O mundo vive a dicotomia futebolística Cristiano Ronaldo x Lionel Messi há mais de uma década. Alguns sinais, no entanto, apontam para o fim da hegemonia dos dois maiores astros do futebol contemporâneo. Nesta semana, ambos foram eliminados nas oitavas de final da Champions para o Porto e o PSG, respectivamente. Algo que não acontecia ao mesmo tempo há 16 anos, quando eles eram duas jovens promessas no Manchester United e Barcelona.

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A idade bate à porta dos dois atacantes. O português da Juventus tem 36 anos; o argentino do Barça fará 34. Não são os mesmos de anos atrás. Mas ainda são grandes o suficiente para serem decisivos. Messi, por exemplo, fez um golaço no empate em 1 a 1, nesta quarta-feira, com o PSG, em Paris. E ainda perdeu um pênalti. A Juve foi eliminada mesmo com vitória sobre o Porto (3 a 2), pelos critérios de gol fora. As quedas das duas equipes, portanto, não devem ser colocadas na conta dos dois craques. Tem a ver com projetos novos, brigas políticas e uma série de erros dos clubes em questão.

Os números de Messi e CR7 na Champions Foto: Editoria de arte
Os números de Messi e CR7 na Champions Foto: Editoria de arte

A eliminação da Juventus, inclusive, pode significar o fim da história de Cristiano Ronaldo na  principal competição de clubes do mundo. Fazer previsões sobre a carreira do português, porém, é dos exercícios mais espinhosos. Afinal, uma das características mais marcantes na carreira do gajo é a capacidade de se reinventar em momentos em que é dado como carta fora do baralho. Mas agora, aos 36 anos e depois de sua terceira eliminação seguida com a Juve antes das semifinais da Champions League, parece ser o momento do português repensar os rumos de sua carreira.

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Mercado não faltaria: o Manchester United, sua casa na Inglaterra, dificilmente não o receberia de braços abertos caso quisesse viver a reta final de sua carreira como um Red Devil. Se desejar se aventurar em um mercado menos competitivo, como a MLS, certamente encontraria espaço. Até mesmo equipes como o PSG, sempre interessadas em contar com os principais craques do futebol mundial, poderiam se encaixar como um destino.

Novo projeto de Pirlo

Se decidir permanecer na Itália, o caminho à reviravolta será longo e duro. A Juve passa por um processo de implementação de um novo projeto de futebol sob comando de Andrea Pirlo. Cada vez mais, CR7 terá de fazer valer seus números e seu status como craque mundial para brigar por espaço como os jovens talentos que pedem passagem em Turim, como Chiesa, McKennie e Kulusevski, mesmo que nem todos atuem na mesma posição.

Juventus de CR7 caiu para o porto na Liga dos Campeões Foto: MARCO BERTORELLO / AFP
Juventus de CR7 caiu para o porto na Liga dos Campeões Foto: MARCO BERTORELLO / AFP

O perigo a Ronaldo não seria bem o de perder sua vaga de titular. São 20 gols e três assistências na temporada do Italiano, e nenhum técnico em sã consciência questionaria o espaço do artilheiro do campeonato em seu time. Mas as críticas quanto à incompatibilidade do jogador ao novo projeto de futebol do clube seguirão surgindo enquanto o sucesso não for próximo do absoluto.

? Cristiano é um fenômeno, mas, mesmo que já tenha marcado “mil bilhões” de gols, tem problemas com a ideia de jogo de Pirlo. Ele sempre foi egoísta. Não quer saber se os outros fazem gols. É o tipo de jogador que vive para marcar os seus. Não vive para o jogo, vive para o gol. Isso é evidente ? avaliou o ex-atacante Cassano, uma das referências do futebol no país, em live com o também ex-jogador Christian Vieri, no início de fevereiro.

Em busca de outra casa

No Barcelona, a história recente do clube e de Messi se confunde. O argentino nunca jogou profissionalmente em outro lugar. Chegou a La Masia aos 12 anos e ganhou tudo o que podia na Espanha. Mas a camisa 10 do Barça deve ficar vaga na próxima temporada. 

Messi já havia dado adeus ao Barcelona ano passado. Voltou atrás, mas, ao que tudo indica, com data certa de saída. Seu contrato termina em julho deste ano. As mudanças políticas no clube podem mudar os rumos do futuro, mas é fato que o craque está livre para negociar com quem quiser. Ele garante que não tomará qualquer decisão até o fim da temporada.

E há quem queira ter Messi em seu elenco, é claro. As especulações são inúmeras. As principais se repetem nos últimos anos. Uma delas chegou a ser dada como certa no anúncio do adeus de Messi ano passado: o reencontro com Pep Guardiola, no Manchester City. Juntos entre 2008 e 2012, eles ganharam todos os principais títulos possíveis.

O PSG é outro que ronda Messi há algum tempo. Reviver a dobradinha Messi/Neymar é um dos sonhos do clube francês, que tem a obsessão pela Champions ? assim como o City. Em Paris, ele tem o técnico argentino Mauricio Pochettino como aliado.

Uma mudança de ares total não está descartada. Assim como Cristiano Ronaldo, Messi poderia se aventurar na MLS com tantos outros craques já fizeram. Um duelo dos dois nos Estados Unidos seria uma das melhores jogadas de marketing do futebol nos Estados Unidos.

Agora, os dois tentam recuperar a temporada em seus campeonatos nacionais. Com o restante do Italiano em disputa, a  Juve de Cristiano Ronaldo  precisa tirar uma vantagem de dez pontos para a líder Inter em 12 partidas se quiser ficar novamente com o título. No Espanhol, o Barça de Messi está a seis pontos do líder Atlético de Madrid e tenta se recuperar para levar o que pode ser o último troféu do craque pelo clube.

A reta final da temporada se configura como definitiva na carreira dos astros. Independentemente dos próximos passos de  dois dos maiores jogadores do esporte, haverá história para contar.

Outros resultados

Pelas oitavas de final, em Budapeste, o Liverpool venceu o RB Leipzig por 2 a 0 e se classificou. Os ingleses se juntam a PSG, Borussia Dormund e Porto na próxima fase.