No jogo mais animado e disputado do Brasil nesta Copa América, a suada virada sobre a Colômbia (2 a 1) foi suficiente para os dois objetivos de Tite até aqui na competição: se manter em primeiro do grupo para seguir no Rio nas quartas de final; e conseguir as respostas que os testes realizados no time têm trazido. As novas mudanças não surtiram o efeito desejado e a seleção só reagiu no segundo tempo, após sair atrás no placar, quando restabeleceu a maneira de jogar com a qual está mais habituada.
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E isso significa ter uma segunda referência no ataque além de Neymar. O centroavante Firmino saiu do banco no intervalo para abrir os espaços, dar passe para o camisa 10 acertar a trave e marcar de cabeça o gol de empate do Brasil. Os colombianos provocaram dificuldade desde o início, com o golaço de Diaz e muita imposição física. Mas nos acréscimos, a bola parada brasileira também funcionou, e Casemiro deu números finais.
Principal aposta de Tite no terceiro jogo, Éverton Ribeiro não rendeu. Mesmo aberto na direita, era Neymar quem recuava para armar a seleção. E desde cedo recebia dura marcação. O Brasil revidou com o mesmo veneno. Pressionou a defesa para retomar a posse de bola. Mas foi surpreendido em lançamento para Cuadrado, que achou Diaz na segunda trave para acertar um lindo voleio. O gol pilhou mais o Brasil, que não era vazado há seis partidas.
Com dois volantes, laterais tímidos na armação e atacantes de velocidade, restava a Nemar pensar o jogo sozinho. Houve muita dificuldade coletiva em controlar e manter a posse de bola. O time errava nas escolhas de passes. Neymar forçava alguns dribles. E Ribeiro era um mero coadjuvante que acompanhava o lateral esquerdo e Diaz. Sem assumir o protagonismo que se esperava para produzir jogadas de perigo.
Quando precisava retomar a posse após a perda, o Brasil se desgastava. O time mexido deu claros sinais de que precisa refinar movimentos coletivos para fazer a pressão. Normalmente, a bola passa fácil na primeira linha de ataque e só há bote mais preciso com Fred. Que não sai para outros testes não é por acaso. Sua intensidade para recuperar a bola o torna imprescindível para o Brasil sofrer menos e poder incomodar mais o adversário.
Mas o Brasil também não conseguiu ter profundidade no primeiro tempo nem com a volta de Richarlison na esquerda. Gabriel Jesus abriu muito e ficou preso com a marcação. Chegou a inverter de lado para Richarlison jogar por dentro. Pois não havia referência na área. Nenhum dos dois, contudo, demonsturo poder de decidir. Neymar, quando não carregava desde trás, aparecia no comando do ataque para isso.
Nem sempre havia tempo de o camisa 10 armar e chegar para completar a jogada. E os demais jogadores de certa forma o aguardavam para isso, retardando a definição do lance. Com Firmino no lugar de Ribeiro, o Brasil se reencontrou consigo mesmo no segundo tempo. O centroavante atuou centralizado, no pivô, permitindo que Gabriel Jesus e Richarlison tivessem um novo ponto de referência. E Neymar pudesse recuar para armar o jogo sabendo que também tinha um norte, de onde poderia esperar que a bola voltasse na hora certa.
Enfim, a seleção conseguiu o que queria: controlar o jogo. Se após o gol foi em busca do empate e esteve pouco ameaçada, na etapa final Weverton trabalhou menos ainda. Embora o jogo seguisse disputado no meio, o Brasil entrou muito mais na área da Colômbia. Neymar recebeu ótimo bola de Firmino, de calcanhar, driblou Ospina e acertou a trave. A pressão do Brasil aumentou ainda mais com as entradas de Renan Lodi e Paquetá. A seleção igualou a parte física e sobressaiu no quesito técnico. A Colômbia não ameaçou e só se defendeu no fim.
Para a sorte do Brasil, Ospina aceitou a cabeçada de Firmino. Em lance atrapalhado pelo árbitro Nestor Pitana, Que rendeu muia discussão entre as equipes. Na última bola, Casemiro também subiu sozinho e virou o jogo. A parede da Colômbia demorou, mas caiu.
Fonte: O Globo