Empolgação no futebol é um sentimento tão gostoso quanto perigoso. Ainda mais quando se está disputando uma Libertadores da América. Manter a serenidade sempre é essencial, mas o torcedor do Fluminense foi dormir ontem à noite animado com o que viu em Assunção. Vencendo e convencendo, o tricolor bateu o Cerro Porteño por 2 a 0, no estádio Nueva Olla, e colocou um pé nas quartas de final.

O jogo de volta será na próxima terça-feira, dia 20, no Maracanã, e os tricolores podem perder por até um gol de diferença. Se depender da atuação de ontem, nada indica que a classificação não ficará em Laranjeiras.

Roger Machado, porém, tratou de pedir comedimento nas celebrações, ao menos de seus jogadores:

? Vencer fora de casa é sempre bom. Mas se estivesse definido, a disputa terminaria hoje (ontem). Respeitamos muito o Cerro.

O trabalho do treinador mostrou evolução ontem. O que antes ficava na teoria, finalmente pôde ser visto dentro de campo. Foi uma vitória categórica do Fluminense, superior do início ao fim mesmo atuando fora de casa. De quebra, serviu como redenção para vários jogadores contestados pela torcida. O principal deles foi Nenê.

Reserva no Fla-Flu e atuando apenas 45 minutos diante do Sport, o camisa 77 ganhou um voto de confiança de Roger e novamente iniciou entre os titulares na Libertadores. O meia teve atuação decisiva e iluminada. Todos os lances passaram por seus pés, e o Fluminense até que demorou para abrir o placar. Nenê parou no goleiro Jean e no travessão do Cerro antes de finalmente vencer a barreira paraguaia.

Marca na Libertadores

O meia se tornou o jogador mais velho (39 anos e 359 dias) a fazer um gol em mata-mata de Libertadores. Ele superou Carlos Angel López, que marcou com 38 anos e 281 dias na oitavas de final do torneio de 1991, pelo Bolívar. Apesar da vitória tricolor, Nenê não se empolgou com a vantagem:

? Foi um resultado muito importante para a gente. Estivemos melhores praticamente o jogo todo. Algumas vezes vacilamos e poderíamos ter tomado o gol, mas mantivemos a concentração e intensidade. Não tem nada decidida ainda, mas demos um grande passo para a classificação.

As melhores chances da equipe de Roger Machado seguiam o roteiro de roubar a bola no campo de defesa dos paraguaios e criar oportunidades com poucas trocas de passe. Quando conseguia unir intensidade com boa pressão na saída de bola no campo de defesa do Cerro, era quase fatal.

Outro destaque da noite em Assunção foi o volante André, que fez a sua estreia na Libertadores, mas parecia jogar a competição internacional há anos. Tranquilo, sereno e líder em roubadas de bola da equipe tricolor, foi o principal construtor da equipe. Autor do segundo gol da partida, Egídio também teve boa atuação.

O Cerro Porteño agora está diante de uma escrita: nas três vezes que enfrentou equipes brasileiras nas oitavas de final da Libertadores, acabou sendo eliminado. O torcedor tricolor torce e espera que o Fluminense aumente esse número.