A despeito do recrudescimento da pandemia em todo o país e das crescentes medidas restritivas nos estados, a CBF vem mantendo o calendário da Copa do Brasil. Porém, a doença continua ameaçando a competição. Desta vez, a decisão do governo de Minas Gerais de proibir os jogos de futebol que não envolvam equipes mineiras impediu a realização de Marília x Criciúma, marcado para esta quarta, em Varginha. O jogo já havia sido transferido para o Sul de Minas por causa da proibição do esporte em São Paulo. Com a nova alteração, será na quinta, em Cariacica-ES.
O time do Marília já havia viajado quase 600km de ônibus até a cidade mineira ? o clube conseguiu vaga no torneio pela primeira vez em sua história. Chegaram em Varginha na segunda e treinaram no local na terça, antes de saber do veto à partida. Estes deslocamentos e remanejamentos põem em xeque a ideia principal da competição nesta fase: uma equipe ter a vantagem do mando de campo enquanto a visitante joga pelo empate para seguir no torneio. Ou seja, ter a sua casa, mesmo sem torcida, seria o diferencial.
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O Marília não foi o único afetado pela decisão do governo mineiro. O Palmas se deslocou do Tocantins, onde o futebol também está proibido, para Belo Horizonte. Enfrenta o Avaí, nesta quinta, em jogo remarcado para o Independência. Apesar da proibição imposta pelo governo, a CBF ainda não alterou o destino da partida. Como esta definição é tomada pela entidade e pelas federações envolvidas (do clube mandante e do local do confronto), cabe aos tocantinenses aguardar. Ontem, treinaram num dos campos da Toca da Raposa, do Cruzeiro.
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Atual campeão da Série D, o Mirassol também terá de jogar longe do seu estádio devido ao decreto em vigor desde segunda-feira no estado de São Paulo. A estreia diante do Bragantino será amanhã em Cariacica, no Espírito Santo. Para chegar até lá, o elenco fará uma viagem de ônibus de cinco horas até a capital e depois seguirá de avião para o estado vizinho.
? Lógico que afeta um pouco. Muda todo o planejamento, há o desgaste da viagem. Gostaríamos de jogar em Mirassol, claro. A competição já iniciou e outros tiveram seu mando respeitado. Alguns ganharam e isso os favoreceu ? reclama o gerente de futebol do Mirassol, Éder Delarice, ressaltando que entende as circunstâncias atuais. ? Tudo é decidido pelas entidades. Temos que acatar o que for melhor para todo mundo neste momento.
Atualmente, o aumento nos números de casos, internações e de mortes pela Covid-19 levou sete governos a proibirem a prática do futebol profissional. A região mais afetada é a Norte, onde a bola não rola em quatro estados: Acre, Amapá, Rondônia e Tocantins. Completam a lista o Distrito Federal, São Paulo e Goiás. Neste último, o veto foi decretado no fim do dia de ontem e vale até o fim do mês. Os jogos da Copa do Brasil no estado seguem marcados, o que indica que haverá uma tentativa de negociação hoje.
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Todas estas restrições forçaram a CBF a remanejar outras três partidas. O Galvez-AC pega o Atlético-GO, em Cuiabá, depois de 1,4mil km percorridos desde Boa Vista. O Ypiranga-AP enfrentará o Santa Cruz hoje, em Goiânia, a 1,8 mil km de distância (rota aérea) do Estádio Zerão. No mesmo local, o Porto Velho-RO encara o Ferroviário-CE, distante quase 2 mil km de casa. Estes dois jogos, porém, estão ameaçados pelo decreto do governo de Goiás.
? Tivemos custos a mais, menos jogadores disponíveis, campo diferente e viagem longa. (A mudança) acaba tirando a mínima vantagem que temos de jogar em casa. Ela já é menor por não termos torcida. Mas até isso nos foi retirado ? lamentou Célio Conrado, vice geral do Ypiranga.
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Para chegar até Goiânia, a delegação amapaense precisou encarar um voo até Brasília e, depois, mais duas horas de estrada. Mas este foi só um dos prejuízos. Por causa do limite de passagens disponibilizadas pela CBF, o clube ainda precisou cortar da lista de relacionados cinco atletas e mais dois membros da comissão. Já em solo goiano, teve que alugar um campo de treino e contratar os serviços de um médico e de um preparador de goleiros.
Apesar disso, internamente a CBF não vê prejuízo aos clubes e nem falta de isonomia com estes remanejamentos. O entendimento é de que o mando de campo só teria um peso real com a presença de torcida.
? Somos um clube vitorioso aqui no Amapá, mas de pequeno porte. Temos dificuldades financeiras ? explicou Conrado. ? Entendemos o momento e acatamos a decisão. Mas poderia ter tido mais conversa. O Amapá está em lockdown, mas o Pará não. O jogo poderia ter sido lá. É mais perto. Teríamos condições de levar delegação maior, pois as passagens são mais baratas.
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Ganhar dinheiro é justamente o maior atrativo da Copa do Brasil. Para times de baixo investimento, seus valores fazem ainda mais diferença. Todos estes clubes que tiveram jogos remanejados são do chamado grupo 3 (que não estão entre os 15 primeiros do ranking da CBF e nem estão na Série A nacional). Para eles, a classificação à segunda fase rende R$ 560 mil.
? É um dinheiro importante para a temporada. Subimos para a Série C, somos novos no campeonato e precisamos de mais investimentos ? diz Delarice, do Mirassol.
Fonte: O Globo