É verdade que uma derrota do Flamengo para o Atlético-MG não chega a ser um revés fora dos planos. Afinal, o time mineiro é tão qualificado quanto o atual bicampeão brasileiro. Mas os 2 a 1 desta quarta preocupam. Além do resultado, não dá para dizer que a equipe jogou bem no Mineirão. Foi uma atuação que mostra um time em queda livre de rendimento e alerta para o futuro ? ainda mais porque na semana que vem inicia a disputa das oitavas da Libertadores.
No Brasileiro, a situação também começa a ficar desconfortável. Com quatro derrotas em oito rodadas, o Flamengo estagnou nos 12 pontos. São dez a menos que o líder Palmeiras. No domingo, recebe a Chapecoense, no Maracanã.
Os desfalques ainda são muitos, e fizeram falta. Mas as fragilidades defensivas e de criação não permitem que eles sejam usados como única justificativa. Rogério Ceni poderia ter extraído mais do que tem em mãos. Como já fez em outros momentos nas últimas semanas.
O treinador até contou com dois retornos: Arrascaeta e Isla, de volta após a eliminação de suas seleções na Copa América. Mas a novidade que mais chamou a atenção foi outra: a escalação de Bruno Viana ao lado de Rodrigo Caio. Uma escolha difícil de ser compreendida. Ceni deixou de dar mais ritmo para Gustavo Henrique para testar um jogador que não entrava em campo há 41 dias e que não vinha jogando bem quando saiu do time. Resultado: a insegurança do zagueiro foi o grande destaque do Flamengo no primeiro tempo, quando a equipe até conseguiu jogar de igual para igual com os donos da casa, ainda que sem nenhum brilho.
Diante de uma primeira etapa de muitas finalizações de ambos os lados mas poucas chances reais de gol, Cuca apostou em uma mudança sutil ? mas que fez toda a diferença. Abriu Savarino, que não vinha tão bem por dentro, para a esquerda, e centralizou mais Zaracho. Foi o suficiente para, em poucos minutos, acabar com o sistema defensivo do Flamengo.
Aos 5, Zaracho acionou Hulk com um belo passe de primeira que tirou Arão da marcação. Pelas costas de Filipe Luis, o atacante tocou para Savarino concluir diante de um Matheuzinho que apenas observou a jogada.
Aos 7, nova pane rubro-negra. Em ligação direta na saída de bola do Atlético-MG, Réver achou Mariano mais uma vez nas costas de Filipe Luis. O lateral cruzou para Savarino, que ganhou de Arão na corrida, marcar o segundo.
A mudança e a reação dos mineiros evidenciam o ponto no qual Ceni mais vem sendo cobrado: a falta de repertório. Nem os desfalques e nem o fato de os adversários cada vez mais saberem como jogar contra o Flamengo fazem o treinador buscar alternativas táticas.
Nos minutos finais, Arão ainda descontou, de cabeça. Mas já era tarde para reagir. Presivível e sem muitos titulares, o Flamengo padece.