Após a reunião entre representantes dos 40 times que disputam as séries A e B, criou-se ainda mais otimista por parte dos dirigentes em torno da criação da Liga de Futebol, que deve substituir o Campeonato Brasileiro. Mas essa mudança de organização, que sairá das mãos da CBF e irá para empresa criada pelos clubes, acontecerá quanto? E mais, quando a bola rolará sob nova administração?  

De acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO, no momento, há apenas um foco: a criação da liga enquanto empresa. O cronograma prevê que essa etapa seja feita em duas fases e seja concluída até o final do ano. O futebol em si será discutido mais à frente.

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Esse processo será liderado pelo advogado André Sica com o auxílio de funcionários de cerca de 20 clubes, especializados em diversas áreas. Esses profissionais fazem parte do grupo de trabalho criado na reunião que aconteceu na segunda-feira, em São Paulo. Eles serão divididos em subgrupos temáticos, como jurídico, marketing, etc. 

O PASSO A PASSO 

O primeiro passo será a definição do modelo de governança, financiamento e o tipo estatutário. Após essas definições, o estatuto da Liga será escrito e submetido aos departamentos jurídicos dos grupos para adaptações subsequente aprovação. Esse processo deve demorar três meses. 

O segundo passo, após aprovação do estatuto, será a implementação da empresa, com a locação de um escritório, contratação de funcionários, executivos, um CEO ou eleição de um presidente, a depender de qual modelo societário for escolhido. Essa fase também deve demorar 90 dias para ser concluída.

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Após essas etapas finalizadas é que a Liga estará apta a começar a trabalhar, o que não significa que estará pronta para organizar o campeonato nacional ? que chegou a ser prometida já para a temporada de 2022. Segundo um integrante do grupo de trabalho, será apenas no final deste ano ou início de 2022 que a Liga começará a conversar com o mercado para definir patrocinados, investidores, direitos de transmissão e outras negociações. 

Apesar de ainda não poder fechar quaisquer contratos, os cartolas já estão ouvindo sugestões. Na reunião que aconteceu em São Paulo, quatro empresas apresentaram propostas. Uma delas é uma companhia recém-criada pelo advogado Flávio Zveiter e pelo consultor Ricardo Fort, ex-vice-presidente Global da Coca-Cola para patrocínios e eventos. As outras três foram a KPMG, a LiveMode e a consultoria Mckinsey. 

QUANDO A BOLA ROLA? 

Apesar dos cartolas desejarem que a competição organizada pela Liga aconteça logo, isso pode não acontecer tão cedo. Segundo fontes, uma edição em 2022 acontecerá apenas se o planejamento dar errado e acontecer uma ruptura com a CBF, que não é o desejo dos clubes.

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Certo mesmo, é que em condições normais, a bola não rola em 2022 sob a administração da Liga. Os dirigentes estão se baseando no sucesso de três ligas: a alemã, a inglesa e a espanhola. Todas elas têm em comum uma ligação com as confederações de futebol nacionais. 

Fontes que integram o grupo de trabalho afirmam que, após a elaboração do estatuto, o CEO ou presidente da Liga, irá conversar com a CBF para levar e ouvir demandas. Pode-se, por exemplo, esperar que os contratos vigentes da CBF se encerrem para que a Liga comece de fato, enquanto competição ? mas não é desejo dos clubes que se espere tanto.