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Champions: da grife de PSG x Barça à intensidade de Leipzig x Liverpool



 

O futebol pode ser consumido das mais diversas formas. Para quem busca ver em campo os grandes craques, individualidades capazes de resolver partidas, ou mesmo para quem gosta de ver grandes grifes do futebol mundial, não há dúvida de que Barcelona x Paris Saint-Germain é o grande confronto das oitavas de final da Liga dos Campeões, cujos jogos foram sorteados ontem.

Mas, por ora, não é justo dizer que o rendimento dos times aponta que este será o grande duelo da próxima fase. Para quem gosta de embates táticos, especialmente de um jogo de pressão sufocante pela bola e busca rápida pelo gol, tendência hegemônica na última edição da Champions, o grande duelo é outro: RB Leipzig x Liverpool, Julien Nagelsmann contra Jürgen Klopp, dois dos mais simbólicos representantes da escola alemã que elevou a outro patamar a pressão como pilar do jogo atual.

Só que há muitas incógnitas no caminho. Dois meses separam o sorteio de ontem das partidas, que serão jogadas a partir de 16 de fevereiro. Até lá, oscilações de forma, lesões e acidentes de percurso são naturais. E na atual temporada, as instabilidades são ainda maiores. Não há recordações da última vez em que as ligas europeias chegaram a dezembro sem que nenhum dos cinco principais campeonatos sejam liderados pelos atuais campeões: o Tottenham está na frente da Premier League, o Bayer Leverkusen na Bundesliga, o Lille no Francês, o Milan no Italiano e a Real Sociedad no Espanhol. Ano de pandemia, pré-temporada quase inexistente para algumas das potências, jogos em excesso e escassez de treinos e repouso vêm desfalcando times, cansando jogadores e provocando um futebol de qualidade abaixo da habitual. Nenhum time encantou até aqui.

Desajustes táticos no PSG x Barça

As incertezas dão o tom do PSG x Barcelona, badalado como um duelo Neymar x Messi. Ontem, o brasileiro celebrou o reencontro em suas redes sociai: “Nos vemos em breve, meu amigo?, escreveu Neymar. O brasileiro saiu com lesão no tornozelo do jogo contra o Lyon, no domingo. A suspeita de gravidade foi afastada pelo PSG e, por ora, fala-se em três semanas de ausência.

Mas o fato é que são, no momento, dois times cheios de desajustes táticos. Os franceses oscilam demais, são um time dependente de individualidades como Neymar e Mbappé, o que cria constante pressão sobre o técnico Thomas Tuchel. Já o Barcelona é, neste momento, apenas o embrião de sua tentativa de reconstrução de time. Resta saber o quanto Ronald Koeman fará este time evoluir até fevereiro. Não fosse pela magia de Messi, o time seria quase um azarão no mata-mata, algo raro na história recente do clube. E, por falar em interrogações, há quem levante dúvidas até sobre uma saída de Messi em janeiro. Nesta remota hipótese, o candidato a levá-lo seria justamente o PSG.

Já o Leipzig x Liverpool é a imagem da mais recente evolução do jogo: pressão ofensiva, ritmo frenético e busca incessante pelo ataque com a maior rapidez possível. É verdade que, como quase toda a Europa, o Liverpool não tem tido consistência e uma sequência de atuações em grande nível como na temporada passada. Mas foi impiedoso quando a ocasião exigiu, como nos 5 a 0 sobre a Atalanta, na Itália, ou nos clássicos contra Chelsea e Arsenal pelo Inglês. Por ora, uma praga de lesões deixa fora de combate o zagueiro Van Dijk e os meias Thiago Alcântara e Diogo Jota, criando uma corrida contra o tempo para recuperá-los.

A ausência de Van Dijk é uma das razões para um Liverpool mais exposto a times de transições rápidas às costas de sua defesa. E esta é uma das armas do Leipzig.

Bayern franco favorito

Por falar em atuações boas em jogos importantes, esta é a trajetória do Real Madrid de Zidane. O time jogava mal e o treinador balançava após as más exibições nas duas derrotas para o Shakhtar Donetsk e nas oscilações na liga espanhola. Até que o time renasceu quando se viu contra a parede: foi brilhante no jogo decisivo contra o Borussia Mönchengladbach na fase de grupos da Champions e bateu o Atlético de Madrid no clássico do último sábado.

Em tese, o sorteio não foi generoso ao colocar no caminho a Atalanta, que chegou às quartas de final da temporada passada com um jogo atraente. Mas é difícil dizer como este time chegará a fevereiro. Além de ter oscilado nos últimos meses, o elenco se vê abalado por um conflito tornado público entre o técnico Gian Piero Gasperini e o meia argentino Papu Gomez, homem de criação da equipe. Em suas redes sociais, o jogador escreveu ontem que todos saberão a verdade quando ele deixar a Atalanta.

O Real Madrid é favorito, mas talvez as expectativas mais desiguais estejam no Bayern de Munique x Lazio. Time a ser batido na Europa, o temível campeão da Champions tem visto adversários explorarem contragolpes para surpreender sua defesa, que joga adiantada. É uma das virtudes da Lazio de Simone Inzaghi, mas os alemães têm tudo para passar.

Outra clara favorita é a Juventus de Cristiano Ronaldo e do técnico Pirlo. Mas este ainda tenta aprimorar seu modelo de jogo, com um linha de defesa que varia entre três e quatro homens e um ataque povoado e móvel, com nomes como Cristiano, Dybala e Bernardeschi.

No papel, o Manchester City é favorito contra o Mönchengladbach, mas o time joga hoje, certamente, o pior futebol da era Guardiola no clube, mais conservador e com menos fluidez ofensiva do que o habitual nos times do catalão. E contra-ataque, que tem vitimado o City em torneios recentes, é uma arma do time alemão. No entanto, novamente, o hiato até fevereiro traz dúvidas: o técnico Marco Rose é cobiçado pelo Borussia Dortmund, que demitiu Lucien Favre. O mesmo Dortmund que fará um duelo provavelmente nivelado contra um Sevilla de quem se esperava mais até aqui.

Um promissor Chelsea x Atlético

Por último, Chelsea e Atlético de Madrid farão um confronto atraente. Frank Lampard ganhou um dos mais altos investimentos da Europa no mercado: quase 250 milhões de euros por nomes como Timo Werner, Kai Havertz e Zyiech, sem falar em Thiago Silva, sem custo de transferência. Mas seu time parece em formação e se verá diante de um Atlético com a tradicional força defensiva de Simeone e uma incógnita. O time vinha tentando ampliar sua força ofensiva: Renan Lodi perdeu lugar para Hermoso, um defensor usado na lateral, liberando o belga Carrasco para avançar pela esquerda. Os meias, como Saúl, tinham mais liberdade juntando-se a Suárez e João Felix. Mas, no clássico com o Real Madrid, foi novamente um time bem conservador. Serão dois jogos promissores.

 

Fonte: O Globo

 


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