Um treinador brasileiro está no meio de um escândalo que abalou o futebol da Estônia. Getúlio Fredo, 66 anos, auxiliar técnico do Nomme Kalju FC, um dos três clubes mais populares do país, foi acusado de abusar sexualmente de uma atleta, quando treinava o time feminino do Kalju. Mia Belle Trisna afirmou em um programa de televisão local que foi vítima do treinador pela primeira vez em 2007, ainda aos 14 anos.
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A federação responsável pelo futebol do país deu início a uma investigação interna e posteriormente a polícia também passsou a apurar o caso. Nesta sexta-feira, a federação decidiu banir o técnico por tempo indefinido, o que na prática deve significar permanentemente. Um canal para denúncias anônimas foi aberto. Em menos de uma semana, mais duas mulheres se apresentaram como vítimas do brasileiro. Mais de 20 pessoas entraram em contato para apontar diferentes momentos de “comportamento inapropriado” do treinador.
A reportagem do GLOBO entrou em contato com o presidente do Kalju, Kuno Tehva, que informou que o clube rescindiu contrato com Getúlio Fredo, sem entrar em mais detalhes. Entre as denúncias anônimas, são recorrentes versões que apontam o Kalju como ciente dos abusos sexuais cometidos pelo brasileiro, o que ameaça o clube de sofrer sanções por parte da federação do país.
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Até a publicação da reportagem, Robert Sarv, advogado do treinador, não havia respondido aos contatos.
Em entrevista à imprensa local, Getúlio Fredo disse ter tido relações sexuais consensuais com Mia. E ainda admitiu ter se envolvido com uma outra jogadora, que conheceu dando aulas particulares de futebol. Sobre Mia, afirmou que a ex-jogadora fez as acusações na tentativa de promover um livro que escreveu. Na esfera criminal, não pode sofrer qualquer tipo de punição porque o crime já teria prescrito, de acordo com as leis do país.
Quem é Getúlio Fredo
A acusação caiu como uma bomba por se tratar de uma das figuras mais populares do futebol da Estônia. Gaúcho de Porto Alegre e ex-jogador, Getúlio Fredo chegou ao Kalju em 2007 e desde então seguiu trabalhando no clube. Foi técnico do time principal e levou a equipe à Primeira Divisão, além de comandá-lo na primeira participação do Kalju em uma competição da Uefa – a Liga Europa de 2009/2010. Treinou o time feminino e atualmente era auxiliar técnico da equipe principal. Ano passado, comandou a equipe na ausência do treinador, contaminado com a Covid-19. Com 14 anos de clube, era tratado como ídolo pela torcida.
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Por ser um dos poucos e mais antigos brasileiros no futebol da Estônia, se tornou referência da imprensa local para falar sobre o futebol brasileiro e a seleção, sendo muito requisitado em tempos de Copa do Mundo e Copa América. Pesa para isso também sua experiência como campeão à serviço da CBF. Em 2003, fazia parte da comissão técnica da seleção sub-17 que foi campeã do mundo na Finlândia. Acabou ficando no país, de onde saiu para trabalhar na Estônia.
Apesar de pouco conhecido do grande público de seu país de origem, manteve contato estreito com a CBF por algum tempo. Em suas redes sociais, tem uma foto com Branco, coordenador das seleções de base masculinas da entidade, de 2014.
Fonte: O Globo