Já se passaram 14 anos desde que o Athletico surpreendeu ao contratar o alemão Lothar Matthaus como técnico. Longe de ter sido o primeiro estrangeiro a trabalhar no país, mas trata-se de um caso emblemático: A passagem foi tão curta ? apenas oito jogos em 2006 ?, que deixou uma mensagem de que dificilmente treinadores de outros países conseguiriam se adaptar ao futebol brasileiro. A onda estrangeira viria menos de uma década depois, quando o 7 a 1 para a Alemanha colocou a reputação dos brasileiros na berlinda e os clubes sentiram a urgência de oxigenar os quadros de comando. Ricardo Sá Pinto, apresentado ontem pelo Vasco, é mais um a surfar nesta onda, e sabe que paciência distingue o sucesso das tentativas frustradas.

 

? É preciso de tempo para desenvolver um trabalho, mas não temos tempo. Sei que estamos a sete jogos sem vencer e necessitamos nos reencontrar no campeonato. No entanto, peço paciência aos torcedores. São necessários compreensão e tempo para progredir num trabalho. Tanto para eu passar as ideias de jogo, quanto para os jogadores a assimilarem ? afirmou o português, 18º estrangeiro a trabalhar no Brasil desde 2010.

Tecnicos estrangeiros no futebol brasileiro Foto: Editoria de arte
Tecnicos estrangeiros no futebol brasileiro Foto: Editoria de arte

Nos últimos dez anos, via de regra, estrangeiros desembarcaram no Brasil para comandar elencos de primeira linha. Mas nem todos conseguiram as vitórias necessárias. Nos casos de Jorge Jesus e Jorge Sampaoli, eles conseguiram não só vitórias à frente de Flamengo (o português), Santos e Atlético (o argentino), como foram superiores aos adversários. De certa forma, repetiram o domínio tático que os alemães impuseram ao Brasil e que passou a ser o objeto de desejo, ainda que implícito, de todo dirigente que mira a contratação de um estrangeiro.

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Bom elenco, às vezes, não é o bastante. O maior exemplo disso é o São Paulo. O uruguaio Diego Aguirre tinha o segundo elenco mais valioso em 2018 e foi demitido. Juan Carlos Osório e Edgardo Bauza saíram para treinar seleções, mas tampouco tinham números que empolgavam a torcida tricolor em 2015 e 2016, respectivamente. O que remete à necessidade de estabilidade interna para o técnico trabalhar ? o que, no Morumbi, há anos não existe.

Os técnicos que tiveram nas mãos elencos medianos e não conseguiram resultados extraordinários foram rapidamente limados. Este ano, o português Jesualdo Ferreira não passou de 15 partidas no Santos. Ricardo Gareca, em 2014, foi demitido depois de 13 jogos no Palmeiras. Augusto Inácio, português contratado pelo Avaí no começo deste ano, durou míseras sete partidas.