As circunstâncias colocaram diante de Everton Ribeiro uma oportunidade ímpar na seleção brasileira. Pela primeira vez ele será titular, em um cenário no qual há possibilidade real de se firmar nos planos do técnico Tite para as Eliminatórias da Copa 2022.
O Brasil que enfrentará a Venezuela, nesta sexta-feira, às 21h30, no Morumbi, e o Uruguai, na terça-feira, em Montevidéu, não terá Coutinho. O meia do Barcelona está com uma lesão muscular na coxa e nem convocado foi.
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O treino de quarta-feira na Granja Comary, em Teresópolis, confirmou que essa lacuna será preenchida por Everton Ribeiro. O setor ainda contará com Allan e Douglas Luiz. O trio de ataque será Gabriel Jesus, Richarlison e Firmino.
Everton Ribeiro estreou pela seleção em 2014, no início da segunda Era Dunga. De lá para cá, o meia entrou em campo oito vezes com a amarelinha, sendo duas com Tite. Em nenhuma na condição de titular.
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Antes da estreia nas Eliminatórias, contra a Bolívia, a possibilidade de começar jogando se esvaiu à medida em que Neymar melhorou das dores nas costas. Se substituísse o craque, o papel de Everton Ribeiro seria diferente do que ele apresentará amanhã contra os venezuelanos. Neymar está, sim, fora de combate contra a Venezuela, mas, como substituto de Coutinho, o que Tite espera de Everton Ribeiro é o trabalho de articulação pelo meio.
Mas os flashes do treino de quarta-feira indicam que Everton Ribeiro não precisará ficar preso na faixa central do campo. Um gol que saiu durante a atividade teve cruzamento certeiro do meia para o lateral-esquerdo Renan Lodi. Everton estava na ponta direita, onde rende tão bem com a camisa do Flamengo. Essa versatilidade, inclusive, é um dos fatores que atraiu Tite.
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Além do vislumbre de uma parceria entre Ribeiro e Gabriel Jesus na beirada, o lance no treino confirma a proposta do técnico da seleção de dar liberdade para a chegada de Lodi ao ataque.
Apesar de uma seleção alterada por lesões e Covid-19, a perspectiva de desempenho fica clara no discurso de Gabriel Jesus, ao comentar a ausência de Neymar.
? Na seleção, todos têm que chamar a responsabilidade, não pode cair só nele (Neymar). Todos estão aqui por um porquê. A seleção demonstrou que pode jogar sem ele. Temos que chamar a responsabilidade, pois quem está aqui tem qualidade para fazer a seleção ganhar ? disse o atacante.
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Reescrever a própria história
A boa fase dá a Everton Ribeiro, já com 31 anos, a oportunidade de reescrever os capítulos de sua história relacionados à seleção. Até porque a concorrência passa por instabilidade. Na Copa América 2019, o substituto imediato de Coutinho foi Lucas Paquetá, reserva no jogo desta semana.
O primeiro chamado de Everton Ribeiro, em 2014, veio a reboque do brilho no Cruzeiro, que seria bicampeão brasileiro ao fim daquela temporada. Apesar de emendar duas convocações, entrando em três das quatro partidas, ele ficou fora das duas listas subsequentes. Nesse ínterim, jem 2015, transferiu-se para o Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos.
Dunga quebrou paradigmas ao convocar o jogador para a Copa América 2015, mesmo com ele atuando no Oriente Médio. Foi uma realização pessoal. Em campo, no entanto, o enredo passou longe de ser o ideal. O Brasil caiu nos pênaltis para o Paraguai, ainda nas quartas de final. Uma das cobranças desperdiçadas foi a de Everton Ribeiro. Na campanha, ele somou cerca de seis minutos em campo.
A partir de então, houve um hiato na relação com a seleção. Dunga caiu, Tite assumiu e, em 2017, quando o jogador chegou ao Flamengo, a perspectiva também era tentar chamar a atenção do comandante do Brasil. Embora o sucesso no rubro-negro fosse prioridade.
Dois anos depois, Everton Ribeiro conquistou Libertadores e Brasileirão pelo Flamengo. Assim, voltou ao radar da seleção.
? Era o meu objetivo, sim, todo mundo sabe. Quero muito continuar fazendo meu melhor trabalho para seguir tendo mais e mais oportunidades. E seguir com esse sonho, que é jogar uma Copa do Mundo? disse ele, na data Fifa passada.
Quando a Copa do Qatar começar, Everton Ribeiro terá 33 anos. Alcançar uma presença sólida na equipe até lá depende do alicerce que ele construir em jogos como o desta sexta.
Fonte: O Globo