Isis e Diogo Calixto são daqueles torcedores que não poupam esforços para estar junto ao Fluminense. Um fanatismo tão grande que sai dos gramados e entra na vida pessoal do casal. A paixão é tamanha que quando o primeiro filho nasceu, eles resolveram homenagear o ídolo Fred, destaque do time que enfrenta o Santa Fe, às 21h, pela Libertadores. E eles não estão sozinhos. Não são poucos os tricolores que têm demonstrado gratidão e idolatria ao artilheiro batizando seus filhos.
Frederico Calixto, de um ano e seis meses, ainda não sabe que tem esse nome por causa do camisa 9, mas irá aprender como o ídolo foi fundamental para a mãe frequentar arquibancadas. Antes, ela não ligava para futebol, mas virou Fluminense devido à influência do artilheiro e do marido.
? Quando soubemos que ia ser um menino, ela disse que não tinha ideia de nome. Aproveitei a oportunidade e disse Frederico. No almoço que programamos para contar aos nossos familiares, minha irmã mais nova perguntou se era por causa “do jogador” e virou uma brincadeira entre as famílias ? conta Diogo.
Já Filipe Arauco, ou Phill como é conhecido, teve um pouco de “sorte”. Não que Frederico Raphaelli, 5 anos, não fosse receber esse nome, mas a história é diferentes quando contada por ele ou por sua esposa, Erena Ksepka. Para o pai, é por causa do atacante. Para a mãe, devido a um projeto de trabalho.
? Quem deu a ideia do nome foi ela, mas não associou ao jogador. Ela gosta do nome Frederico, mas não ia querer se estivesse só associado ao jogador. Depois de alguns meses, ela quis dar para trás (risos) ? brinca Phill, que rapidamente é corrigido por Erena.
? Sou designer de interiores e, quando estava grávida, fizemos um quarto de um menino que se chamava Frederico. Era uma graça. Óbvio que eu sabia quem era o Fred, mas associei ao Fredinho do escritório. Ao longo da gravidez, comecei a reparar, mas já estava afinada com a decisão.
Fenômeno popular
De acordo com o Censo Demográfico do IBGE, o nome Fred é o 2.075º mais popular do Brasil. Já Frederico vai melhor (684º). Os nascimentos por década têm gráficos parecidos com auge entre 1970 e 1980, muito por influência do cantor Freddie Mercury. Não dá para saber se a nova crescente nos anos 2000 é por causa do camisa 9, mas a torcida do Fluminense tem ajudado a subir o número.
Para Éros Mendes, mestre em Ciências Sociais pela PUC-Rio, essa crescente é um fenômeno popular no futebol. Quem torce para o Flamengo tende a ter preferência por Arthur, para homenagear Zico. Não são poucos os Romários ou Ronaldos espalhados pelo país.
? Estamos falando de jogadores de futebol que tem uma fama extremamente positiva e atraem esse fenômeno. Existem ciclos no futebol, como muitos sendo batizados como Romário. Até quem não é brasileiro tem essa imagem do ídolo. Os pais ajudam esse imaginário a ser alimentado ? afirma o especialista.
Esse carinho quebrou uma tradição na casa de Monike Lourinho. Ao saber que estava grávida, bateu o pé para que a criança se chamasse Fred. O problema é que na família de Nelson Gomes, seu marido, todos os filhos homens tem o nome do pai. Neste caso, ela venceu e Frederico Massal hoje tem quatro anos.
? Quando descobri a gravidez, queria que fosse menino e ele já tinha o nome. Antes de descobrir o sexo, já o chamava assim. Foi um processo de aceitação, pois na família do Nelsinho tinha essa tradição. Quebramos um paradigma, mas até pouco tempo meu sogro o chamava de Fred Nelson ? brinca Monike.
Mas e se ele decidir torcer para outro time? Na família Colonezi, também não houve dúvida na hora de escolher o nome do filho. E não passa pela cabeça dos pais a possibilidade de Frederico, 8 anos, resolver torcer por outro time.
? Essa hipótese jamais existiu, ele é tricolor desde antes de nascer ? brincam Carolina e Marcelo.
Agradecimento do ídolo
Fred, o original, camisa 9 do Fluminense, está ciente deste movimento e admite faltar palavras. Ele agradece ao carinho dos torcedores.
? Veio um aqui [no CT do Fluminense], tirei foto com eles. Tem a Patricia, filha do funcionário [que colocou o nome do filho de Fred]. Conheço uma galera. Tem a de Curitiba, mãe da Maria Clara, que tem um Fredinho também. Tem várias histórias legais. É muito especial. Tem um monte de cachorro nas famílias que são Fred, Conca, Deco… para homenagear.
Fonte: O Globo