Uma vitória épica, como se tornou costume em competições continentais, mudou o rumo do Fluminense e da carreira de Gum. De cabeça enfaixada após ser alvo de uma cotovelada, permaneceu em campo para marcar o gol da classificação à final da Copa Sul-Americana, em 2009. O adversário foi o Cerro Porteño, o mesmo que enfrenta o tricolor nesta terça-feira, às 19h15, em Assunção, no Paraguai, pelo jogo de ida das oitavas de final da Libertadores.

Dali em diante, o Fluminense embalaria rumo a dois títulos de Campeonato Brasileiro e Gum se tornaria um dos líderes deste elenco ? e de uma geração, como ele mesmo fala. A alcunha de ‘guerreiro’ virou um apelido do zagueiro e uma característica da equipe, talvez o motivo de maior orgulho para o defensor, hoje com 35 anos e atuando no CRB.

? Aquele jogo foi muito importante porque marcou a minha carreira, tenho identificação até hoje. Por onde eu passei, o apelido continuou. Eu tinha chegado no Fluminense (em 2009) e jogado algumas partidas pelo Brasileiro, mas aquele jogo pela Sul-Americana foi marcante e gerou reconhecimento da torcida. Até com os meus amigos pessoais esse apelido pegou (risos). Marcou a minha carreira para sempre ? conta o zagueiro.

O que pouca gente lembra é que Gum seria substituído pouco antes de virar o herói decisivo.  Devido a cotovelada de Roberto Nanni, atacante do Cerro Porteño na época, o zagueiro precisou deixar o campo para fazer um curativo. Mas o sangue estava difícil de ser estancado. Cuca, técnico do Fluminense na época, chegou a pedir para os reservas aquecerem.

? Quando cortei o supercilio após uma cotovelada do Nanni, fui para fora e demorou para conseguir estancar o sangue. O Fernando Henrique tentou me ajudar e estava preocupado porque demorei a voltar para o jogo. O Cuca disse que se demorasse muito ia me tirar e eu pedi para ele esperar um pouco. Consegui voltar para o final da partida, ele me mandou para o ataque. Assim tive a oportunidade de fazer aquele gol.

Para a partida desta terça-feira, Gum sabe que se trata de equipes diferentes das de 2009. Perguntado sobre quem pode ser o novo herói, assim como ele, o zagueiro lembrou que o amigo Fred está lesionado e que Nino está com a seleção olímpica. Com isso, torce para que Luccas Claro ocupe esse posto por ser um companheiro de posição.

? É difícil dizer porque tem muitos jogadores com capacidade de definição. Torço pelo Fred (mas ele está lesionado). É artilheiro, ídolo do clube e queria que ele fizesse o gol para levar o Fluminense para a próxima fase. Mas sei que tem vários outros atletas com essa capacidade. Quero desejar sorte ao Luccas Claro, que ele defenda bem e quem sabe possa fazer um gol de bola parada (risos). Por ser companheiro de profissão e posição, torço por ele.

Confira a entrevista completa com Gum:

O GLOBO: Até hoje o Fluminense é chamado de time de guerreiro, muito por causa daquele jogo e muito por sua causa. A imagem da sua comemoração com a cabeça enfaixada virou um símbolo. Qual a sensação?

Gum: Sensação muito especial, muita gratidão. Muito grato a Deus, que preparou um gol com muita garra e vontade. Uma geração ficou marcada. Foi um reconhecimento não só meu, mas de um time todo. Fico honrado e feliz. Começou com aquele presente que Deus me deu. Eu, de Gum Guerreiro, e aquela geração, de Time de Guerreiros.

Quando você ouviu pela primeira vez o grito “Gum, Guerreiro? logo identificou o que a torcida estava cantando? Qual foi seu sentimento em campo?

Quando gritaram “Gum, Guerreiro”, eu identifiquei que tinha algo diferente. Antes era só “Gum, Gum”. Quando veio o guerreiro, foi algo diferente. Foi um sentimento de muita alegria e demorou alguns minutos para entender aquele reconhecimento. Entender a história que estava sendo construída com a camisa do Fluminense. Para mim demorou um pouco para entender as palavras e o que é ser chamado de guerreiro.

O final da partida também foi marcado por uma pancadaria generalizada. Você lembra o que motivou aquilo?

Da briga eu lembro como foi. Muitos jogadores entraram naquela confusão, mas não lembro como começou. Eu estava na defesa, longe da confusão. Estava comemorando olhando para a arquibancada. Não participei também.

Você pretende assistir a partida? Se sim, como, onde e com quem?

Vou estar aqui torcendo, sofrendo muito. Pretendo assistir em casa com a minha família. Estou morando em Maceió e jogando no CRB.