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Fotos dos primeiros anos do Flu são restauradas, e cópias ficarão em bunker no Ártico



O subsolo da cidade mais ao norte da Terra, Longyearbyen, no arquipélago de Svalbard, na Noruega, pode ser considerado um bunker da memória da humanidade. Lá funciona um banco de sementes, que guarda espécies de plantas do mundo todo. No mesmo local, está o Arquivo Mundial do Ártico, onde são mantidos documentos e outros registros que resgatariam a história do planeta num cenário pós-apocalíptico. Do Brasil, há cópias da Lei Áurea, da primeira Constituição Nacional e até da partitura da ópera “O guarani?, de Carlos Gomes. Elas agora ganharam a companhia de Preguinho, do estádio das Laranjeiras e de todos os personagens que retratam as primeiras décadas do Fluminense.

No ano em que o cenário do primeiro jogo da seleção brasileira ? o estádio tricolor ? completará um século (em 11 de maio), o clube promove a restauração digital de boa parte de seu acervo fotográfico. São negativos ? muitos em vidro ? do período pré-Maracanã (de 1902, quando o Fluminense foi fundado, até 1949). Há registros dos primeiros times, da construção das Laranjeiras e de torcedores do início do século 20.

? Tem alguns detalhes da própria construção do estádio que são muito interessantes ? explica Dhaniel Cohen, responsável pelo departamento Flu-Memória: ? Há fotos que a gente amplia e vê até detalhes dos operários. E não só a construção, como dos primeiros jogos. Você vê na arquibancada os torcedores e o estádio todo lotado. Vê os detalhes dos trajes da época. São fotos raríssimas.

Muitas das fotos serão usadas no livro do centenário das Laranjeiras, ainda sem data de lançamento. O Fluminense prepara uma série de outras ações em homenagem aos cem anos do estádio. Um documentário também está em fase de produção.

O processo de restauração e digitalização é feito pela norueguesa Piql, que administra o Arquivo Ártico Mundial em parceria com o governo do país. Iniciado em agosto e dividido em duas fases (na primeira, foram contemplados os negativos em vidro), o trabalho incluiu mais de 2.300 fotografias.

Fluminense e Piql foram apresentados por um sócio do clube que também foi consultor da empresa. Não houve cobrança pelo serviço. A expectativa dos noruegueses é que ele sirva como porta de entrada no mundo do futebol. Principalmente no que diz respeito a fotografias, já que eles já são parceiros da CBF, num trabalho que contempla o acervo de documentos da entidade.

Não é por acaso que Longyearbyen foi escolhida para abrigar o Arquivo Mundial. Além de a temperatura ajudar na preservação, a cidade é protegida por um tratado no qual as principais potências do mundo se comprometem a não bombardeá-la. Se uma guerra dizimar o planeta, ainda assim o Fluminense estará salvo.

Fonte: O Globo


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