Após cyber ataque em novembro de 2020 que resultou em mais de 1TB de dados roubados, tanto de funcionários quanto de clientes, a Capcom obrigou seus funcionários a trabalharem nos escritórios da empresa, mesmo com números elevados de casos de COVID-19.
Em denúncia publicada pelo Business Journal do Japão a fonte deu detalhes das condições de trabalho dos desenvolvedores de jogos na Capcom, que apesar de não representarem uma violação direta das leis trabalhistas no país, ilustra algumas das práticas questionáveis de indústria de jogos.
O Japão também está sofrendo com o aumento brutal de casos de COVID-19, apresentando os maiores números desde o começo da pandemia e por conta desse cenário de caos o Primeiro-Ministro Yoshihide Suga declarou estado de emergência em diversas províncias, inclusive Osaka onde fica situado o escritório principal da Capcom.
A despeito do estado de emergência, devido o ataque de hackers que a empresa sofreu em novembro do ano passado, resultando no roubo de dados pessoais de usuários e funcionários a Capcom explicou que não conseguiu estabelecer protocolos confiáveis o suficiente para garantir que fosse totalmente seguro que seus desenvolvedores continuassem trabalhando remotamente.
O próprio uso de VPN foi descartado por se tratar de um tipo de protocolo que também apresenta seus riscos de comprometimento de dados, uma vez que consiste em um sistema terceirizado de redirecionamento de dados, e mesmo os serviço mais seguros desse tipo ainda colocam em linhas fina de seus contratos condições que os isentam de responsabilidade em situações específicas.
Dessa forma, a possibilidade de continuar as atividades remotas por parte dos desenvolvedores foi descartada e comunicada através do e-mail: “Estamos abandonando as atividades remotas por enquanto, e foi decidido que não é alternativa a não ser retornar ao trabalho [presencial].? O comunicado teria causado desconforto extremo dentro da empresa.
A relação da população japonesa com seus trabalhos é sempre alvo de admiração e críticas, justamente pela cultural dedicação a suas funções, dedicação esta muitas vezes não saudável para os trabalhadores de maneira geral. Isto combinado a práticas já conhecidas, não apenas, mas também da indústria de jogos, pode representar um risco ainda maior para a saúde dos funcionários, uma vez que estresse elevado é fator que geralmente acarreta quadros de imunossupressão em maior ou menor grau, podendo corroborar para o desenvolvimento de quadros graves da COVID-19 em caso de contaminação.
A Capcom ainda se posicionou, afirmando que leva muito em consideração a segurança e saúde de suas equipes, acrescentando que as horas de trabalho foram reduzidas e para garantir os protocolos de segurança, o uso de máscaras e distanciamento dentro da empresa são obrigatórios, haverá verificação de temperatura antes de entrar nos escritórios e praticamente toda a comunicação feita será feita de maneira eletrônica, mas de controle interno.
Ainda apontado pelo Business Journal, foram levantadas questões sobre esses horários flexíveis ou reduzidos de trabalho poderiam variar de acordo com os cargos que cada um ocupa na empresa. Além disso os funcionários da Capcom não seriam sindicalizados e, por normas da empresa, nem podem ser, minimizando a representatividade de cargos mais baixos na questão de negociar direitos e melhorias de condições de trabalho.
Mesmo com todo o risco de ataques de hackers, inclusive com o roubo do próprio código fonte de Cyberpunk 2077, empresas gigantes como Nintendo e Sony vem trabalhando de forma remota desde o início da pandemia, e a Square Enix inclusive já anunciou vagas permanentes em sistema remoto, mesmo após ser seguro o retorno.
A pandemia do SARS-COV2, ao mesmo tempo que agravou quadros de exploração cada vez maior com o formato de trabalho remoto, também trouxe a possibilidade de adaptações desse padrão que possibilitem a melhoria da qualidade de vida, mas no fim das contas a escolha de qual caminho será adotado, pela saúde ou pelo lucro, depende da empresa.
Fonte: The Enemy