alguns, realmente são entusiastas como Charles Le Clerc, da Ferrari. Ele já correu nesse modelo na F2 e venceu no GP do Bahrein, em 2017. Na ocasião, fez um pitstop e voltou para a pista em 14º a oito voltas do fim. Ultrapassou todo mundo e recebeu a bandeirada.
Mick Schumacher, da Haas, disputou mais recentemente. Até ano passado, ele corria na F2. Ele admite que a corrida sprint trará desafios para as equipes:
? Acho que vai ser muito difícil para as equipes, principalmente se houver algum problema de confiabilidade ou até mesmo alguns acidentes ou algo assim, então isso vai ser muito difícil ? disse em entrevista recente.
Para evitar prejuízos, as equipes vão receber uma verba extra de US$ 500 mil (mais de R$2,5 milhões) para os três eventos como compensação por danos nos carros. Também poderão substituir peças em caso de acidentes na corrida sprint, desde que sejam iguais às já utilizadas.
O heptacampeão mundial Lewis Hamilton, da Mercedes, foi um dos únicos a torcer o nariz publicamente. Ele considera que a corrida será uma procissão, pois ninguém irá se expor a riscos.
? O Hamilton provavelmente está certo: nos GPs, quando um piloto ganha uma posição, ele ganha pontos; no Sprint Qualify, ganha apenas um lugar no grid. E dependendo do lado do grid, essa posição pode até ser pior. Isso porque a fila da pole position (a das posições ímpares) está em uma faixa do asfalto onde os carros passam com muito mais frequência nos treinos e por isso tem mais borracha depositada pelos pneus (o que proporciona melhor tração na largada); a fila do segundo colocado ocupa uma faixa em que os carros passam muito menos e recebe menos emborrachamento (por isso às vezes o segundo lugar pode ser pior do que o terceiro; o quarto do que o quinto e por aí em diante) ? explicou Lito.
Fonte: O Globo