André Calvelo, de 20 anos, que teve resultado analítico adverso para um esteroide anabolizante, em exame surpresa da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), poderá pegar até quatro anos de suspensão, caso fique comprovado o uso intencional da substância drostanolona.

O lutador Anderson Silva já foi pego em exame antidoping, em 2015, pelo uso da mesma substância. Em julgamento da Comissão Atlética de Nevada (NAC), Anderson pegou um ano de suspensão (além da drostanolona, seu exame apresentou androsterona).

André terá de explicar como o anabolizante apareceu em seu corpo e provar uma contaminação involuntária. Pode ter pena inferior a quatro anos dependendo das circunstâncias.

Além do caso complicado, o nadador também corre contra o tempo. Casos de doping são julgados, geralmente, de seis a oito meses, se tramitar “no tempo normal”. Os Jogos Olímpicos estão marcados para julho e ele deve ficar fora do evento.

André será julgado pelo tribunal antidopagem da ABCD (TJD-AD) e poderá recorrer, se for o caso, ao pleno do mesmo tribunal.

André foi o nadador mais rápido dos 100m, livre, a prova mais disputada da seletiva olímpica do Brasil, realizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), nesta última semana, no Rio de Janeiro. O Brasil garantiu 18 vagas para os Jogos de Tóquio.

O teste de André foi feito em 18 de março, fora de competição, e como a suspensão é retroativa, a CBDA considerou que ele não deveria ter disputado a final da seletiva.

Com isso, a entidade abriu uma nova chance a Gabriel Santos, por ele ter sido o nono colocado nas eliminatórias, o primeiro fora da final. Gabriel nadou sozinho, na raia central, e fez bateu o índice (conseguiu 48s49, abaixo da marca de 48s57).

A Unisanta, clube de André e Felipe Ribeiro (quinto colocado na final dos 100m), entrou com mandado de garantia no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da natação para anular a marca de Gabriel e desconsiderar sua convocação para o time dos 4x100m livre. A Unisanta reivindica vaga a Ribeiro.

Segundo Renato Cordani, diretor técnico da CBDA, era justo que Gabriel tivesse a oportunidade de tomar o tempo para a prova, uma vez que ele não teve essa chance, ao ficar em nono nas eliminatórias. Se André não tivesse disputado a decisão, Gabriel estaria na piscina.

O STJD não permitiu a anulação do resultado da tomada de tempo de Gabriel, mas em liminar exigiu que “a CBDA não convoque/divulgue a integralidade da equipe masculina de revezamento 4x100m livre, que representará o Brasil nos próximos Jogos Olímpicos” por enquanto.

?  O que estamos discutindo é uma questão de critério, dois pesos e duas medidas. Nadar sozinho é diferente e por isso acreditamos que a avaliação da CBDA não é justa. O justo seria repassar a vaga para o quinto tempo da final, se o André, de fato, ficar fora dos Jogos Olímpicos. Ele tem ainda um processo de defesa e não deveria estar exposto nesse momento ? disse o advogado desportivo Thomaz Mattos de Paiva, que representa a Unisanta ao lado de Marcelo Franklin nesses dois casos.

Segundo Thomaz, o mandado de garantia, que foi concedido em parte à Unisanta, deve ser julgado em até duas semanas no STJD da natação. Esse processo definirá de quem é a vaga no revezamento 4x100m. Paralelo a isso, os advogados farão a defesa de André na ABCD.

?  Vamos tentar medidas urgentes, tudo o que estiver à disposição para que ele tente ir aos Jogos Olímpicos, comprovada sua inocência. Não descartamos nenhuma possibilidade para ele (de redução de pena). A André está muito abalado pois esse é o momento mais importante de sua vida.

Seleção novata

Além dessa confusão nos 100m livre, o time de convocados da natação pode aumentar com a classificação de revezamentos, principalmente os femininos, que serão definidos por meio dos rankings mundiais. E também com a tomada de tempo de alguns atletas em junho. É que a CBDA abriu exceção para altetas com Covid-19, uma vez que estiveram impossibilitados de disputar a seletiva.

Ao todo, dos classificados até aqui, 11 são novatos (61%) e sete veteranos.

Etiene Medeiros, Brandonn Almeida e João Gomes Júnior, representantes com a delegação brasileira nos Jogos do Rio, não obtiveram índices individuais. Gomes, que foi quinto nos 100m peito, obteve o melhor resultado do Brasil em 2016.

Etiene, finalista olímpica nos 50m livre no Rio, falhou em conquistar índice nos 100m costas, 100m livre e 50m livre. É provável, no entanto, que ela vá para Tóquio como integrante do revezamento 4x100m livre.

Dos 18 atletas com índice até o momento, apenas dois são mulheres: Beatriz Dizotti e Betina Lorscheitter, ambas nos 1.500m livre (inicialmente, a segunda vaga seria de Ana Marcela Cunha, que abriu mão para se dedicar à prova de 10km na maratona aquática, na qual é uma das favoritas).

Os estreantes olímpicos são Beatriz Dizotti (1.500m livre), Guilherme Costa (400m livre, 800m livre e 1.500m livre), Guilherme Basseto (100m costas), Breno Correia (200m livre), Fernando Scheffer (200m livre), Murilo Sartori (4x200m livre), Betina Lorscheitter (1.500m livre), Pedro Spajari (100m livre), Caio Pumputis (200m medley), Vinicius Lanza (200m medley) e Matheus Gonche (100m borboleta).