Quando Neymar se transferiu para o Paris Saint-Germain, em 2017, a capital francesa entrou em festa. Uma mensagem de boas-vindas na Torre Eiffel mostrou o tamanho do prestígio do brasileiro com o povo francês. A repercussão da renovação de seu contrato até junho de 2025, anunciada neste sábado, foi bem mais fria. Ao técnico Maurício Pochettino, foi perguntado se ela poderia ser um trunfo para convencer Kyllian Mbappé a permanecer.

? Ao prorrogar com Neymar, o clube mostrou quais são suas ambições a curto, médio e longo prazo ? esquivou-se o treinador.

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O vínculo de Neymar com o PSG ia até junho de 2022. Aos 29 anos, ele permanecerá no clube francês até os 33 caso o compromisso seja cumprido até o fim. Existe ainda uma cláusula que permite a renovação deste contrato até 2026.

Em termos de idade, o meia-atacante está no auge. Ele deixou para trás o velho sonho de regressar ao Barcelona e a possibilidade de fazer parte da Premier League, hoje indiscutivelmente a liga de mais alto patamar técnico do futebol mundial. Escolheu permanecer na Ligue 1, onde não encontra o mesmo nível de competitividade que em outros países e, para completar, o jogador não goza mais do mesmo prestígio de outrora.

Não é novidade que Neymar nunca lidou bem com críticas e contestações. Na França, elas estão cada vez mais comuns. Vide a responsabilização dada a ele pela eliminação na semifinal da Liga dos Campeões deste ano. Qual o recado, então, que o brasileiro passa ao renovar com o PSG no auge de sua idade?

? Meu objetivo, quando cheguei, era colocar o Paris Saint-Germain no topo, entre os melhores. E estamos cada vez mais próximos. Estamos acumulando cada vez mais experiência para resistir a estes tipos de jogos, para saber como disputar uma Liga dos Campeões. E Paris está no caminho certo. Estamos cada vez mais perto do nosso objetivo e sentimos cada vez mais vontade de ganhar a Champions League aqui. Tenho certeza que podemos fazer isso ? disse.

 

A Liga dos Campeões virou uma obsessão para Neymar. Ele sabe que é o caminho mais curto para a conquista das principais premiações individuais. Neste sentido, seus interesses estão alinhados com os do PSG, que também trabalha em função de atingir o topo da Europa. E o clube francês, de fato, tem subido degraus nesta caminhada. Esteve entre os quatro primeiros colocados nas últimas duas temporadas, sendo, inclusive, finalista de uma delas. Há motivos para o brasileiro acreditar que a vez dos Rouge et Bleu está chegando.

As primeiras informações dão conta de que o lado financeiro não pesou tanto quanto o esportivo. Segundo o jornal francês “L?Équipe?, o brasileiro terá seu rendimento anual reduzido. Antes da renovação, seus vencimentos chegavam a 36 milhões de euros anuais (R$ 228,6 milhões). O novo acordo prevê que, a partir de agora, este ganho será de cerca de 30 milhões de euros (R$ 190,5 milhões). O novo acerto prevê ainda uma bonificação de 10 milhões de euros (R$63,5 milhões) pela conquista da Liga dos Campeões.

? Em quatro anos mudei muito, aprendi muito. Também aconteceram coisas que não deveriam ter acontecido. Tivemos lutas, alguns momentos tristes, mas a evolução dentro do clube tem sido ótima. Estou feliz, tenho orgulho de fazer parte da história do Paris Saint-Germain. E, depois, acho que melhorei como pessoa, como ser humano, como jogador também ? prosseguiu o brasileiro.

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Reforçar o vínculo de Neymar era, de fato, a menos complicada das missões da diretoria francesa. O clube terá mais trabalho para convencer Mbappé, cujo contrato também termina daqui a um ano, a permanecer em Paris. Segundo a imprensa europeia, o atacante de 22 anos já está decidido a deixar a Ligue 1. Embora não haja acerto, o Real Madrid é apontado como seu próximo destino.

Ao contrário de Neymar, Mbappé está preocupado com o baixo nível técnico da liga francesa. Enquanto o camisa 10 já atingiu seu auge, ele sabe que ainda está em evolução. E teme que ela seja atrapalhada pela pouca competitividade do país. Neste sentido, manter o brasileiro é um recado da diretoria de que o PSG é lugar para os jogadores de elite.

É com esta mesma lógica que a renovação de Neymar também é vista pelos franceses como um trunfo para atrair Lionel Messi. O argentino, cujo contrato com o Barcelona está em vias de terminar, nunca escondeu sua afinidade com o brasileiro. Mas ainda não bateu o martelo sobre seu futuro.

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A Neymar, agora, resta aguardar os próximos passos da diretoria para saber com que time poderá contar. Se virar uma liderança solitária, não será nenhuma surpresa ele buscar uma mudança de ares antes do fim do vínculo. Caso jogue no PSG até os 33 (ou 34), ainda terá espaço na elite europeia, desde que aceite contratos curtos. O mercado tem mostrado que jogadores desta faixa etária já não são desvalorizados como antes. Fernandinho e Thiago Silva, ambos com 36, servem de exemplo. Os dois disputarão a próxima decisão da Champions por Manchester City e Chelsea, respectivamente. A tão aguardada volta ao Brasil também passa a ser opção.

De toda forma, ainda é cedo para especular sobre o futuro a médio prazo de Neymar. Fã e garoto-propaganda de pôquer, ele apostou alto. O momento é de acompanhar o resultado da jogada.