O último dia da fase de grupos da Copa América pode ser considerado uma síntese da primeira etapa da competição. Sem empolgar ninguém, mostrou que o torneio deve ser polarizado entre o Brasil de Neymar e a Argentina de Messi, que só se enfrentam numa eventual decisão. Os dois jogos desta segunda reuniram um pouco de cada uma destas evidências. No Nilton Santos, a vitória magra do Uruguai por 1 a 0 sobre o Paraguai foi mais uma partida apática. Já na Arena Pantanal, o camisa 10 argentino comandou a goleada de 4 a 1 sobre a frágil e eliminada Bolívia.
A expectativa é de que, a partir das quartas de final, que começam na sexta-feira, a Copa América ganhe ao menos em emoção. O torneio, que antes de começar já sofria com a rejeição popular por ser realizado em meio à pandemia de covid-19, não disse a que veio mesmo depois que a bola começou a rolar.
Nos 20 jogos da primeira fase, seis terminaram sem um vencedor. Outros seis tiveram o placar magro de 1 a 0. Ao todo, 45 gols foram marcados, o que dá uma média de 2,25 para cada partida.
Em compensação, outro número é muito mais expressivo. De acordo com o Ministério da Saúde, 198 casos de covid-19 foram registrados na Copa América até a última segunda. São 57 entre jogadores e membros das delegações, 137 prestadores de serviços e quatro da Conmebol (equipe de arbitragem, médicos e logística).
Levando em consideração que o torneio contabiliza 18 dias, a média é de 11 contaminados por dia. Ou seja: a Copa América até agora registra mais casos de Covid-19 do que gols. Uma constatação desoladora.
Enquanto isso, Neymar e Messi formam o contraponto. Relegados da Eurocopa, centro das atenções do mundo do futebol neste fim de temporada europeu, os dois astros usam a Copa América para aumentar seu protagonismo em suas seleções. Com os dois gols sobre a Bolívia, nesta segunda, o meia se isolou ainda mais como maior artilheiro da Argentina, com 75 gols marcados. Ele também se tornou o recordista de partidas pela seleção (148).
Neymar também vem se beneficiando da fragilidade dos adversários. O atacante ja chegou aos 68 gols e ultrapassou Ronaldo como o segundo maior goleador da seleção brasileira. Ele agora só tem Pelé a sua frente. Mas falta pouco para alcançar o Rei do futebol. A distância entre os dois é de apenas nove gols.