E o placar mostra: Brasil um, Portugal dois. E de virada. Desde que o Ranking O GLOBO/Extra de treinadores passou a ser publicado, em 2018, é a segunda vez consecutiva que um português vence. Abel Ferreira, do Palmeiras, conquistou o primeiro lugar do levantamento na temporada 2020, sucedendo o compatriota Jorge Jesus, que levou o prêmio em 2019, com o Flamengo. Renato Gaúcho, primeiro lugar no ano da estreia, curiosamente, ficou com o vice nos anos seguintes, sempre com o Grêmio, com quem renovou contrato por mais uma temporada.

As trajetórias para as vitórias dos compatriotas são parecidas: ambos chegaram no decorrer da temporada (Jesus estreou em junho de 2019, Abel em novembro de um irregular calendário de 2020) e subiram na pontuação graças à regularidade e taças. Ambos conquistaram um grande torneio nacional e a Libertadores nas temporadas em que foram apontados pelo GLOBO o melhor técnico do país.

Na que terminou domingo – na prática, o título da Copa do Brasil definiu a parada para Abel Ferreira contra Renato Gaúcho – quase todos os importantes títulos nacionais e internacionais dos clubes brasileiros foram conquistados por portugueses: Jorge Jesus ficou com a Supercopa e a Recopa no período pré-pamdemia (ele só não entra na classificação por ter dirigido o time em apenas quatro dos 15 meses da temporada); e Abel celebrou a Copa do Brasil e a Libertadores com estádios vazios  em um trabalho de apenas cinco meses, o tempo mínimo para ser elegível.

O único título importante que ficou em mãos brasileiras – com uma pitada de tempero catalão – foi o Brasileirão, vencido por Rogério Ceni, que somando também pontos do trabalho pelo Fortaleza, completa o pódio.

 

No fim, o levantamento também é sobre os times mais vencedores, e a presença constante de técnicos do Flamengo (Ceni em 2020, Jesus em 2019), Palmeiras (Abel em 2020, Felipão em 2018) e Grêmio (Renato de 2018 a 2020) mostra que as boas gestões vêm mesmo sendo agraciadas com vitórias e títulos. Contudo, as semelhantes vitórias de Jesus e Abel mostram que a maturidade para se organizar fora do campo não chegou aos departamentos de futebol. Ambos chegaram aos clubes num desvio de rota, quando os trabalhos pensados no início da temporada – Abel Braga no Flamengo, em 2019 e Vanderlei Luxemburgo, na última temporada no Palmeiras – fracassaram.

De descobridores a bombeiros, os portugueses seguem fazendo história por aqui.

LISCA SURPREENDE

Outros estrangeiros renomados, os argentinos Jorge Sampaoli (7°) e Eduardo Coudet (8°) decepcionaram. Um por não ter a regularidade em campo, outro por deixar o Inter antes do fim do campeonato. Até sua ida para o Celta de Vigo, da Espanha, Coudet era líder do ranking. Ambos terminaram atrás de Lisca, que graças à ótima campanha do América-MG na Copa do Brasil e na Série B, bateu o recorde de Rogério Ceni em 2018 pelo Fortaleza: é agora o treinador de Série B mais bem colocado nos três anos de levantamento, o único a atingir o top-10. 

Treinador “livre” mais bem colocado até a semana passada, Cuca (4°) acertou com o Atlético-MG, deixando o posto para o desempregado Fernando Diniz, ex-São Paulo e quinto no levantamento.

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