Eliminada após perder por 2-0 para a KRÜ Esports, da América Latina, a Sharks Esports deu adeus ao Masters Reykjavík de VALORANT, o primeiro campeonato internacional da modalidade.
Conversamos com gaabx, o grande destaque da campanha dos Tubarões desde o VCT Brasil até o Masters. O Duelista frisou que o Brasil está entre as melhores regiões do mundo no jogo, vence na troca de tiro na maioria dos casos, mas perde em diversidade estratégica.
Leia os destaques da entrevista abaixo:
Balanço do VALORANT Masters
Foi uma experiência incrível para a gente, participar do primeiro campeonato internacional. É para poucos, e fico muito agradecido por esta oportunidade que Deus me deu. A experiência é o que conta, apesar de só termos vencido um mapa contra a NUTURN. Neste contra a KRU entramos perdidos, sem saber o que fazer, sem resolver os problemas de segunda-feira. Infelizmente não deu.
Da minha parte fico muito feliz! Tirando um pouco do time, falando individualmente, meu sonho sempre foi ir para outro país, então realizei meu sonho, jogar o que eu mais gosto fora do Brasil, fico muito feliz e agradecido.
Problemas com estilo de jogo
A NUTURN veio com um estilo coreano que se manteve, nós viemos com um estilo brasileiro, tivemos alguns treinos bons e outros ruins, mas não mantivemos nosso estilo, mudamos e isso foi um erro. A KRU já tinha treinos fortes contra a América do Norte, então veio muito forte. Como não soubemos o que fazer com relação ao estilo de jogo, isso nos puniu, foi a principal diferença. Fica como aprendizado para a próxima vez não acontecer novamente.
Meta do campeonato
É um pouco de tudo, cada time que treinamos era um estilo de jogo diferente, por exemplo: domina um lugar e deixa o outro, times que são agressivos e outros recuados. Nosso estilo é trocação de tiro, e vacilamos um pouco nos agentes, não estávamos tão confortáveis como gostaríamos, então foi o ponto mais negativo. Somos um tiro de dois duelistas que troca tiro comigo e o prozin. No Brasil começamos a mudar isso antes de vir para cá, mas não funcionou. É rever as VODs, ver o que erramos e tentar mudar e adaptar para as próximas oportunidades.
Só trocar tiro não é o suficiente
Exatamente, acho que só trocar tiro não ganha jogo. Tanto que acho que de todos os times que treinei, e treinamos com Europa, América do Norte, América Latina, enfim, treinamos com todos os times e mesmo assim e os mais difíceis ainda foram o mwzera e o Jonn, da Gamelanders no Brasil. Estamos muito à frente na trocação, mas as estratégias são muito diferenciadas. Não perdemos pela mira, e sim por outros fatores. Temos muita dificuldade na parte estratégica. Precisamos voltar a assistir VODs, não só jogar seis ou sete mapas por dia, é fortalecer a parte tática mesmo, rever jogos e treinar botando isso em prática. Execução, trocação, usar as habilidades, todas as pequenas coisas que fazem a diferença.
Mentalidade da região brasileira
Esse é o problema, não depende só da Sharks e Vikings. Os outros times precisariam viver o que a gente viviu para entender como foi. Se voltarmos e falarmos o que tem que mudar ninguém vai acreditar, vão querer manter o que fazemos. Para ter um estilo europeu, mais estratégico, precisa passar um tempo aqui treinando. Voltar e tentar mudar a força não é o jeito, no Brasil é muito “cachorro?, e não se aprende assim, e sim jogando contra os melhores. Para o Brasil o único jeito de fazer seria a VKS e a gente trocar uma ideia com os melhores times para mudar aos poucos, mostrando que a diversidade estratégica é o que ganha. Jogar com dois duelistas infelizmente posso atestar que está ultrapassado e precisa mudar, porque se não vem pra cá e vai passar perrengue. Passamos por isso, não conseguimos nos adaptar em uma semana e fomos eliminados. Se tiver que jogar com dois duelistas no Brasil para vencer, vamos fazer isso, mas chegando em Berlim (Mundial), vamos precisar nos adaptar com o dobro de velocidade para dar certo.
Panelinha de treinos seria opção?
Acho que não seria tão benéfico, já que cada um tem seu estilo de jogo e pode ganhar de qualquer um. O VALORANT é muito novo, e se fecharmos em uma panelinha a gente perde isso. Todos precisam jogar contra todos para tirar novas ideias. Nunca fui bom desde o começo, e melhorei jogando com os melhores, então preciso dar essa oportunidade também. Vamos treinar com todos para aprenderem com a gente e vice-versa, com certeza pegamos algo em todas as scrims, então não acho que uma panela seria o caminho.
Dança das cadeiras no Brasil
Time que muda muito tende a perder, por isso somos uma unidade só. Se estamos unidos e aprendendo com nossos erros, treinando e estudando, podemos melhorar muito. Se outras equipes estão mudando é melhor para nós, já que conhecemos todos, conseguimos sair na frente. Se você perdeu não pode pensar imediatamente em mudar, e sim em melhorar. É assim que se constrói uma equipe forte. Ninguém é melhor que ninguém, um time é um time, por isso a Sharks é tão unida e conseguiu chegar à Islândia.
Bootcamp seria o diferencial?
Teria feito muita diferença se tivéssemos chegado antes. Perdemos dois dias com protocolos de saúde. O ideal seria chegar duas semanas antes em um bootcamp e começar na frente. A Sharks é portuguesa, então temos essa opção que só não foi utilizada por causa do COVID. Numa próxima oportunidade é importante que consigamos chegar com antecedência.
Vikings no Masters
Desde quando saímos do Brasil estava claro que a Vikings estava à frente de nós. São muito versáteis, os dois duelistas conseguem jogar com qualquer agente, Saadhak e Sacy são diferenciais, é um time completo. Infelizmente não conseguimos com a Sharks, mas a VKS com certeza vai fazer um bom campeonato e está muito mais preparada nesse meta europeu e de táticas, por isso estão indo bem. Se Deus quiser trarão esse título para o Brasil.
Nível brasileiro no VALORANT
Estamos entre as melhores regiões do VALORANT, com certeza. Por mais que não tivemos uma campanha tão boa, nos treinos demos muita bala. Nos perdemos no estilo de jogo e táticas, mas a Vikings está jogando de igual para igual contra as melhores do mundo. Gamelanders ou FURIA também teriam mostrado um bom trabalho. Neste campeonato fomos nós e a VKS, mas qualquer um seria muito legal assistir. Temos um nível legal e teremos boas oportunidades de levantar um troféu internacional no futuro.
A Sharks Esports dá adeus ao Masters de VALORANT, somando pontos importantes para a classificação ao mundial da modalidade a ser disputado no final do ano em Berlim (Alemanha). Ao Brasil, resta torcer para a Vikings, que joga atualmente contra a Sentinels, uma das melhores equipes do mundo.
Fonte: The Enemy