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Especialistas dizem não ter dado aval à plano de vacinação



SÃO PAULO – Um grupo de especialistas que fez parte do comitê que assessorou o Ministério da Saúde na elaboração do plano nacional de vacinação contra a covid-19 – e cujos nomes constam na lista de colaboradores do documento – divulgou nota na noite deste sábado, 12, afirmando não ter sido consultado sobre a versão final do texto, tornado público neste sábado após o governo federal enviar o plano ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Nos causou surpresa e estranheza que o documento no qual constam os nomes dos pesquisadores deste grupo técnico não nos foi apresentado anteriormente e não obteve nossa anuência”, diz nota assinada por 36 especialistas do grupo técnico do eixo epidemiológico do comitê. O trabalho dos especialistas no comitê era dividido em dez eixos temáticos.

Sede do Ministério da Saúde em Brasília 16/07/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Sede do Ministério da Saúde em Brasília 16/07/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino

Foto: Reuters

Na nota, os pesquisadores dizem que ficaram sabendo da divulgação do plano pela imprensa. Eles destacam que, antes da divulgação do documento, haviam solicitado reunião com o ministério e “manifestado preocupação” com a retirada de grupos prioritários (presidiários foram removidos da lista de grupos que seriam vacinados) e com a não inclusão de todas as vacinas disponíveis que se mostrarem seguras e eficazes. O pedido havia sido feito na quarta-feira, 9, em outra nota pública divulgada pelo grupo.

No Twitter, uma das pesquisadoras reclamou da postura do ministério. Professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Ethel Maciel disse que nunca passou por uma situação parecida em 25 anos de carreira. “Nós, pesquisadores que estamos assessorando o governo no Plano Nacional de Vacinação da Covid-19, acabamos de saber pela imprensa que o governo enviou um plano, no qual constam nossos nomes e nós não vimos o documento”, escreveu ela, em sua conta na rede social.

Na nota divulgada neste sábado, os especialistas voltaram a cobrar que “todas populações vulneráveis sejam incluídas na prioridade de vacinação, como indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas, privados de liberdade e pessoas com deficiência”. Eles destacam ainda a necessidade de “ampliação do escopo para todos os trabalhadores da educação” (não só os professores) e a inclusão de funcionários de outros serviços essenciais.

Solicitam ainda ao governo federal “esforços do Ministério da Saúde para que sejam imediatamente abertas negociações para aquisição de outras vacinas que atendam aos requisitos de eficácia, segurança e qualidade, inclusive com laboratórios que reúnam condições de produção e oferta de doses de vacina e com outras empresas também com oferta de vacinas seguras e eficazes”.

Os pesquisadores destacam que “um atraso na campanha de vacinação significa vidas perdidas” e que é preciso utilizar a ciência para a tomada de decisão que norteará o que mais importa: a preservação de vidas. “Essa é a mais importante tarefa de nosso tempo e todos os esforços devem ser envidados para a sua realização oportuna, segura e efetiva”, diz o grupo. Procurado, o Ministério da Saúde ainda não se pronunciou sobre as afirmações dos especialistas.

 

Veja também:

A mulher de 90 anos que estreou vacinação contra covid-19 no Reino Unido

Estadão

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Fonte: Terra Saúde


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