Com o avanço da pandemia e os recordes de óbitos em decorrência da Covid-19 ? foram três dias com mais de 3 mil mortes só na semana passada e a maior taxa da média móvel diária, com 2.598 ?, o número de partidas nos principais campeonatos do país caiu em comparação a duas semanas atrás, mas o deslocamento de delegações não acompanhou o ritmo desta queda. Isso porque mais times precisaram sair de suas cidades para driblar restrições locais, casos de paulistas e cariocas, por exemplo.

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Nas últimas semanas, estados e municípios apertaram as medidas restritivas a fim de frear a disseminação do novo coronavírus, e o futebol não ficou de fora da lista de proibições. Segundo levantamento do GLOBO, apesar da queda no número de jogos de 62, em 13 e 14 de março, para 39, sábado e domingo (queda de 38%) e das cidades envolvidas nos deslocamentos (de 106 para 70), a quantidade de viagens dos times ? que tiveram de sair de suas cidades para jogar ? não caiu tanto: de 60 para 52.

Impacto da bola Foto: Editoria de Arte
Impacto da bola Foto: Editoria de Arte

Também por isso, o número de pessoas que se deslocaram neste fim de semana não teve uma redução tão drástica. Foi apenas 14% menor do que há duas semanas (de 1.800 para 1.560). O número contabiliza uma média de 30 pessoas por delegação em trânsito.

A queda não se refletiu porque muitos jogos foram disputados em estádios neutros, obrigando os dois times a se deslocarem para um terceiro município. Caso, por exemplo, do Paraná, onde os jogos estão proibidos na capital Curitiba, Maringá, Ponta Grossa, e Paranaguá, entre outras cidades. Os dois jogos do fim de semana foram em Arapongas.

Impacto no Rio

Porém, o Campeonato Carioca foi o estadual que mais impactou nos números. Por causa da proibição do futebol na cidade do Rio de Janeiro, válida até o dia 4 de abril, a Ferj correu para remarcar as partidas fora da capital, que tem a maioria dos times do estadual.

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Neste fim de semana, por exemplo, foram cinco jogos do Carioca. Nenhum deles aconteceu na cidade do mandante ? lembrando que a maioria dos mandos de campo antes da proibição foram nos principais estádios da capital, como São Januário, Nilton Santos e Maracanã. Fora a partida da Copa do Brasil, envolvendo times de outros dois estados. Todos os 12 times se deslocaram e nove cidades foram envolvidas nestes deslocamentos.

Em comparação com duas semanas atrás, que teve cinco jogos do estadual, apenas três times tiveram de deixar suas cidades para jogo. Na ocasião, somente quatro cidades foram envolvidas, pois todas as partidas aconteceram no Rio de Janeiro.

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A decisão de proibir o futebol apenas na capital, sem uma coordenação estadual, acontece em meio ao crescimento no número de casos e óbitos em todo estado, não apenas na cidade do Rio. Sendo um campeonato regional, sem o fechamento dos limites municipais, as restrições perdem força e são pouco eficazes.

Há duas semanas, 21 unidades federativas tinham seus estaduais em plena ação. Agora, apenas 12. Menos da metade de todo o país tiveram partidas nos dois últimos dias. Logo, também despencou o número de jogos para 39, contando confrontos válidos pela Copa do Nordeste e Copa do Brasil.

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Nesta conta dos paralisados entram São Paulo, Minas Gerais, Pará, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Espírito Santo, Maranhão e Rio Grande do Norte. No caso do Campeonato Maranhense, o estadual não foi totalmente suspenso ? apenas os jogos deste fim de semana, que foram remarcados para os próximos dias.

Já o Rio Grande do Norte tomou a decisão mais dura de todas: o Potiguar foi cancelado após a quarta rodada.

O Piauí não sediou partida do estadual, mas recebeu um jogo da Copa do Nordeste, o confronto entre o 4 de Julho e o Fortaleza, em Teresina. A CBF reafirmou na última semana que não pretende mexer no calendário organizado pela entidade. Tanto que anteontem o jogo entre Goianésia-GO e CRB-AL, que não pôde ser disputado em Goiás, foi disputado em Mesquita, na Baixada Fluminense.

Retorno do futebol

Alguns estados sequer começaram os estaduais, como Acre, Amapá, Paraíba, Rondônia e Roraima. Ou foram adiados ou ainda não têm data certa de início.

Os demais, no entanto, têm previsão de retorno esta semana ou no próximo fim de semana. Com exceção de São Paulo, pois o governo do estado ampliou a fase restritiva até o dia 11 de abril.

As medidas contemplam o esporte, mas a Federação Paulista de Futebol (FPF) ainda tenta remanejar as partidas para cidades onde o futebol está liberado.