Phil Foden é capaz de arrancar elogios do torcedor inglês mais exigente. A expectativa com o atacante de 20 anos é enorme, do tamanho da responsabilidade que o jogador carrega na final da Champions, contra o Chelsea: apesar da pouca idade, barrou ao menos três jogadores de muito mais história na equipe e no futebol: Aguero, Gabriel Jesus e Sterling.
Do outro lado, terá pela frente o menos empolgante Mason Mount, de 22 anos. Em uma equipe de astros como Thiago Silva, Kanté e Werner, é o meia quem mais jogou na temporada, o que se destaca ainda mais quando se leva em consideração que sua titularidade não esteve ameaçada nem na troca de técnicos que os Blues experimentaram, com Thomas Tuchel no lugar de Frank Lampard.
Os dois são exemplos de uma geração talentosa de jogadores que cresce na Inglaterra, fruto de um investimento forte dos clubes nas categorias de base, e que desmonta a tese de que apenas dinheiro explica a boa fase dos ingleses nas competições europeias – essa é a segunda final da Champions entre times do país em três temporadas.
Além disso, Foden e Mount atendem a uma demanda latente dos torcedores ingleses, há muito já percebida pelos proprietários globais dos maiores clubes da Terra da Rainha. Em meio a jogadores de tantos lugares, culturas e línguas diferentes, é preciso haver ao menos um rosto com o qual o britânico possa se identificar.
– Para os torcedores dos clubes ingleses, é importante ter ao menos um jogador formado em casa para gerar essa identificação – explica Ian Doyle, jornalista inglês do Liverpool Echo: – Liverpool tem Trent Alexander-Arnold e Curtis Jones. Manchester United, Marcus Rashford e Mason Greenwood. Mesmo com dinheiro para comprar qualquer jogador do mundo, eles entendem o valor de terem jovens jogadores locais.
Investimento ajuda seleção inglesa
Para isso, eles precisam investir muito também nas categorias de base. Foden é o queridinho da torcida desde que foi eleito o melhor jogador do título mundial sub-17 que os ingleses conquistaram em 2017. Ele saiu das categorias de base do Manchester City, cuja infraestrutura para base é considerada uma das melhores do mundo.
O Chelsea não fica muito atrás. Estará no banco de reservas contra o Manchester City, sábado, no Porto, Callum Hudson-Odoi, companheiro de time de Foden naquele mundial vencido sobre a Venezuela de Soteldo. No mesmo ano, a equipe sub-20 da Inglaterra também foi campeã mundial. Mount, velho demais para estar na equipe de Foden, mas jovem comparado a outros jogadores do sub-20, ficou no limbo.
O destaque mesmo veio essa temporada, tanto que ele foi lembrado por Gareth Southgate na pré-convocação para defender a Inglaterra na Euro que começa no próximo mês, na mesma lista que conta com Foden e outros 14 jogadores com 24 anos ou menos entre os 33. O mais novo é Jude Bellingham, meia de apenas 17 anos que defende o Borussia Dortmund.
O investimento dos clubes na formação de jogadores visa benefício próprio, seja na formação de um jogador capaz de agregar qualidade ao elenco e ganhar o coração da torcida local, seja na possível venda, caso ele não atinja o nível que elencos globais como os de City e Chelsea possuem. Por tabela, a seleção inglesa, se beneficia. A decisão da Champions servirá para o mundo olhar também para os garotos ingleses que podem, quem sabe, acabar com a eterna seca de títulos do English Team.
– Ter tantos jogadores jovens despontando ao mesmo tempo pode ser coincidência, isso já aconteceu com outros países, como França, Alemanha e Espanha, mas não é totalmente um acidente. E se você perguntar minha opinião, se Foden continuar evoluindo, ele pode facilmente sw tornar o melhor jogador inglês dos últimos dez anos. Eu não ficaria surpreso se ele for decisivo na final da Champions e também na Euro – afirma Doyle.
Fonte: O Globo