Yoshihide Suga, o primeiro-ministro japonês, decretou nesta sexta-feira o terceiro estado de emergência para Tóquio e três outras prefeituras para conter a propagação da Covid-19, faltando três meses para os Jogos Olímpicos no país. A medida entrará em vigor domingo e se estenderá até 11 de maio e o governo exigirá o fechamento de restaurantes, bares e karaokês que servem bebidas alcoólicas. Grandes eventos esportivos serão realizados sem público.

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O fim do estado de emergência ocorrerá às vésperas de uma visita do presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, o que fez aumentar a especulação de que o governo estaria priorizando o calendário olímpico em detrimento da saúde da população.

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 ? Hoje decidimos declarar o estado de emergência em Tóquio, Kyoto, Osaca e Hyogo ? anunciou Yoshihide Suga, justificando a medida com um aumento do número das diferentes variantes do SARS-CoV-2 nos novos casos de infecção.

O estado de emergência poderá ser estendido se a situação não melhorar o suficiente, alertou Shigeru Omi, um dos principais assessores do executivo sobre a pandemia. E a governadora Yuriko Koike pediu que todas as luzes e sinais de neón na capital japonesa sejam desligados à noite para desencorajar a circulação de pessoas.

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Desta vez, o Japão endureceu as restrições nos locais que vendem bebidas alcoólicas, uma vez que especialistas acreditam que o álcool pode ajudar a acelerar a transmissão do vírus. Eles entendem que ao consumir bebidas do tipo, as pessoas tendem a se manifestar de forma mais eufórica, de descuidar da higiene e de permanecer mais tempo na mesa do bar.

Lojas de departamentos, cinemas e outras instalações comerciais com mais de mil metros quadrados também precisarão fechar, e haverá solicitações a empresas para que façam concessões ao trabalho remoto. As escolas permanecerão abertas.

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? Temos que limitar absolutamente a movimentação de pessoas, e temos que fazer isso de forma decisiva. Precisamos de medidas poderosas, curtas e focadas ? disse o ministro da Economia japonês, Yasutoshi Nishimura.

Em abril do ano passado, a Organização Mundial da Saúde alertou que o álcool pode diminuir a resposta imunológica de uma pessoa ao coronavírus.

Grande parte do país já estava sob medidas de controle de infecção, que incluiam redução do horário comercial e diretrizes para que os clientes dos restaurantes fossem separados por divisórias de acrílico.

Este é o terceiro estado de emergência no Japão desde o início da pandemia e surge apenas um mês após o fim do último. No entanto, desta vez as autoridades têm mais poderes, após a legislação ter sido reforçada em fevereiro.

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No total, o país de 126 milhões de habitantes registra mais de 556 mil casos e 9.805 mortes por coronavírus desde o início da pandemia, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. O Japão, que não impôs confinamentos, registra uma alta de casos, com média móvel de 4.509 novas infecções diárias. O número ainda está distante do pico de 6.445 registrado em janeiro, mas representa uma alta de quase 250% em relação à média registrada há 30 dias.

A campanha de vacinação no Japão está atrasada em relação a muitos países. Começou em meados de fevereiro, mas os progressos têm sido lentos devido à falta de vacinas e de profissionais de saúde.

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Perante o aumento de casos de Covid-19, aumentam também as dúvidas sobre a possibilidade de realização da Olimpíada de Tóquio, que têm início agendado para 23 de julho.

Na semana passada, o número dois do Partido Liberal Democrático do Japão (no poder), Toshihiro Nikai, admitiu que novo cancelamento seria possível.

 ? Precisamos cancelar sem hesitação se eles (os Jogos) não forem mais possíveis. Se os contágios se propagarem por causa das Olimpíadas, não sei para que servem as Olimpíadas.Teremos de tomar uma decisão nesse ponto ?  disse.

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Mas, Yoshihide Suga prometeu realizar a Olimpíada “segura e protegida”, dizendo que servirão como um símbolo do triunfo da humanidade sobre a pandemia.

Revezamento da tocha

Mais uma cidade tem problemas com o Revezamento da Tocha. A etapa na ilha de Miyakojima, em Okinawa, não será realizada em vias públicas porque a região está atualmente sujeita a medidas prioritárias para conter a disseminação do coronavírus.

Os organizadores das Olimpíadas de Tóquio disseram na sexta-feira que a etapa do revezamento da tocha na ilha de Miyakojima, em Okinawa, não seria realizada em vias públicas porque a região está atualmente sujeita a medidas prioritárias para conter a disseminação do coronavírus.

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“Tóquio 2020 continuará a trabalhar em estreita colaboração com a prefeitura de Okinawa e as forças-tarefa locais em todas as outras prefeituras devido aos segmentos de revezamento da tocha olímpica, a fim de garantir que esses eventos sejam seguros e protegidos para todas as comunidades locais”, disse o Comitê Organizador em nota.

Etapas do revezamento da tocha também foram retiradas das estradas públicas em Osaka e na cidade de Matsuyama. E Osaka, que receberia o fogo olímpico em 13 a 14 de abril, cancelou sua participação no evento.

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Nesta quinta-feira, o Comitê Organizador confirmou o primeiro caso de Covid-19 ligado ao revezamento. Um policial de cerca de 30 anos testou positivo no domingo, um dia depois de ter trabalhado no controle de tráfego na passagem da chama pela cidade de Naoshima, na prefeitura de Kagawa.