Tite escapou sem arranhões da maior crise que viveu desde que assumiu a seleção brasileira, em 2016. Pelo contrário. O treinador caminha para sua segunda Copa América fortalecido entre os jogadores e sem seu maior opositor no caminho: Rogério Caboclo.

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O técnico e o restante da seleção tiveram o dia de folga. À tarde, o treinador divulgou a lista de jogadores convocados para a Copa América. Não houve surpresas. Ele manteve os 24 convocados para os jogos das Eliminatórias. Rodrigo Caio, que reforçou o grupo devido à lesão de Thiago Silva, retornou ao Flamengo. A Conmebol ampliou o número de inscritos para a competição para 28, com a alegação de oferecer às equipes uma margem maior de opções para o caso de perda de jogadores por Covid-19. O prazo final para o repasse dos nomes é esta quinta-feira. Ainda assim, o Brasil deve optar por manter uma lista mais enxuta.

Os jogadores retornam da folga na sexta-feira e se reapresentam em São Paulo, onde treinam. Com o grupo novamente reunido, a seleção inicia a preparação para a partida de estreia na Copa América, domingo, contra a Venezuela, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, apesar de terem se posicionado contrários à realização da competição.

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A contrariedade à competição não foi consenso entre os jogadores. Atletas mais novos, que ainda não se sentem consolidados no grupo de Tite, vislumbram na Copa América uma oportunidade para somarem pontos de olho na Copa do Mundo do Qatar. Os mais veteranos reclamaram da competição depois de um calendário exaustivo no futebol europeu e apenas dois anos depois da última edição, também realizada no Brasil.

Para superar a turbulência e tensão dos últimos dias, Tite se apegou ao trabalho nas duas partidas pelas Eliminatórias, contra Equador e Paraguai. Ele dedicou a manutenção dos 100% de aproveitamento nas Eliminatórias aos seus auxiliares.

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O técnico disse, depois da vitória sobre o Paraguai, que não era “alienado e nem hipócrita? quando questionado sobre o que acontecia nos bastidores da CBF. Um dos rumores afirma que o presidente da entidade, responsável pelo convite a Xavi Hernández para fazer parte da comissão técnica da seleção, não havia desistido de ter um estrangeiro à frente da equipe. Uma derrota na Copa América poderia custar o cargo do brasileiro.

Com os jogadores, a relação ficou fortalecida, como suporte dado de lado a lado. Quando chegou ao seu conhecimento o descontentamento do grupo com a realização da Copa América, entre ficar do lado de Caboclo e abraçar a causa do elenco, Tite fechou com os atletas, muitos deles convocados desde sua primeira lista, cinco anos atrás.

As mensagens que correm pela CBF são tranquilizadoras para Tite. Coronel Nunes, presidente em exercício, defende sua permanência até a Copa do Qatar, quando encerra o atual contrato. Rogério Caboclo, afastado, é considerado carta praticamente fora do baralho na entidade. Sua sucessão já é articulada ativamente, ainda que o dirigente prometa se defender e comprovar sua inocência ao Comitê de Ética. Mas ele está cada vez mais isolado depois da acusação, com provas em áudio, de episódios de assédio sexual e moral a uma funcionária.

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Passado o período de maior turbulência, a seleção brasileira volta suas atenções para a conquista de mais uma Copa América. Nas últimas dez edições, foram cinco títulos brasileiros, dois uruguaios, dois chilenos e um colombiano.

A meta da CBF é assumir a hegemonia também em termos continentais, tarefa que ainda está distante. Os maiores vencedores da América do Sul são o Uruguai, com 15 títulos, e a Argentina, com 14. O Brasil aparece atrás dos dois países, com nove vitórias.