Representantes de dezenove dos 20 clubes da Série A assinaram nesta terça-feira, no Rio, um documento que foi levado à CBF com a criação de uma Liga para organizar o Campeonato Brasileiro, que hoje é um produto da entidade. A informação foi publicada inicialmente pelo ge.
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Presidentes e demais dirigentes de todas as equipes tiveram um encontro com o presidente interino Antonio Carlos Nunes e outros representantes da CBF, como o secretário-geral Walter Feldman, para entregar o documento na sede da entidade.
A ideia é que a liga se inicie em 2022. A CBF vai emitir nota oficial em seguida. O documento, obtido pelo GLOBO, prevê o convite aos clubes da Série B para participação na liga. Entre eles, Vasco, Botafogo e Cruzeiro.
Na reunião, os clubes pleitearam maior participação nas tomadas de decisão da CBF. E querem participação igualitária em relação às federações nas eleições da entidade.
O movimento tomou corpo em meio ao processo de afastamento do presidente da entidade, Rogério Caboclo, acusado de assédio sexual por uma funcionária. Mas o amadurecimento da ideia já vinha acontecendo em debates nos bastidores.
Antes do encontro, representantes dos clubes se reuniram em um hotel na Barra da Tijuca para alinhar o discurso e finalizar o documento, que tem respaldo jurídico.
Entre os dirigentes presentes na CBF estava o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, acompanhado do vice-geral e jurídico Rodrigo Dunshee. O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, também acompanha a comitiva, assim como Maurício Galiotte, do Palmeiras, e Guilherme Bellintani, do Bahia.
Pela manhã, o presidente do São Paulo, Júlio Casares, publicou um vídeo no Instagram em que defende a união dos clubes por “interesses comuns?.
“Estamos reunidos nesta manhã com os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro para discutir o futuro do futebol brasileiro e a crise da CBF. Mas principalmente estamos discutindo o início de uma organização importante para o futebol brasileiro. Precisamos repensar o futebol, mas com muita união, pensando no produto do futebol, pensando no crescimento do produto e de todos os clubes. Temos de discutir princípios mercadológicos, princípios éticos e de governança?, afirmou.
“Há muito o que fazer, e isso começa já. Por novo calendário, mais planejamento, investimentos e receitas. Por democracia, com equilíbrio, união e trabalho. Sem conflitos, sem ressentimentos. Nós, clubes de futebol, queremos chegar mais próximo do que cada brasileiro espera de nós”, disse Guilherme Bellintani, do Bahia.
O dirigente também falou após o encontro na CBF.
– Viabilizar a partir de já. Entendo que o 15 de junho de 2021 é o ponto de partida de uma nova partida no futebol brasileiro. As premissas estão estabelecidas. União dos clubes, entendimento comum do que é preciso fazer. Os clubes mostraram a maturidade que têm. O debate varou a noite de ontem, continuou hoje de manhã. Foi um primeiro passo importante. Não temos nenhum interesse em entrar em conflito com a CBF. Vamos continuar discutindo, queremos ter mais participação na política da CBF, como a igualdade no peso dos votos e o fim do filtro político para candidaturas – disse Bellintani ao Ge.
Na saída da reunião, o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, afirmou que não é desejo dos clubes entrar em atrito com a CBF.
– Não é um movimento de ruptura, mas é o momento de organizar. Os clubes têm condições para isso. A CBF nos ouviu. Nós queremos organizar o Campeonato Brasileiro ‘ afirmou.
O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, comemorou a iniciativa e destacou exemplos que existem de outros países:
– Os clubes entenderam que precisavam assumir cada vez mais o protagonismo no futebol brasileiro, participando mais ativamente do processo de escolha do presidente e do vice da CBF, com votos igualitários entre federações e times da Série A e Série B. Além disso, a criação de uma liga tem o objetivo de maximizar receitas, ofertar um produto de maior qualidade e maiores vantagens comerciais. Se os alemães, espanhóis e italianos fazem isso, nós brasileiros também podemos fazer. Essa mudança também é positiva para a CBF, que terá um processo eleitoral mais democrático e participativo, com melhorias na Série A.
Também presente no encontro, Walter Dal Zotto, presidente do Juventude, comemorou:
– A formação da Liga é um momento histórico para o futebol brasileiro. Pela primeira vez vemos essa grande evolução, com os presidentes de todos os clubes demonstrando unidade em prol da criação de novo calendário, investimentos e receitas.
O Sport foi o único clube da Série A que não assinou o manifesto porque está sem presidente. Milton Bivar pediu renúncia e novas eleições serão convocadas no clube pernambucano.
Federações estaduais
No entanto, não há uma liderança no processo, todos os clubes estão junto nessa ideia. A principal motivação são as dificuldades financeiras oriundas da pandemia, que prejudicou as receitas de todos.
Para a criação de uma liga, segundo o artigo 24 do estatuto da CBF, é necessário a aprovação das federações estaduais, que tirariam poder de si e passariam aos clubes, com o aval da chamada Assembleia Geral Administrativa da CBF.
O modelo em vista de ser adotado é inspirado no que acontece na Espanha, em que a LaLiga cuida das duas principais divisões do futebol nacional, enquanto a Federação Espanhola trata das demais competições.
Fonte: O Globo