Censurada mas não vencida. Assim se sente Carol Solberg após ter sido punida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Voleibol.
A jogadora, que foi advertida pelo “Fora Bolsonaro”, dito após uma partida do Circuito Brasileiro do Vôlei de Praia, não pode mais se posicionar sobre política nas competições, uma vez que o tribunal deixou claro que se isso ocorrer ela terá pena mais dura.
Análise:Punição a Carol Solberg não encerra debate sobre liberdade de expressão no esporte
Por isso, sua defesa já decidiu que entrará com recurso na segunda instância do STJD até quarta-feira. Eles querem a absolvição.
A jogadora e sua defesa acreditam que a liberdade de expressão dos atletas durante suas competições é pauta mundial e que esse caso pode ser um verdadeiro marco em termos de política esportiva em todo o mundo, como foi o “Caso Bosman”, que provocou a extinção do “passe?.
Ela conversou com O GLOBO:
Como se sente com o resultado do julgamento?
Me sinto censurada com a advertência. Dei uma entrevista após o jogo, meu desabafo foi genuíno. Difícil ver tudo que está acontecendo sob esse governo e se calar. Um governo com uma política totalmente covarde com as minorias, que está destruindo nosso meio ambiente, que faz apologia a torturadores, que ameaça à imprensa, que tem desprezo total pela nossa cultura e nossos maiores artistas, que ri da nossa cara e mente descaradamente. Ser julgada e advertida por me expressar me deixa com o sentimento de censurada sim.
O que te deixou mais chateada? E o que te deixou mais satisfeita?
Achei lamentável a forma como foi conduzido o último voto, foi extremamente machista e desrespeitoso. Mas fiquei feliz em ver que tinham pessoas ali com um olhar realmente justo para aquela situação.
Ficou claro durante o julgamento que o tribunal te julgará de forma mais dura se você voltar a falar sobre política durante as competições. Como classificaria esta situação?
Classifico como censura.
O presidente do STJD falou “espero que ela tenha aprendido a lição”. O que você “aprendeu” deste episódio?
Aprendi que é fundamental a gente se colocar, ainda mais nesses tempos sombrios que estamos vivendo.
Você pretende se manifestar politicamente novamente? Em que situação?
Quero poder me manifestar sempre que sentir vontade e achar necessário.
Como você foi recebida em Saquarema para a segunda etapa da competição? Você foi mais acolhida ou mais criticada? O que os outros atletas te falaram? O que te chamou a atenção?
Não, ninguém falou nada sobre o episódio. Acho que todos preferem evitar assuntos polêmicos.
O que você acha que precisa acontecer para que os atletas tenham mais liberdade de expressão enquanto estão competindo?
Acho que os atletas precisam se posicionar e lutar para ter voz.
Você acredita que os atletas em geral estão preparados para “esta briga”? Por que?
Espero que sim.
A Carol está mais forte?
Eu com certeza estou mais forte e tenho certeza que escolher um lado da história é sempre melhor do que ficar em cima do muro.
Fonte: O Globo