Doménec Torrent completou 25 jogos no comando do Flamengo, e o saldo de gols sofridos chegou a 34. Média de 1,36 por jogo. Mesmo assim, o treinador não tem utilizado o pouco tempo de treinamento disponível para arrumar a defesa. Segundo O GLOBO apurou, as atividades têm como principal foco os exercícios de posse de bola. Quesito que o time do Flamengo tem se mostrado superior aos adversário, de fato. Mas o posicionamento do sistema defensivo não recebe orientações específicas em campo no Ninho do Urubu.

 

Em meio a sequência de falhas individuais dos jogadores do meio-campo para trás, a ênfase seria natural. Mas no treino de ontem, por exemplo, houve um coletivo, sem que as linhas de defesa tivessem alertas para a hora de subir e se aproximar. Os relatos indicam que raramente acontecesse esse tipo de atividade para o setor em particular. O que tem gerado questionamentos no contexto dos muitos gols sofridos, apesar das vitórias. Hoje e amanhã, antes do jogo com o Atlético-MG, Dome terá tempo para treinar todo o elenco de uma vez e exercitar a parte defensiva. O que normalmente não ocorre 48 horas depois dos jogos, quando os atletas estão mais cansados. Ficaria tudo para a véspera do jogo, quando Dome prefere atividades mais gerais com o time que vai estar em campo.

A comparação com o trabalho de Jorge Jesus volta à tona internamente. Todo dia o técnico português fazia um reforço para a defesa. Os seus auxiliares eram bandeirinhas dos jogos e direcionavam as movimentações defensivas. Corrigiam a hora da linha subir ou recuar, sinalizavam que o zagueiro deveria abandonar a linha e ir para o combate, etc. Hoje, pela falta de tempo para treinar, a função no Flamengo é exercida pelo lateral-esquerdo Filipe Luis. O jogador, que demonstra conhecimento tático acima da média, tem sido visto até durante os jogos dando esse tipo de orientação. Outro que tem voz ativa nesse sentido é o goleiro Diego Alves, apesar de hoje ser reserva. Com três competições em disputa, os treinos específicos ficam de lado. Pois quase não há semana livre.

Na comissão de Dome, os auxiliares Jordi Guerrero e Jordi Gris não possuem essa função. Guerrero é o homem das bolas paradas. E Gris das avaliações técnicas individuais dos adversários. No fim das contas, Dome centraliza o planejamento das atividades e aplica a sua metodologia, espantado com o calendário brasileiro. Embora tenha tido voto de confiança do grupo pelos conceitos apresentados, na prática a rotina de trabalho do técnico ainda precisa que os jogadores tomem para si as decisões, sem a certeza sobre como o chefe gostaria da execução. Entre a diretoria, o discurso segue com apoio total a Dome.

?O Dome não tem nem cem dias trabalhando aqui. Desde que a comissão técnica chegou, o Flamengo teve oito desfalques por partida. As análises precisam ser feitas em cima dessas dificuldades. Não só o Dome, mas tudo. Estamos no caminho certo. Conseguimos bons resultados. A gente precisa chegar nesses resultados com mais segurança. Temos como corrigir ? disse o vice de futebol Marcos Braz.