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Juizado manda abrir portões no meio do primeiro tempo de Vasco e Fluminense



O Campeonato Carioca viveu um episódio inédito neste domingo. Com cerca de 25 minutos do primeiro tempo entre Vasco e Fluminense, o Juizado Especial do Torcedor mandou abrir os portões do Maracanã, na final da Taça Guanabara.

– Foi autorizado pelo desembargador de plantão. Quem tem ingresso vai entrar no estádio normalmente – disse o tenente coronel Silvio Luiz, comandante do Bepe, Batalhão Especial de Policiamento nos Estádios.

Enquanto não era definido se teria ou não torcida no clássico,  o Vasco, mandante da partida, queria assumir o risco da multa de R$ 500 mil e tentou derrubar a medida na Justiça de ter os portões fechados. O presidente do clube, Alexandre Campello, afirmou que o motivo da decisão do clube, contrariando a da Justiça, “é o risco de deixar o portão fechado”.

– Vim alertar sobre o que está acontecendo lá fora. Ele disse que está esperando documento, avaliando – limitou -se a dizer Campelo,  nitidamente irritado, ao deixar o Juizado, quando a bola já havia rolado.

Gás de pimenta e bombas

Menos de 10 minutos antes de o jogo começar, a Polícia Militar usou gás de pimenta e bombas de efeito moral nas proximidades da Estátua do Bellini para dispersar a torcida, o que causou pânico e correria.

Cerca de 40 minutos antes do jogo, alguns torcedores do Vasco estavam sem paciência com a demora em abrir os portões. Seguranças também mostraram preocupação.

– É uma sacanagem o que fazem com a gente. Vir aqui, não tem ingresso e não pode entrar – reclama Alexandre Fernando, torcedor do Vasco que chegou à Bilheteria 3.

– Estamos desde 13h querendo comprar ingresso aqui, sacanagem. Era melhor jogar isso em São Januário – Marcelo Colares, torcedor do Vasco.

A posição, para abrir os portões, foi levada ao juiz de plantão do Juizado Especial do Torcedor no Maracanã para autorizar a entrada dos torcedores com ingressos. O Juizado não aceitou o ofício do Vasco por entender que era necessário um documento da desembargadora que determinou portão fechado

 

— Muita gente veio sem ingresso e está querendo entrar. O risco de fechar os portões do Maracanã era muito maior do que fazer o jogo aberto — disse Campello.

Pouco antes de a bola rolar, o Ministério Público enviou nota cobrando o cumprimento da decisão judicial.

“O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST/MPRJ) esclarece que, embora não seja parte no processo envolvendo a questão da abertura dos portões do Estádio do Maracanã, no jogo decisivo da Taça da Guanabara, marcado para hoje, 17/02, há uma decisão judicial vigente que deverá ser cumprida. Fica registrado que os responsáveis pelo seu descumprimento se sujeitarão às sanções cabíveis tanto na esfera cível como na penal, assumindo as consequências dos atos praticados”, diz o comunicado.

Comunicado do MP sobre o jogo entre Vasco e Fluminense Foto: Reprodução
Comunicado do MP sobre o jogo entre Vasco e Fluminense Foto: Reprodução

O Vasco chegou a informar que portões seriam abertos às 15h. O clube disse ainda que teria venda de ingressos para vascaínos e tricolores. Até sábado, o clube já havia vendido 30 mil entradas.

 

— O Fluminense foi intransigente durante todo esse tempo. A ata da reunião e a assinatura do ofício com o Vasco se responsabilizando está sendo levada ao Jecrim para que o Maracanã seja liberado — declarou Campello. — O mandante é quem escolhe. Se você aluga uma casa, você escolhe em qual quarto quer dormir. Essa é a lógica. A ação é contra o Maracanã, mas tanto Vasco quanto concessionária podem solidariamente dividir a multa. O valor é de R$ 500 mil.

A decisão de fechar os portões foi da desembargadora de plantão no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Lucia Helena do Passo, após imbróglio entre Vasco e Fluminense.

A disputa entre os dois clubes pelo direito de alocar seus torcedores no setor sul do estádio foi o motivo do desintemdimento: o Vasco, definido como mandante por meio de sorteio, havia mantido as vendas para o setor sul. O Fluminense entrou na Justiça na sexta reivindicando o mesmo local.

No texto da decisão de Lucia Helena, de domingo de manhã, ficou determinado que o Vasco deveria devolver os valores pagos pelos torcedores que já compraram bilhetes e previa multa de R$ 500 mil ao clube e ao Maracanã em caso de descumprimento da decisão.

Fonte: O Globo


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