Sempre ativo na internet, o atacante Richarlison, do Everton, usou sua conta oficial no Twitter nesta sexta-feira para dar um recado: vai abandonar as redes sociais por alguns dias. A decisão do brasileiro faz parte de um movimento contra o abuso e a discriminação online que atletas atuantes na Inglaterra têm sofrido nos últimos meses. A Premier League e outras entidades do futebol inglês pedem uma mudança de postura das empresa donas dessas plataformas de mídia.
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A mobilização, que já ganhou adesão de grandes jogadores, clubes, veículos de imprensa, e das principais entidades do futebol inglês, conquistou ainda o apoio da Uefa, em um posicionamento inédito da federação sobre o assunto. Juntos, eles anunciaram um boicote organizado de quatro dias a redes sociais como Twitter, Facebook e Instagram a partir desta sexta-feira.
Além de Richarlison, nomes como Alexandre Lacazette, do Arsenal; Gareth Bale do Tottenham; Mateo Kovacic, do Chelsea; James Mllner, do Liverpool; e Jesse Lingard, do United, fizeram postagens com a hashtag #StopAbuseOnline (pare o abuso online) como forma de apoio ao movimento.
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O presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, pediu que jogadores, clubes e associações denunciem esses casos. Um levantamento realizado pelo Manchester United entre os atletas dos times masculino, feminino e das categorias de base mostra que esse tipo de ataque teve aumento de 350% desde 2019. Os jogadores receberam mais de 3.300 mensagens abusivas em suas redes desde setembro daquele ano, e 86% delas foram de cunho racista.
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O United é um dos clubes que participam da mobilização, iniciada hoje, às15h (no horário local, 11h de Brasília).
? Ao participar deste boicote neste fim de semana, nós, juntamente com o resto do futebol inglês, queremos lançar luz sobre o assunto. Isso vai gerar debate e discussão, e vai aumentar a conscientização sobre os níveis de abuso que nossos jogadores e torcedores sofrem ? disse o diretor administrativo do clube, Richard Arnold, ao jornal “The Sun”.
O clube de Old Trafford inclusive agiu contra seis de seus próprios torcedores por ofenderem Heung-Min Son, do Tottenham, nas redes sociais após o clássico entre as duas equipes, no último dia 11 de abril.
Em setembro, no início da temporada 2020-21, a organização Kick It Out revelou um aumento de 42% nas denúncias de discriminação. A instituição que luta por inclusão e igualdade no futebol inglês afirma ainda que relatos de racismo em partidas do profissional aumentaram 53%, embora a grande maioria delas tenha acontecido com portões fechados.
“As contas em redes sociais da Premier League ficarão silenciadas até terça-feira, 4 de maio. O abuso online deve parar. As plataformas de mídia social devem fazer mais”, diz uma publicação da Premier League no Twitter. A entidade fez um série de posts sobre o assunto.
É a primeira vez que o esporte inglês se une desta maneira para protestar contra o abuso online. Algumas das modalidades mais populares no país como o ciclsmo, o críquete, o rigby, e o tênis se juntaram ao futebol inglês no boicote. Entidades da Escócia e do País de Gales também estão envolvidas, além de emissoras, jornais esportivos e marcas como Adiddas e Budweiser.
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Pilotos como Lewis Hamilton, Nico Rosberg, Charles Leclerc e Pierre Gasly se manifestaram sobre o assunto em suas redes e se juntaram ao boicote. Já a organização da Fórmula-1 disse que está “totalmente empenhada em combater qualquer forma de racismo”, mas que continuará a trabalhar com essas plataformas.
O que dizem as redes sociais
O Twitter ? rede onde o movimento se mostrou com mais força ? divulgou um comunicado dizendo que o racismo é uma “questão social profunda e complexa”, e que está empenhado em fazer sua parte para identificar formas de resolver este problema tanto dentro quanto fora da internet.
“Comportamento racista, abuso e assédio não têm absolutamente nenhum lugar em nosso serviço e, ao lado de nossos parceiros no futebol, condenamos o racismo em todas as formas. Estamos firmes em nosso compromisso de garantir que a conversa sobre futebol em nosso serviço seja segura para os torcedores, jogadores e todos os envolvidos no jogo”, afiirma o documento.
Na semana passada, o Instagram havia anunciado uma ferramenta que permite aos usuários filtrar automaticamente mensagens abusivas de pessoas fora de sua lista de “seguindo” na plataforma.
Já o Facebook disse, em fevereiro, que tomaria medidas mais duras para resolver o problema e que iria “além do que prometeu fazer até agora”. Na época, alguns órgãos dirigentes do futebol escreveram uma carta conjunta ao chefe do Twitter, Jack Dorsey, e ao fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, cobrando medidas efetivas no combate ao ódio nas redes.
Fonte: O Globo