O 1 a 1 entre Fluminense e Junior Barranquillla não foi um duelo bom de se assistir. Principalmente para a torcida tricolor, que viu seu time errar excessivamente e ter muita dificuldade para criar. Mas, neste caso específico, é injusto considerar apenas os 90 minutos de jogo. Levando em consideração que as dificuldades se impuseram muito antes de a bola rolar e que a equipe ainda foi prejudicada pela arbitragem, o empate em Guayaquil, no Equador, merece ser exaltado.

O ponto conquistado valeu a liderança do Grupo D para os tricolores. O time terminou o primeiro turno com cinco, mesma pontuação que o River Plate. Mas os brasileiros levam vantagem no número de gols marcados (4 contra 3). Agora, farão dois duelos seguidos no Maracanã, o que permitirá definir a classificação para as oitavas em casa. O primeiro deles é na próxima quarta-feira, contra o Santa Fe, da Colômbia.

? Sabíamos que ia ser um jogo muito difícil. Mas lutamos até o final e conseguimos sair com este empate. Fico muito feliz pelos cinco pontos e pela liderança. Este grupo trabalha muito duro e vem conseguindo alcançar seus objetivos ? enalteceu Luiz Henrique.

É importante lembrar que, para chegar até o Estádio Monumental de Guayaquil, o Fluminense precisou encarar um deslocamento de mais de 6,6 mil quilômetros. Tudo por causa da decisão da Conmebol de ignorar o cenário de protestos nas ruas e mortes na Colômbia (por causa da reforma tributária anunciada pelo governo) e confirmar a partida para Barranquilla. A sede do duelo só foi alterada quando os tricolores já estavam no país.

Situação semelhante já havia ocorrido na semana passada, quando o clube enfrentou o Santa Fe. Na ocasião, contudo, o duelo saiu de Bogotá para Armênia, no próprio país. O motivo foram as medidas restritivas para conter o aumento de casos de Covid na capital. Somando os dois périplos, o Fluminense viajou mais de 16 mil quilômetros em pouco mais de uma semana.

O jogo

Diante de todo o contexto de incerteza em relação ao local da partida e muitos deslocamentos, chega a ser compreensível que a técnica e a tática tenham ficado em segundo plano já no começo do jogo. Para completar, a arbitragem entrou como um ingrediente extra. Com pouco controle sobre a parte disciplinar, o chileno Julio Bascuñan ajudou a deixar o jogo tenso. Só nos primeiros 45 minutos foram seis cartões amarelos, sendo três para cada lado.

O maior prejuízo da arbitragem à disputa, contudo, foi ao assinalar um pênalti inexistente de Kayky em Fuentes, logo aos 8 minutos de jogo. Como não há VAR na fase de grupos da Libertadores, o lance não pôde ser revisto. Na cobrança, Borja (que pertence ao Palmeiras e está emprestado) converteu com segurança.

Apesar do erro da arbitragem, a verdade é que, já naquele momento do jogo, o Junior pressionava. Como nas partidas anteriores, o Fluminense teve pouco a bola nos pés. No primeiro tempo, foram apenas 39% de posse. Parte disso se deve à estratégia, já que sob o comando de Roger Machado a equipe se tornou mais reativa. Mas também ao excesso de erros de passes e a dificuldade em construir. Fred praticamente não foi acionado na etapa inicial.

Mesmo com estes problemas, a reação veio rápido. Aos 19, Luccas Claro desviou cobrança de escanteio. A bola sobrou para Kayky, bem posicionado na altura da segunda trave, empatar. Uma curiosidade: foi o primeiro gol do time na Libertadores que não saiu dos pés (ou da cabeça) de Fred.

Na volta do intervalo, com os ânimos mais controlados, as emoções saíram de cena e o duelo se tornou mais estratégico. O Fluminense adiantou suas linhas de marcação para levar o adversário ao erro. Conseguiu chegar mais na frente e por pouco não virou, aos 6, numa cabeçada de Fred.

Mas foi o Junior quem conseguiu criar as melhores chances. Com uma troca de passes rápida, furou as linhas tricolores em diversos momentos e obrigou Marcos Felipe a fazer defesas difíceis. Aos 30, Pajoy chegou a acertar o travessão.

As mudanças promovidas por Roger, que alterou todos homens de frente, não surtiram efeito. O Fluminense passou os últimos 15 minutos apenas focado em não sofrer mais um gol, o que conseguiu fazer. Àquela altura, sabia que o ponto solitário em Guayaquil podia ser encarado como vitória diante todas as dificuldades enfrentadas antes mesmo da bola rolar.