Protagonista habitual de jogos com muitos gols, o Flamengo ontem poderia até se orgulhar de ter mantido sua capacidade criativa com a bola e de ter, em boa parte do jogo, defendido melhor. Mas voltou a apresentar erros individuais, alguns em saídas de bola, outros por aparente desconcentração. Num jogo em que controlou a primeira etapa e reduziu ritmo na segunda ? possivelmente por causa da maratona ?, bateu o Athletico por 3 a 2 e passou às quartas de final da Copa do Brasil.

Embora redundante, o primeiro ponto a destacar do jogo é Pedro. O que chama atenção é a multiplicidade de formas com que consegue ser decisivo. O mais evidente é falar dos gols, e ele os faz de diversas maneiras. Ontem, fez o primeiro com controle, proteção da bola e um chute de muita categoria; e o segundo num lance típico do centroavante do último toque.

 

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Mas Pedro também oferece o apoio de costas para o gol quando o time tenta sair de trás: é referência para o passe longo, pelo alto ou por baixo, permitindo ao time se aproximar. E tem bom passe, condução da bola, associação com os companheiros. Ao menos no futebol doméstico, é o mais completo do país.

Outra questão do jogo é o alerta de que no futebol, por maior que seja o domínio, o resultado pode escapar num instante. E este Flamengo, sempre capaz de criar chances quando tem a bola, tem fabricado estes momentos. Ontem, novamente o fez em saídas de bola. Resta entender se são puramente erros técnicos ou se foram forçados por uma questão de um sistema em desenvolvimento: ou seja, porque o time ainda precisa evoluir ao criar opções de passe claras.

Erros do árbitro

O Flamengo vencia por 2 a 0 e era absoluto quando Thiago Maia errou um passe e obrigou Léo Pereira a se recuperar. A arbitragem, equivocadamente, deu um pênalti corrigido pelo VAR. Mas em seguida foi Hugo quem errou um domínio e foi salvo pela falta mal marcada pelo árbitro. Parecia lance de gol do Athletico, que logo marcaria em erro de Arão.

Mas o VAR ainda invalidaria, com acerto, um lance que seria valioso no debate vigente sobre a saída de bola. Em geral, conservadores que somos, condenamos a saída através de passes quando um erro conduz a um gol rival. Mas não contabilizamos os chutes longos que devolvem a bola a adversários, tampouco lances como o de Thuler no segundo tempo. Pressionado, ele insistiu na jogada e, com bom passe, iniciou o lance que terminaria no golaço invalidado de Thiago Maia.

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O Flamengo fazia um jogo seguro no primeiro tempo, permitia poucos contragolpes ao Athletico e controlava o rival com uma nova formação de meio-campo: Arão como primeiro volante, Thiago Maia e Gerson como meias. Se deu sinais de melhora sem bola, voltou a ter erros pontuais ao sair jogando e outros por desconcentração, como no segundo gol do Athletico, já no fim do jogo, com o confronto virtualmente decidido.

Com a bola, o time exibe repertório. Fez o primeiro gol numa construção paciente, sobrecarregando um lado do campo até a inversão para a esquerda, de onde Matheuzinho achou Pedro. Depois fez o segundo numa recuperação de bola seguida de um avanço em poucos passes. Na segunda etapa, quando diminuíra o ritmo drasticamente, Lincoln e Bruno Henrique construíram o terceiro gol, feito por Michael, garantindo a classificação.