Não é mais um exagero dizer que a NBA é, das principais ligas do mundo, a mais próxima de se ver livre das barreiras impostas pelo novo coronavírus. Na última quarta-feira, a liga deu um passo importante neste sentido: em documento enviado a franquias e atletas, informou que relaxará algumas restrições de seu protocolo de saúde a jogadores e funcionários que já estejam vacinados contra a Covid-19.

Pela nova regulamentação, jogadores já vacinados com todas as doses necessárias não precisarão mais fazer quarentena ao entrar em contato com um infectado, além de ganhar o direito de receber visitas sem avisar à liga e comer em restaurantes. Para as franquias que tiverem 85% do seu quadro de funcionários imunizados, haverá a liberação do uso de máscaras nos centros de treinamento, bem como uma maior facilidade de movimentação antes, durante e após as partidas.

Na última semana, os Estados Unidos bateram o número de 100 milhões de vacinados no país, e alguns estados americanos têm expandido o escopo de público elegível a receber a imunização. Em uma dessas iniciativas, na Lousiana, parte dos funcionários e jogadores do New Orleans Pelicans recebeu as vacinas. Segundo a imprensa do país, o Dallas Mavericks é outra franquia que aguarda autorização da NBA para iniciar uma imunização coletiva.

Alguns funcionários e jogadores do New Orleans Pelicans, time de Zion Williamson (direita) já foram vacinados Foto: Steph Chambers / AFP
Alguns funcionários e jogadores do New Orleans Pelicans, time de Zion Williamson (direita) já foram vacinados Foto: Steph Chambers / AFP

 

Mas nem tudo é tão fácil. Um dos desafios tem sido conscientizar os atletas sobre a importância do imunizante. Uma reportagem da emissora “NBC” publicada em fevereiro revelou que muitos jogadores seguem com dúvidas sobre sua eficácia . Nomes como Michael Porter Jr. (Denver Nuggets) e Dwight Howard (Philadelphia Sixers) chegaram a descreditar publicamente a vacina.

Na contramão, veteranos como o técnico Gregg Popovich, do San Antonio Spurs e da seleção norte-americana, além de ligas da lenda como Bill Russell e Kareem Abdul-Jabbar registraram que foram imunizados. Questionado se tomaria ou não a vacina, o astro LeBron James afirmou que conversaria com a família e que essa seria uma decisão particular.

? Meu palpite é que a maioria dos jogadores vai se vacinar. Eles terão que tomar decisões pessoais no fim das contas, e eu levo essas preocupações muito a sério. Ainda assim, meu palpite é que eles decidirão que é de seu interesse tomar a vacina ? afirmou o comissário da NBA, Adam Silver, em entrevista coletiva no All-Star Game.

Comissário da NBA, Adam Silver acredita em ampla adesão à vacinação Foto: Kevin C. Cox / AFP
Comissário da NBA, Adam Silver acredita em ampla adesão à vacinação Foto: Kevin C. Cox / AFP

 

Os testes para o retorno dos torcedores são outro passo importante da liga rumo à tão esperada volta à “vida normal”. No fim de fevereiro, Brooklyn Nets e New York Knicks abriram a venda de ingressos para o público geral pela primeira vez desde março de 2020.

Apoiados em regras mais flexíveis do estado de Nova York, que já teve a cidade homônima como um dos epicentros da pandemia, as equipes disponibilizaram pacotes que incluem distanciamento social, serviço personalizado e, em versões premium, até kits de testagem para a Covid-19.

Bolha e falhas

Enquanto os nova iorquinos testam o público na casa das centenas, em Denver, o primeiro passo será mais ousado. Os Nuggets anunciaram na última quinta-feira que abrirão a Ball Arena para até 4.050 torcedores, cerca de 22% da capacidade, a partir do dia 2 de abril. A primeira partida da equipe por lá acontece dois dias depois, contra o Orlando Magic.

? Continuamos trabalhando com as autoridades de saúde e as lideranças da NBA e da NHL para monitorar com segurança a questão da saúde pública. Estaremos preparados para nos adaptar conforme as recomendações deles ? explicou Stan Kroenke, dono dos Nuggets e do Colorado Avalanche, do hóquei no gelo.

Embora a luz no fim do túnel pareça cada vez mais claro para o basquete americano, o caminho foi de altos e baixos. A “bolha? de isolamento no Complexo Disney, adotada pouco antes dos playoffs da temporada anterior , foi uma solução eficaz para frear a contaminação entre jogadores e finalizar uma competição paralisada por meses. Mas a liga viu seu protocolo de saúde patinar em alguns momentos da retomada , desta vez sem bolha.

Entre a metade de dezembro e o início de janeiro, nos primeiros jogos da temporada, quatro partidas chegaram a ser adiadas e centros de treinamento foram fechados em meio a surtos de Covid-19 nos elencos. A situação fez com que a liga revisasse seu protocolo e endurecesse as restrições. A estratégia amenizou a situação e hoje há um número cada vez menor de casos positivos ? foram três desde o All-Star Game, no último dia 7.