Fosse há três anos, provavelmente o Flamengo faria uma estreia muito mais tensa na Libertadores. Primeiro jogo, adversário argentino e fora de casa. Elementos suficientes para os rubro-negros transformarem sua insegurança em erros cruciais. Por isso mesmo, o 3 a 2 sobre o Vélez Sarsfield, em Buenos Aires, foi simbólico. É resultado de um time que, apesar de suas imperfeições, atingiu um nível de maturidade que o permite não dar espaço para velhos mitos.

Com apenas um jogo como mandante nas quatro primeiras rodadas, conquistar três pontos já na estreia foi estratégico para o Flamengo. Na terça que vem, ele recebe o Unión La Calera, do Chile, no Maracanã. Depois, mais dois confrontos fora, com direito a um duelo contra a LDU na altitude de Quito.

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Para se ter ideia do que representou este triunfo, foi apenas o segundo do clube em território argentino na história da Libertadores. Até então, o único havia sido em 1982, sobre o River Plate, pela fase semifinal do torneio.

Uma segunda escrita – menor mas igualmente significativa – também foi derrubada. Foi a primeira vitória do Flamengo na Argentina em 20 anos. A última fora sobre o San Lorenzo, por 2 a 1, pela fase de grupos da Copa Mercosul de 2001. Desde então, foram sete jogos, sendo cinco empates e dias vitórias.

O jogo

Importante ressaltar que nem por isso foi uma estreia perfeita. O Flamengo voltou a apresentar velhos problemas. E esbarrou em outros criados pelo adversário. Para se precaver do ataque rubro-negro, o Vélez adaptou sua marcação. Atuou com três zagueiros e uma linha defensiva de cinco homens. A mudança foi muito eficiente. Apesar do maior volume de jogo, o time de Rogério Ceni sofreu com os desarmes e a falta de espaço para jogar na frente.

Mas o maior problema do Flamengo era o mesmo dos jogos anteriores: a dificuldade para jogar sem a bola. Com Arão de zagueiro, o time não tinha um volante de origem no meio. E um buraco se formou entre as duas linhas de marcação. Este vazio pesou aos 20, quando Janson avançou com facilidade e tabelou com Lucero para abrir o placar. Os argentinos ainda se beneficiaram de mais uma falha de Gustavo Henrique, muito afobado no bote.

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A dificuldade rubro-negra em escapar da marcação rival só foi superada quando os jogadores aceleraram o ritmo das jogadas e Gerson, inicialmente sumido, apareceu. Aos 40, o meia desequilibrou ao ver Arão livre dentro da área. O volante concluiu na saída de Hoyos.

Dois minutos depois, foi a vez de Éverton Ribeiro receber na cara do gol dos pés de Gerson. Mas, ao contrário de Arão, preferiu tocar para Bruno Henrique, que não alcançou a bola. O lance estranho custou caro logo no começo da etapa final. Em nova falha da defesa rubro-negra, Janson voltou a marcar, aos 8.

O maior mérito do Flamengo foi mesmo a segurança emocional. O time mais uma vez não se desestabilizou e seguiu seu jogo. Aos 14, Gabigol foi derrubado na área e converteu o pênalti. Aos 30, Hoyos fez grande defesa e impediu que o 9 virasse. Mas, aos 34, nada pode fazer quando Arrascaeta finalizou com categoria da intermediária.