Mais do que um impulso no time que atualmente é penúltimo na Série B, a contratação de Luiz Felipe Scolari como técnico do Cruzeiro é uma aposta da diretoria para dar uma guinada no momento do clube, como um todo. Episódios recentes escancaram a dificuldade de gestão e colocam à luz mazelas deixadas pelas gestões anteriores.
Os tropeços em campo têm sido recorrentes. Fora dele também, apesar do esforço da diretoria atual para estancar a sangria e não se afogar em mais dívidas.
Substituto de Ney Franco, Felipão será o terceiro treinador do Cruzeiro na Série B e assinou até o fim de 2022. Mas ninguém sabe se até lá o clube poderá registrar novos jogadores. Além da pena vigente no processo envolvendo o Zorya (UCR), que cobra uma dívida pela compra do atacante Willian Bigode, o Cruzeiro já tem em mãos mais uma ameaça.
A Fifa avisou que, se o clube não pagar o que deve ao Unión Florida (ARG), referente ao mecanismo de solidariedade pela contratação do atacante Ramón Ábila, mais uma proibição de registro de jogadores será aplicada. Isso valerá a partir da próxima janela, em janeiro.
É uma dívida internacional que deixa a campanha na Série B ainda mais complicada: o Cruzeiro começou com seis pontos a menos porque não pagou o Al Wahda (EAU) pelo empréstimo do volante Denílson, em 2016.
Fora de campo, a reestruturação liderada pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues, eleito para um mandato até 2023, teve mais obstáculos. Excluído definitivamente do Profut pela Autoridade Pública de Governança do Futebol (APFut), o Cruzeiro se frustrou diante de um veto do presidente Jair Bolsonaro. Ele derrubou um artigo da lei de socorro ao esporte durante a pandemia que viabilizaria o retorno ao parcelamento a quem já foi excluído. Fora do Profut, o Cruzeiro fica sujeito a execuções de dívidas acumuladas junto à União superior a R$ 300 milhões.
O Cruzeiro fechou maio com déficit de R$ 259 milhões. O endividamento se aproximava de R$ 1 bilhão. Segundo Sérgio Santos Rodrigues, a sobrevivência tem sido via marketing e a venda de jogadores.
A denúncia feita pelo Ministério Público de Minas Gerais contra o ex-presidente Wagner Pires de Sá, o ex-vice de futebol, Itair Machado, e mais sete pessoas é um passo rumo à responsabilização de quem lesou o Cruzeiro ? segundo as investigações, em R$ 6,5 milhões.
A denúncia, apresentada pela 11ª Promotoria de Justiça de BH, relata crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa. Além deles, foram denunciados o ex-diretor Sérgio Nonato, os empresários Wagner Cruz, Carlinhos Sabiá e Cristiano Richard, além de Christiano Araújo (ex-presidente do Ipatinga), Fabrício Visacro (ex-assessor de futebol), e Ivo Gonçalves, pai de Estevão William, o Messinho.
O time enfrenta o Juventude nesta sexta-feira, às 21h30, em BH.
Fonte: O Globo